quarta-feira, 25 de outubro de 2017

CRÔNICAS LUSITANAS (7) – AMARANTE, LAMEGO, VISEU

Vista geral do entorno da Igreja de São Gonçalo (à direita)


Saí de Guimarães com aquela vontade de voltar, mas a estrada nos esperava. Não conhecia nada de Amarante, nossa próxima parada, nem mesmo a associação de São Gonçalo, padroeiro da cidade, à fertilidade e seu poder como casamenteiro das mulheres, digamos, maduras. Por conta desta crença, um dos doces típicos do local, exposto nas vitrines, certamente seria o escândalo de algum censor, desses que andam por aí. A mim, particularmente, a estética da guloseima não agrada, prefiro as sutilezas, mas, se há quem a aprecie, então que deixem as vitrines atiçarem a imaginação e provocarem as risadinhas da mulherada.

 Depois de visitar São Gonçalo e pedir sua bênção (sabe-se lá...), dei uma volta pelos arredores. Como estávamos fazendo apenas uma breve parada, não fui muito longe. A igreja e as construções vizinhas, em ambas as margens do rio, são bem bonitas.

Fachada da Igreja de São Gonçalo






Na outra margem do rio






 Amarante é a terra de Fernão de Magalhães, aquele da circum-navegação (o infeliz morreu nas Filipinas e, lendo este texto do link, penso que sua história daria um filmaço). Daqui não se vê o mar que Magalhães desafiou, mas um rio, no caso, o Tâmega. O visual da região até é bonito, ainda que o rio me parecesse um tanto poluído. Pesquisando agora, vejo neste artigo que é isso mesmo. Recordo que no Peru também vi cartazes em protesto pela poluição do majestoso Rio Urubamba, que corta o Vale Sagrado dos Incas. Pois é... a destruição da natureza, pela cobiça ou descaso, não tem cor, credo ou nacionalidade. 



Um café, um docinho típico (não aquele safadinho, mas outro, mais discreto), mais um pastel de nata para revigorar, e vamos em frente. Seguimos pela Serra do Marão onde há um extenso túnel, uma das muitas obras que Portugal recebeu após ingressar na União Europeia. As estradas, aliás, são perfeitas. 
 
Café com vista para o Tâmega. Seria bem mais agradável se o rio não fosse poluído.
Túnel da Serra do Marão, com mais de 5 km de comprimento, aberto em 2016. 
  



Lamego, de que eu também nada sabia, deveria ser uma breve parada, segundo o roteiro, mas por algum motivo nos demoramos cerca de duas horas por lá. Almoçamos um bom cabrito e o tempo que nos restou era longo para esperar, mas curto para visitar o Santuário de N.Sra. dos Remédios, encarapitado no alto de um morro. A construção se assemelha ao Santuário de Braga. Parece ser muito bonita, mas um palco montado na praça encobria sua visão.


Consegui visitar a Sé de Lamego, do século XII, e os arredores. No alto de um morro, a torre de um castelo medieval atiçando minha curiosidade.













O Museu de Lamego tem também uma bonita arquitetura. O pátio interno me lembrou nosso Paço Imperial, na Praça XV, Rio de Janeiro, onde se instalou D.João VI e sua Corte, no século XIX. Encontrar o Brasil em Portugal acontece com frequência. É a História viva. 






Chegamos ao destino desse dia de excursão: Viseu, cidade natal de um famoso pintor português, Grão Vasco, nome bastante sugestivo para uma carioca flamenguista. Dormi com um Príncipe Perfeito. Não, não se trata de um milagre express de São Gonçalo de Amarante, apenas o curioso nome do charmoso hotel. 
O Príncipe Perfeito de Viseu

 O Príncipe fica um tanto afastado do Centro, mas a cerca de 20 minutos a pé de um paraíso para atletas e esportistas: uma imensa loja da Decathlon.  Encarei a caminhada até lá em busca de um abrigo impermeável, com capuz, já que a previsão era de chuva na outra etapa da viagem. Só consegui um laranja berrante. Pelo menos, se me perder na neve, na floresta, no mar, ou onde for, me encontrarão. 
Decathlon Viseu: um mundo de artigos esportivos, mais baratos do que no Brasil (foto da internet)

Gostei do pouco que vi da cidade: uma encantadora praça, com bonitos arranjos de flores, belos painéis de azulejos, arte em que os portugueses são mestres. E uma agradável rua de pedestres, com um simpático café, que, claro, não dispensei antes de seguir rumo à ultima etapa dessa jornada. 










 


  
 
Modernidade no Centro Histórico. Carro elétrico abastecendo.




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