E o tempo conta por
essas terras desde 308 a.C., com a presença dos Celtas. Depois vieram os
Romanos, os Visigodos e os Mouros, até que no século XII, em 1148, D. Afonso
Henriques tomou Óbidos. A data, 11 de janeiro, é feriado municipal.
O interior do
castelo não é aberto à visitação, imaginava eu que por motivo de segurança, por
não estar preservado. Vê-se, aliás, vestígios de obras no entorno,
provavelmente de manutenção.
No entanto,
pesquisando para este texto, descobri que nos anos 1950 foi transformado numa pousada. Que tal um pernoite
ao estilo dos reis? Não tão próximo de Lisboa como Sintra, Óbidos (a 80km da
capital) também é de fácil acesso, tanto por carro, ônibus (autocarro) ou trem
(comboio). Ou seja, mesmo por conta própria, dá para conhecer essa joia
portuguesa (veja aqui)
num bate e volta e até curtir algum dos eventos
locais.
Igreja de Santa Maria, matriz de Óbidos |
Exigiu um certo esforço, mas consegui subir na muralha |
Depois de testar o
fôlego e a habilidade de subir em muros seculares, segui com a excursão rumo a Fátima,
não sem antes tomar uma dose de ginjinha no
copinho de chocolate (1 euro). Delícia!
No caminho para
Fátima está uma das construções mais magníficas que vi na vida: o Mosteiro da Batalha, como é conhecido o Mosteiro de Santa Maria da Vitória. Um pecado o
roteiro da Abreu não dedicar um tempo maior a esse incrível monumento da arte e
do sacrifício humanos, Patrimônio da Humanidade pela UNESCO desde 1983, e onde
está sepultado o Infante D.Henrique, “O Navegador”.
Ainda da autoestrada
tem-se a visão das soberbas torres góticas. Um misto de susto e surpresa para
os desavisados. Sua construção durou mais de 150 anos e é fruto de uma promessa
feita pelo rei D. João I, em agradecimento pela vitória na batalha de
Aljubarrota, em 1385.
Suas paredes e colunas parecem rendas delicadas, bordados
minuciosos.
Tive de me contentar
em vê-lo por fora e parcialmente a igreja. O acesso aos claustros e jardins e
às chamadas Capelas Imperfeitas (inacabadas, mas pura perfeição!) levaria mais
tempo que o disponível. Estas fotos são de 2007.
Digerindo alguma
frustração, vamos em frente. O roteiro é longo e cobre boa parte do território
português.
O Santuário de Fátima é um destino obrigatório nas excursões portuguesas e
se justifica pelo significado religioso, num país católico. Beleza
arquitetônica não é seu forte, convenhamos, ainda mais para quem acabou de
passar por Batalha. Mas, crente ou não, vale aproveitar a visita para alimentar
o espírito, a alma, acalmar a mente, sendo conveniente, para isso, convocar a
paciência, caso pretenda embarcar na compra de lembrancinhas.
Depois do espírito,
o intelecto. Coimbra foi capital de Portugal até 1256 e sua Universidade é a
mais antiga do país, fundada em 1290. O rio Mondego está para ela como o Tejo
está para Lisboa. A grande vantagem de lá ter voltado foi poder visitar a Biblioteca
Joanina (visita pré-agendada pela agência Abreu e se perder o horário, já era!).
Impressionante, com suas centenas de livros seculares e estantes revestidas com
folhas de ouro. A belezura só pode ser admirada, nada de fotos. Mas você pode
fazer um tour virtual 360º aqui. Vale a
pena, garanto.
Parece lenda, mas é
verdade: o controle de pragas que poderiam danificar os livros é feito por
morcegos. Bem escondidinhos de dia, à noite eles saem à caça de minúsculos
insetos. O que eu não daria para assistir a esse espetáculo!
Mais uma vez achei o
Brasil em Portugal. Fiquei pensando no Real
Gabinete Portuguez, aqui pertinho, no
Centro do Rio, visita tantas vezes programada e sempre adiada.
A fachada da biblioteca sendo restaurada |
O Rio Mondego ao fundo |
Em Coimbra,
visitamos ainda a capela da Universidade, outro exemplo da fina arte
portuguesa. Minha cabeça de cinéfila já fica imaginando uma cena de casamento
ali, com a noiva, depois da cerimônia (ou, quem sabe, fugindo dela) esvoaçando
pelo imenso pátio. Será que alguém já filmou uma sequência assim?
Rumamos depois para
a cidade do Porto, da qual guardava ótimas lembranças. Bem, como disse na
primeira crônica dessa série, muita coisa estava mudada. A cidade com um
trânsito que beira o caótico, motoristas que nem sempre respeitam a
sinalização, cruzamentos confusos, além de obras e tapumes, ou seja, um tanto
tenso caminhar pelas ladeiras que levam à Ribeira. Mas consegui testar meu
sentido de orientação e encontrar lugares guardados na memória. No próximo
capítulo.
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