sábado, 22 de outubro de 2011

FESTIVAL DO RIO 2

As tão esperadas sessões do filme de Scorsese sobre George Harrison, no Odeon, acabaram não acontecendo no horário programado.


O Festival do Rio está precisando rever sua polítca de relacionamento com o público.
Muitos protestos no Facebook...

E eu, perdi o valor do ingresso e, pior, a chance de ver o filme.
Agora é torcer para que entre em cartaz, pelo menos por alguns dias, já que nem na repescagem está.

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

FESTIVAL DO RIO

O Festival do Rio parece estar mais do nunca antenado com os temas que marcam nosso tempo: intolerância, racismo, preconceito, clandestinidade, imigração ilegal... Na verdade, não são temas novos, mas amplificados e reeditados com roupagem de pós-modernidade, de mundo globalizado.

Inicialmente, eu estava com a sensação de ter escolhido (às vezes por conveniência de horário/local) os filmes mais fraquinhos entre os mais de 400 disponíveis. Mas acabei conseguindo assistir (em alguns casos sem precisar enfrentar longas filas) a alguns filmes que valem a pena. Bem, este é meu balanço até agora:

CHANTRAPAS fala de fazer cinema, de censura, e vem da Geórgia, aquele país que já fez parte da extinta URSS (uma das camisas mais charmosas do futebol, com aquela enigmática sigla CCCP). Tudo isso me despertou interesse. Mas o filme fica aquém do que promete a sinopse. Logo no início a amiga do diretor do filme que existe dentro do filme pergunta se é aquilo mesmo que ele quer mostrar, se não seria melhor eliminar algumas cenas (por conta de problemas com a censura). Bem, me parece que o diretor de Chantrapas sabia o que queria mostrar, mas não teve sucesso na empreitada. São 2 horas que caberiam em 20 minutos, já que, apesar de ter algumas sequências bonitas, a narrativa não flui e fica difícil para o espectador se sensibilizar pela trajetória do cineasta rebelde.

VIAGEM A PORTUGAL é assim meio experimental. Tem uma fotografia em P&B, com o branco estourado, chapado. Em alguns momentos me fez lembrar Alphaville (Godard, 1965) com seus cenários frios, nus, angustiantes. Um tema também interessante: uma bela jovem ucraniana desembarca no aeroporto de Faro (Algarve, Portugal) a fim de passar o réveillon com seu marido, mas acaba detida. O marido, um médico senegalês que aguarda regularizar sua situação em Portugal, vai ao seu encontro e, em vez de solucionar o problema, consegue complicar ainda mais a situação. Tudo em nome de uma política de segurança e de normas e ordens superiores. O diretor e roteirista Sérgio Tréfaut faz um filme nada convencional, mas a “ousadia” por vezes torna-se um fim em si mesma, não garantindo um envolvimento maior do espectador. Um exemplo: ao estilo Gus Van Sant, em Elefante (2003), o mesmo diálogo é repetido em ângulos diferentes, mas o efeito está longe do conseguido pelo diretor norte-americano. Contudo, é uma história que vale a pena ser contada, especialmente por ser baseada em fatos reais. E Tréfaut teve a sensatez de não ultrapassar os 75 minutos de projeção.

O MOINHO E A CRUZ é sem dúvida uma experiência estética bastante forte. Requer paciência, mas a beleza das imagens, apesar de algumas extremamente fortes, prende a atenção. De fato, ver uma pintura flamenga ganhar vida, com todos aqueles detalhes, impressiona. A visão do interior do moinho, com suas imensas engrenagens, é impactante. Ao reproduzir uma tela do século XVI (The Way to Calvaire, de Pieter Bruegel), o filme faz uma reflexão sobre a religião, a opressão, os valores morais. Um filme especialmente interessante para os amantes das Belas Artes.

TIRANOSSAURO – é aquele cinema ao qual estamos acostumados, com roteiro, montagem, diálogos, atuações fortes. Mas isso não o coloca na prateleira das mesmices. Seguindo os passos de Ken Loach, o diretor mostra, sem nenhuma compaixão, toda a violência que pode estar dentro de um ser humano. Acerta ao contrapor dois personagens de vidas opostas, mas que se identificam em sua dificuldade em lidar com a vida, oprimidos por situações passadas ou atuais. Palmas para Peter Mullan (que também atuou em Meu nome é Joe, de Loach) e Olivia Colman, que conseguem colocar em suas atuações doses certas de contenção e raiva.

AS NOVE MUSAS – sou tentada a dizer “prefiro não comentar...”. As boas e literárias intenções do diretor resultam num filme que se arrasta por entediantes 92 minutos. Musas nada inspiradoras...

TERRAFERMA – beleza que explode na tela, afinal é a Itália! Mais um filme sobre a questão de imigrantes ilegais em busca de novas chances para viver. O diretor Emanuele Crialese escorrega aqui e ali ao querer tocar em muitas questões, que acabam não muito bem resolvidas (como a poluição das praias e a mobilização dos pescadores), parecendo deslocadas (talvez, se assistir ao filme por uma segunda vez, eu reveja esta impressão...). De qualquer forma, isso não chega a comprometer a história de uma família que se vê confrontada com a chocante realidade que entra em suas vidas sem pedir licença. É uma bela obra para fazer repensar valores, crenças, opiniões e como o amadurecimento de um jovem ingênuo pode se dar de forma radical e dolorosa, num mundo de instabilidades e desigualdades.

ATÉ A CHUVA – nota dez, bonequinho aplaudindo de pé, 4 ou 5 estrelas, enfim, todos os elogios para esse filmaço que merece uma postagem só para ele.

Hoje, um descanso de temas ásperos: estarei imersa por mais de três horas no mundo de George Harrison, que, aliás, foi um homem preocupado com todas essas questões. Pelas mãos de Martin Scorsese só posso esperar um belo filme, um sensível e competente retrato de um homem que – me perdoem os que negam a existência dos “gênios” – foi dotado de genialidade e sensibilidade. Serei novamente a adolescente Cristina Harrison, beatlemaníaca, agora com a vantagem de saber mensurar melhor o valor de pessoas como George. While my guitar gently weeps...


quinta-feira, 6 de outubro de 2011

COLÓQUIO ESPIRAL TERRA, MUNDO BRASIL

Divulgando evento na Fundação Casa de Rui Barbosa:

A Fundação Casa de Rui Barbosa (FCRB), a Escola de Comunicação da UFRJ e a Universidade Nômade promovem o colóquio Espiral Terra, mundo Brasil. O evento, com entrada franca, acontece no dia 6 de outubro, às 14 horas, na sala de cursos da FCRB. Mais informações: 21 3289-4636 e politica.cultural@rb.gov.br.

A série tem como objetivo contribuir para o mapeamento dos desafios mais urgentes para as políticas públicas de cultura no Brasil, a partir do entendimento de que o movimento da cultura permite enxergar as novas condições gerais do trabalho e não apenas as especificidades culturais. Trata-se de apreender os direitos como condição para que a nova qualidade (cultural, comunicativa, lingüística) do trabalho não se limite à fenomenologia de uma nova servidão, mas atualize seu potencial de liberdade. A noção de Espiral Terra é inspirada na tese de livre-docência Espiral Terra - poéticas contemporâneas de língua portuguesa (USP, 2011), de Mauricio Salles Vasconcelos.

Organizado pelos pesquisadores Giuseppe Cocco (Universidade Nômade), Lia Calabre (FCRB), Mauricio Siqueira (FCRB) e Emerson Mehry (UFRJ), o evento é composto de oito encontros que acontecem às quintas-feiras ao longo de 2011.

VI Colóquio:

:: Espiral Terra, Novos Mapas

Mauricio Vasconcelos (USP)
Rodrigo Gueron (Uerj e Universidade Nômade)
Bruno Tarin (Universidade Nômade)
Marcus Faustini (Secretaria de Cultura do estado do Rio de Janeiro)

http://www.casaruibarbosa.gov.br/interna.php?page=materia&ID_S=9&NM_Secao=not%C3%ADcias&ID_M=2123

sábado, 1 de outubro de 2011

Yahoo censura protestos nos EUA

Reproduzo notícia veiculada pelo Boletim do Núcleo Piratininga de Comunicação-NPC. Como se vê, a rede mundial de computadores não é o território livre que muitos imaginam.


Usuários do correio eletrônico Yahoo não puderam enviar mensagens que mencionavam a palavra "protesto" relacionada com o ocorrido neste final de semana em Wall Street, em Nova Iorque. As mensagens convidando para as atividades do "Occupy Wall Street" foram bloqueadas pelo sistema de filtros do Yahoo. "Sua mensagem não foi enviada. Sua conta de usuário está associada com uma atividade suspeita", avisava o sistema. Os representantes do Yahoo declararam que não sabiam que as mensagens eram bloqueadas e pediram desculpas pelos transtornos ocasionados. A mobilização "Occupy Wall Street" foi convocada através da internet. Os organizadores dos protestos contra o sistema financeiro norte-americano pedem uma "mudança radical" e afirmam que o sistema capitalista sempre foi baseado na desigualdade.

* Tradução de Sandra Luiz Alves.