Uma história
sobre a sedução do poder e do que um respeitável homem de negócios é capaz de fazer
mantê-lo. Richard Gere encarna o executivo Robert Miller, papel que lhe cai
muito bem, espantando para longe o estereótipo de bom-e-belo-moço.
O bem
sucedido, exemplar, pai de família Miller é ele próprio um personagem, representando
constantemente, num teatro onde altas cifras movimentam cada cena. Tudo em sua
vida é perfeito, correto, desde os assépticos escritórios aos jantares em
família. Tudo funciona como uma engrenagem sobre cujo funcionamento Miller
acredita ter total controle.
Mas, mesmo
para um homem poderoso como Miller, a vida pode trazer surpresas que vão
obrigá-lo a tomar atalhos, desvios, fugindo de sua trajetória milimetricamente
programada. Um paralelo com a situação da economia mundial, aparentemente
sólida em alguns países, mas cujas bases frágeis têm sido ultimamente expostas,
denunciando um sistema não tão confiável como a mídia nos apresenta. Evocando o
velho Marx, tudo que é sólido ameaça desmanchar no ar.
Um acidente
de carro e a morte da amante desequilibram o esquema programado por Miller e
ameaçam uma bilionária negociação prestes a ser fechada. Afinal, ele não tem o controle sobre tudo,
como imagina. Para retomar este controle, Miller lançará novas cartadas,
envolvendo na trama pessoas de fora do elegante círculo onde transita. Nesse
jogo de aparências, onde tudo pode ser usado contra ou a favor, pessoas que se
acostumaram a ser apenas a sombra do vitorioso e respeitado executivo, irão surpreendê-lo,
como aprendizes que superam seus mestres.
Na trilha
sonora, João Gilberto embala os encontros de Miller com a amante (Laetitia
Casta). Susan Sarandon conduz com elegância e confiança o papel de esposa
perfeita e Tim Roth é um investigador hábil em conquistar a cumplicidade do
espectador. O jovem Nicholas Jarecki mostra competência nesse seu primeiro
longa, vamos ver o que nos trará em seus próximos trabalhos.
A Negociação (Arbitrage)
Polônia/EUA, 2012, 107
min.
Direção: Nicholas
Jarecki
Classificação: 14
anos (Violência, drogas ilícitas)
2 comentários:
Oi Teresa,
Gostei do filme. Só achei que o final podia ser mais contundente, menos arrumadinho. Mas saí satisfeita do cinema. Os atores estão ótimos.
Bjs
Concordo com vc, Bia. Não é um filme impactante - como Rota Irlandesa, por exemplo - mas cumpre o que se propõe. O estreante diretor terá mto tempo pra confirmar seu talento. Bj!
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