Nesses tempos em que o real e o virtual se confundem, viajar ganha um
sentido a mais. Viajando, vemos (se temos os olhos atentos) de perto o que
salta das telas de LCD que inundam nossas vidas. Vemos um Brasil em movimento.
A expressão “paraíba de obra”* nunca fez tanto sentido.
Prédios altos e novas construções próximos à orla |
O Brasil está em obras. Construções por toda parte. Os prédios, cada vez
mais altos, sobem em cada esquina. A cidade de Recife, por exemplo, vista do
alto, parece um paliteiro. Em João Pessoa não é diferente, guardadas as
proporções. Uma Paraíba de obras.
Não vamos empreender uma cruzada contra o crescimento – econômico ou de
prédios – mas é preciso repensar esse crescimento, em vários sentidos. No caso
do cimento/tijolo, como as cidades estão tratando seus moradores? Estão mais
humanas, favorecendo a sociabilidade? Os engarrafamento, a poluição (sonora,
visual, do ar) nos dizem que não.
A administração de João Pessoa, sabiamente, limitou em 4 andares as
construções na orla. As que excedem este limite – creio que apenas três – são
antigas. Há também muitas casas, ainda (tomara que para sempre) nas Avenidas Almirante
Tamandaré e Cabo Branco. O sol dos banhistas está garantido até o final do dia.
A ventilação e a leveza da paisagem também.
Hotel Tambaú Tropical avança pela areia da praia |
Uma construção antiga que destoa totalmente da paisagem da mais badalada
praia da cidade é o Hotel Tropical
Tambaú, um monstrengo inaugurado em 1971. Apesar de ser o hotel de luxo da
cidade, onde se hospedam artistas e políticos famosos, o prédio é extremamente
feio por fora, nem mesmo um jardim enfeita a parte externa que dá para a
Avenida Tamandaré e que mais parece um túmulo gigante.
Não entrei no hotel, mas
fui conferir a parte que dá para a praia – ele literalmente invade a praia – e o
que a gente vê não agrada nadinha. Lembra aquele ditado, ao contrário: “por
dentro bela viola, por fora pão bolorento”. Não sei não, mas acho que daqui a
alguns anos vão acabar implodindo ou reformando o Tambaú Hotel não apenas por
questões estéticas, mas para se adequar às normas ambientais.
Praia de Tambaú, vista do terraço do Hotel Corais |
Praia de Tambaú, o Cabo Branco ao fundo, ponto mais oriental da América |
João Pessoa by night, show com música, danças, humor |
A partir desta, vou compartilhar com vocês, em algumas postagens, os
lugares bacanas por onde passei na Paraíba, terra bonita sim senhor!
*Jeito carioca de nomear os
trabalhadores da construção civil, em sua maioria nordestinos. Tal como
chamamos de “Feira dos Paraíbas” a Feira Nordestina de São Cristóvão, querida e
muito freqüentada pelos cariocas. Na verdade, as grandes cidades devem muito a
esses trabalhadores que, deixando sua terra, ajudaram – e ainda ajudam – a construir
as metrópoles.
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