O Projeto Tamar é conhecido em
todo o Brasil. Quem não se comove ou pelo menos se alegra ao ver as tartaruguinhas
recém-nascidas, correndo para o mar, guiadas pelo instinto ancestral? Esses incríveis
animais nascem com uma espécie de GPS que grava as coordenadas do local onde
nasceram e, quando adultos, retornam àquele exato local para colocar os ovos.
O Projeto Tamar/ICMBio está presente
em nove estados brasileiros, com bases de pesquisa e Centros
de Visitantes. Tem patrocínio da Petrobras, além de outros apoios, e está
vinculado ao Ministério do Meio Ambiente. Visitei um desses Centros quando
estive em Aracaju-SE, em julho deste ano.
Na Paraíba há também um corajoso
projeto que protege tartarugas marinhas, mas não recebe apoio algum dos órgãos
oficiais. Sobrevive graças ao trabalho de voluntários. É o Projeto Guajiru de
tartarugas urbanas. A sede improvisada, mas nem por isso menos atuante,
funciona no Bar do Surfista, na praia
de Intermares, na Grande João Pessoa.
Bióloga conversa com turistas |
Uma das biólogas que atua no Guajiru nos explica que as
tartaruguinhas, ao saírem dos ovos, são atraídas pelas luzes da cidade e, em
vez de correrem para o mar, correm para o asfalto. O resultado é fácil de
imaginar. Ou morrem ainda na areia ou na vegetação ou são atropeladas. Estranho
mundo esse criado pelos homens em nome do desenvolvimento: tartarugas marinhas
morrendo por atropelamento no asfalto. Uma triste ironia.
Os voluntários, além de
promover educação ambiental, identificam e protegem os ninhos das tartarugas
numa faixa do litoral paraibano, para que não sejam destruídos pelos banhistas.
Depois, monitoram cada ninho para que os bebês tartaruga, ao nascerem, possam
alcançar o mar. E, às vezes, promovem a “cesariana de areia”, quando se torna
necessário intervir para que os filhotes consigam romper a camada de areia que
os cobre.
A quantidade de lixo recolhida
pelos voluntários, no mar ou dentro do corpo das tartarugas mortas,
é impressionante. No caso de sacos plásticos, elas os ingerem e eles obstruem seu
aparelho digestivo, levando-as à morte. Uma situação que, infelizmente, vemos em
várias partes, litoral e interior, de nosso país.
Uma
pequena lojinha improvisada é uma das poucas fontes de renda do grupo. Quem
quiser ajudar, mesmo de longe, pode adotar um ninho da lista disponibilizada no
site do Projeto, quando da temporada reprodutiva. O valor para adotar cada ninho é R$ 100,00. Os pais adotivos ganham certificado de padrinho,
com o número de filhotes nascidos e uma foto desses filhotes indo para o
mar.
Apesar das dificuldades, eles
não salvam apenas tartarugas, mas “salvam” também crianças e jovens em situação
de rua. Dão a esses meninos e meninas, não apenas informação e algum conforto material,
mas também respeito, afeto, oportunidade de desenvolverem autoconfiança e mostrarem
seu valor. Um desses jovens, Fininho,
brilha hoje no mundo do surf, vencedor nas ondas e no seu cotidiano. Tal como
as tartaruguinhas, ele, com o apoio do Projeto
Guajiru, pôde guiar-se pelas luzes da vida e não as da morte.
Todo apoio a esses dedicados
voluntários! Que sejam enxergados por aqueles que administram as verbas
públicas, seja no Governo Federal, no estado ou no município. Um trabalho assim
está acima de interesses políticos, caso seja este um dos motivos pelo qual o
Projeto não recebe apoio. A Paraíba
precisa e merece entrar no mapa do Projeto Tamar.
2 comentários:
Eu fui lá várias vezes e parece uma idéia brilhante. é uma ótima maneira de ensinar tudo sobre tartarugas. Além disso, as praias são lindas além. Fui com minha esposa e meu cachorro e adorei. Eu tuve que comprar Frontline porque meu estava infectado com pulga.
Pois é, Mário. Só não entendi ainda porque não têm apoio do Projeto Tamar. Até escrevi pra eles (Tamar) mas não tive resposta.
Mas é bacana ver como levam adiante seu trabalho, mesmo com dificuldades.
Nosso apoio e divulgação são fundamentais.
Obrigada pela visita e comentário. Abçs.
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