sexta-feira, 24 de maio de 2019

CRÔNICAS DO CARAÇA (4) – CASCATINHA E CATAS ALTAS



O segundo dia no Caraça não teve lobo, mas teve caminhada com o guia local João Julio, um contador de “causos”, com uma aura de misticismo. Depois de um café da manhã caprichado, partimos rumo a um dos muitos atrativos do Caraça: a cascatinha. Seguimos por uma das trilhas do Lobo-Guará, uma caminhada tranquila, sem maiores obstáculos. Entrar na cascata já é meio complicado e não me arrisquei. Após muita insistência do guia Aldo, aceitei me equilibrar numas pedras para fazer a foto.

Entrada para a trilha da Cascatinha



Já se vê o brilho da cascatinha na montanha ao longe







"Chega de fotos, Aldo!". Muito medo de cair.
Na volta, passamos pela Prainha, onde é bem mais fácil tomar um banho. Mas adiei o mergulho para o dia seguinte, porque tínhamos outro programa para depois do almoço.
 





Barriguinhas cheias, saímos para um passeio por Catas Altas, uma pequenina cidade, cercada pela Serra do Espinhaço. O nome pitoresco vem do processo primitivo para extrair o ouro na região, que era explorado no sistema de catas. Os catadores faziam grandes escavações nas areias dos rios em busca do mineral no fundo do leito.

A chuva resolveu aparecer, mas não chegou a atrapalhar o passeio. Fizemos uma visita à Igreja Matriz de Nossa Senhora da Conceição, cujo interior não pudemos fotografar, mas neste link podem-se ver algumas fotos. No topo da praça central, a igreja, cuja construção foi iniciada em 1729, permanece inacabada, mas tem inúmeros e belos detalhes em sua ornamentação.


Igreja Matriz de Nossa Senhora da Conceição


Depois da visita à igreja fizemos um breve tour pelos arredores. Escrevendo esta crônica e pesquisando sobre a cidade, descobri (e depois vi na TV) que a série “Se eu fechar os olhos agora”, exibida recentemente na Rede Globo, foi filmada nesse pedacinho de Minas (veja matéria aqui). 

Chuva na chegada a Catas Altas.

Ao fundo, a Serra do Espinhaço









Na volta, passamos novamente por Santa Bárbara para algumas comprinhas básicas de mercado e farmácia, já que no Santuário não há comércio. Depois de fechada a lanchonete, às 17:00, uma pequena “vendinha” funciona num cantinho, perto do adro. Ali podemos comprar guloseimas, cerveja, refrigerante. Mas não demora a fechar. Aliás esqueci de contar na crônica anterior: nas noites de espera do lobo, o Santuário oferece pipoca e chá para os hóspedes.

Nesta segunda visita a Santa Bárbara, conhecemos a Casa-Memorial de Affonso Pena, que está sendo reformada. O túmulo do político, que curiosamente não fica num cemitério, é uma atração no local, pela imponência da escultura que o guarda.











De volta ao Caraça, jantar e esperar pelo lobo, que não apareceu. Fiquei especialmente triste com a ausência do Guará por causa de uma simpática mãe com seus adoráveis filhotes, com quem tive ótimas conversas: Erika, pedagoga, mãe do Arthur (10) e Heitor (4). Moram em Catas Altas e só ficariam uma noite no Santuário. Não viram o lobo, mas curtiram bastante o Caraça e, imagino, voltarão lá mais vezes para tentar a sorte. 


Sem dúvida, o Santuário do Caraça é um lugar para se ir várias vezes. Que as ameaças que havia na região de rompimento de barragem, na época de nossa viagem e que, desafortunadamente, persistem nestes dias em que escrevo, não se transformem em novas tragédias e nos impeçam de conhecer e viver as maravilhas guardadas nas serras das Geraes.




Placa indicando rota de fuga. Há muitas dessas pelas estradas.









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