O segundo dia no Caraça não
teve lobo, mas teve caminhada com o guia local João Julio, um contador de
“causos”, com uma aura de misticismo. Depois de um café da manhã caprichado,
partimos rumo a um dos muitos atrativos do Caraça: a cascatinha. Seguimos por
uma das trilhas do Lobo-Guará, uma caminhada tranquila, sem maiores obstáculos.
Entrar na cascata já é meio complicado e não me arrisquei. Após muita insistência do guia Aldo, aceitei me equilibrar numas pedras para fazer a foto.
Entrada para a trilha da Cascatinha |
Já se vê o brilho da cascatinha na montanha ao longe |
"Chega de fotos, Aldo!". Muito medo de cair. |
Na volta, passamos pela
Prainha, onde é bem mais fácil tomar um banho. Mas adiei o mergulho para o dia
seguinte, porque tínhamos outro programa para depois do almoço.
Barriguinhas cheias, saímos
para um passeio por Catas Altas, uma pequenina cidade, cercada pela Serra do Espinhaço. O nome pitoresco
vem do processo primitivo para extrair o ouro na região, que era explorado no
sistema de catas. Os catadores faziam grandes escavações nas areias dos rios em
busca do mineral no fundo do leito.
A chuva resolveu aparecer,
mas não chegou a atrapalhar o passeio. Fizemos uma visita à Igreja Matriz de
Nossa Senhora da Conceição, cujo interior não pudemos fotografar, mas neste link podem-se ver algumas fotos. No topo da praça central, a igreja, cuja construção
foi iniciada em 1729, permanece inacabada, mas tem inúmeros e belos detalhes em
sua ornamentação.
Igreja Matriz de Nossa Senhora da Conceição |
Depois da visita à igreja
fizemos um breve tour pelos arredores. Escrevendo esta crônica e pesquisando
sobre a cidade, descobri (e depois vi na TV) que a série “Se eu fechar os olhos agora”, exibida recentemente na Rede Globo,
foi filmada nesse pedacinho de Minas (veja matéria aqui).
Chuva na chegada a Catas Altas. |
Ao fundo, a Serra do Espinhaço |
Na volta, passamos novamente
por Santa Bárbara para algumas comprinhas básicas de mercado e farmácia, já que
no Santuário não há comércio. Depois de fechada a lanchonete, às 17:00, uma pequena
“vendinha” funciona num cantinho, perto do adro. Ali podemos comprar
guloseimas, cerveja, refrigerante. Mas não demora a fechar. Aliás esqueci de
contar na crônica anterior: nas noites de espera do lobo, o Santuário oferece
pipoca e chá para os hóspedes.
Nesta segunda visita a Santa
Bárbara, conhecemos a Casa-Memorial de Affonso Pena, que está sendo reformada.
O túmulo do político, que curiosamente não fica num cemitério, é uma atração no
local, pela imponência da escultura que o guarda.
De volta ao Caraça, jantar e
esperar pelo lobo, que não apareceu. Fiquei especialmente triste com a ausência
do Guará por causa de uma simpática mãe com seus adoráveis filhotes, com quem
tive ótimas conversas: Erika, pedagoga, mãe do Arthur (10) e Heitor (4). Moram
em Catas Altas e só ficariam uma noite no Santuário. Não viram o lobo, mas
curtiram bastante o Caraça e, imagino, voltarão lá mais vezes para tentar a
sorte.
Sem dúvida, o Santuário do Caraça é um lugar para se
ir várias vezes. Que as ameaças que havia na região de rompimento de barragem,
na época de nossa viagem e que, desafortunadamente, persistem nestes dias em
que escrevo, não se transformem em novas tragédias e nos impeçam de conhecer e
viver as maravilhas guardadas nas serras das Geraes.
Placa indicando rota de fuga. Há muitas dessas pelas estradas. |
Catas Altas locação para série da TV: http://catasaltas.mg.gov.br/catas-altas-e-cenario-de-nova-minisserie-da-rede-globo/
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