O que temos para hoje é uma viagem de dez horas, de ônibus. Busão
bacana, claro! Conforto, chazinho, guias super atentos e gentis (como sempre).
Já quase refeita da penúria dos últimos dias, lá fui eu com mais um bando de
turistas de vários cantos do mundo pegar a estrada mais uma vez. E não podia
ser melhor.
Nosso roteiro tem cinco paradas. A primeira é Andahuaylillas, uma joia
encravada na cordilheira, na Rota do Barroco Andino. Chamada de Capela Sistina
dos Andes, a igreja de São Pedro Apóstolo é um espetáculo para os olhos. E só
para eles, nada de lentes, câmeras (mas ganhamos um CD com toda a história e
fotos).
Eu, particularmente, prefiro a simplicidade dos Jesuítas (a Companhia de
Jesus
realiza uma importante ação social na região), mas não se pode deixar de
admirar o trabalho incrível que foi feito nesta igreja, tantas minúcias, tantos
detalhes. A mistura das crenças inca e cristã também se mostra ali, inclusive
no sol que brilha em ouro na parte superior do altar. Aqui você pode admirar um pouco
da grandiosidade desse templo e também no site de Mario Testino.
Em frente à igreja há uma bonita praça, com várias barraquinhas de
artesanato.
Depois do esplendor de Andahuaylillas veio o despojamento de Raqchi. Despojado,
mas imponente. Por algum motivo, este sítio arqueológico me tocou
especialmente. Lá está o templo de Wiraqocha, que remonta aos anos 1.400. Alguma
energia ali bateu fundo na minha emoção. De novo, a engenhosidade ancestral na
construção integrada à natureza, ao movimento dos astros, à incidência dos
raios de sol. Como em Machu Picchu, grande parte das ruínas foi reconstruída
para visitação.
Lá de longe, o vulcão Kinsach’ata – dizem que extinto, vai saber? - nos
espia.
A comunidade local tem tradição ceramista e é formada por 150 famílias
que conservam sua organização ancestral. Na saída do sítio, uma colorida señora vende, por 10 Soles, uma revista
em espanhol e quéchua sobre a história do lugar.
O condor, o puma e a serpente fazem parte da trilogia Inca. |
Há uma pequena igreja, mais imponente por fora que por dentro. No pequeno interior, há belas pinturas nas paredes. Ela contempla a praça circundada, como sempre, por barraquinhas e gente de pele curtida pelo sol e sorriso fácil. Comprei algumas lembranças para meu “museu de viagens”: um puma de pedra e um calendário Inca, de cerâmica.
Vamos em frente, que é hora de alimentar também o corpo. O restaurante La Pascana não é a belezura do Tunupa,
do Valle Sagrado, mas é um lugar muito simpático. Fica em Sicuani, nossa
terceira parada, por onde também corre o incansável Rio Urubamba. Comidinha
leve pra não correr riscos de indisposição. De típico, empanada e, na
sobremesa, algo parecido com um manjar, feito com maiz morado, o milho roxo.
Pela vidraça, percebi que uma menina, caprichosamente vestida, se
posicionava no gramado atrás do restaurante, onde pastavam lhamas e alpacas.
Não foi difícil imaginar a missão dela ali.
Como eu supunha, a linda menina esperava por aqueles turistas ávidos por
fotos. Claro, tratei de garantir a minha. Como resistir à tamanha fofura? (e
achei muito justo recompensá-la com alguns Soles, não sem antes perguntar se poderia lhe
oferecer aquele regalo).
O cachecol que estou usando nas fotos eu comprei na tecelagem Miguelito,
onde tivemos uma breve aula sobre baby alpaca, aquela
lã obtida com a primeira lañadura
(tosa), que produz um fio mais macio. Há uma grande variedade de modelos na
loja, tudo muito bonito.
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