A chegada a Cusco, na noite do sábado 25/06, não foi emocionante como no
primeiro dia em que pus os pés naquela cidade. Detonada pelo mal estar geral,
depois do calorão em Machu Picchu, da viagem, do frio que chega com força e de
repente, só queria banho e cama, já que comer estava fora de cogitação. Uma
maçãzinha, sim, ajudaria bastante, mas, nem me fantasiando de Branca de Neve
encontraria uma àquela hora. Me contentei com um chazinho e mergulhei debaixo
das cobertas, rezando para estar melhor no dia seguinte, dia de... Saqsaywaman.
Não sei se por ter colocado a expectativa muito lá em cima ou se por estar com a condição física prejudicada, achei esta etapa do roteiro interessante, mas não tanto. Na verdade, me pareceu mais do mesmo, com muito sobe e desce. O que, obviamente, não diminui a importância daqueles sítios arqueológicos: Saqsaywaman (ou Sacsayuamán), Tambomachay, Pukapukara e Qenqo.
Talvez me cativassem mais se tivesse passado por lá antes de
Olamtaytambo e Machu Picchu. Me decepcionou um pouco, também, ver que o local estava
(não sei se é permanente) arrumado para um espetáculo, o que destoava do visual
do lugar. Lembrando que a Festa do Sol, Inti Raymi, havia sido dois dias antes.
Tambomachay |
Ao fundo, o Cristo Blanco |
Qenqo |
Na volta, a van nos deixou longe do hotel. Seguindo com a sempre animada
Irma, não tive muita disposição para um passeio mais demorado,mas consegui fazer alguns cliques. Troquei uns
dólares e reais por Soles e rumei pro hotel com a esperança de almoçar. Ainda
não foi desta vez que o almoço caiu bem. Me salvaram da completa inanição as
mariolas que sempre carrego comigo quando viajo.
Umas mordiscadinhas nas bananadas, mais bala e chá de coca, um bom
cochilo, saí disposta a encontrar maçã e algum biscoitinho salgado. Sem a
multidão do primeiro dia nas ruas, consegui flanar um pouco por Cusco, fuçar
umas galerias e barraquinhas de artesanato e chegar ao Mercado São Pedro, onde
encontraria as salvadoras maçãs.
Minha salvação e também espanto. O Mercado parece uma CADEG, só que bem
sujo e bagunçado. Junto à entrada, ambulantes e... uma montanha de lixo onde
cachorros – são um capítulo à parte – disputam comida. Muitas pessoas circulam
por ali, comem em barraquinhas, há muita desordem e sujeira pelas ruas. Enfim...
uma situação que não é estranha para quem mora no Rio de Janeiro, e certamente
em muitas outras cidades no Brasil. Sempre têm um lado “esquecido” pelos governantes
que vai se conformando num contínuo estado de degradação.
Os músicos peruanos na rua não chegam a ser uma novidade para uma
carioca. Encontramos vários pelas praças do Rio, com suas flautas e roupas
típicas. Mas ouvir a música andina nesta cidade mítica toca mais fundo a alma. Contive
algumas lágrimas enquanto fotografava.
Sair do perímetro tipicamente turístico é legal, mas a verdade é que aquele
pedaço da cidade merece mais cuidados. Soube que dali a uns dias iriam realizar
um encontro de prefeitos para discutirem os problemas das cidades. O novo
presidente, Pedro
Pablo Kuczynski, ou PPK, eleito dias antes de minha chegada, tomaria posse dia
27 de julho. Quero acreditar que trará novos caminhos para aquele povo
colorido, sorridente, mas que precisa de mais atenção.
Bem, de posse das maçãs, comprei num mercadinho os biscoitos (um deles
era incomível) e água, claro, muito mais barata do que a do frigobar do hotel. Consegui,
graças aos deuses, comprar também um genérico de Plasil, já que o meu tinha
acabado.
Cusco me pareceu grandeza e pobreza. Construções imponentes, trânsito
meio caótico (não confie nos sinais de pedestres, motoristas avançam com a
maior naturalidade), hotéis de luxo, sítios arqueológicos impressionantes. Uma
cidade onde circula, certamente, muito dinheiro, dólares, euros.
Foto da mexicana Irma |
Ah, os cachorros, os perros...
são muitos, muitos, especialmente onde há montes de lixo. São de todo tipo,
alguns de raça. Vontade de tosar, dar banho, abraçar todos eles. Como sabem os
gaúchos, cachorro também é chamado de cusco.
Daí, deveríamos nos referir à cidade, disse uma das guias, como Qosqo
(Cozco), seu nome em qéchua.
Última noite na cidade chamada Umbigo do Mundo. Um tanto de saudade, já.
Se nos primeiros dias a sensação era a de que já estava no Peru há muito tempo,
agora o tempo parece pouco para tantas descobertas a se fazer.
Maçã, mariola, biscoito, chá, remédio, Reiki e fé, que ainda faltam
muita estrada e um imenso lago para ver/sentir.
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