Para começar, vou
logo avisando: Finlândia não é país escandinavo, é nórdico. Nada de vikings por lá. Segundo nosso guia local, essa coisa de
chifres é com os noruegueses, dinamarqueses e suecos. Se você sabia, parabéns. Eu
não. Como também não imaginava que, para eles, o nome do país é completamente
diferente: Suomi, que é também o nome da língua local.
Bem, vamos
voltar um pouco para falar da
travessia de Tallinn para Helsinque, que leva cerca de três horas, bem mais rápida
do que a que havíamos feito de Estocolmo para a capital da Estônia. Nesta
também tivemos a simpática companhia de umas aves fofas, super acostumadas ao
movimento dos barcos. Pousam sem cerimônia perto da gente.
A estada na
Finlândia/Suomi foi curta. Fizemos um tour logo depois da chegada. Visitamos a igreja Temppleliaukio,
com sua interessante arquitetura, encravada numa rocha e cuja maior parte fica
no subsolo. Com planta circular, a construção tem uma imponente cúpula formada
por fios de cobre. Os prédios da
vizinhança também são bem interessantes, lembrando aquele antigo brinquedo de
madeira de montar casinhas.
Como não fui à Lapônia, o Papai Noel que deu para ver foi este. |
Seguimos depois para
o bonito Parque
Sibelius, à beira do Mar Báltico, que homenageia o compositor finlandês
Jean Sibelius. Durante o inverno o mar congela, devido ao baixo teor de sal. Uma
escultura metálica é atração que junta
mais turistas ávidos por cliques e selfies. Em vez de disputar espaço, preferi
usar o pouco tempo disponível para andar
um pouco pelo jardim.
No ônibus, passamos
por pontos históricos da cidade, como a torre branca de 72m do Estádio
Olímpico, criado para uma Olimpíada que não aconteceu. Por causa da 2ª
Guerra Mundial, Helsinque iria substituir Tóquio como sede dos Jogos de 1940.
Contudo, em 1939, Stalin invadiu a Finlândia. A capital de Suomi só iria sediar
Jogos
Olímpicos em 1952.
O governo atual é de
centro-direita, mas os sindicatos são fortes e cerca de 70% trabalhadores são
sindicalizados. Não há lei garantindo um salário mínimo, o valor fica a
critério de recomendação dos sindicatos, estando atualmente em torno 1.600
euros. A carga tributária no país não é pequena e o imposto de renda, que é
progressivo, pode chegar a 30%. As igrejas ortodoxa e luterana cobram imposto de seus frequentadores. O transporte urbano custa
3,20 euros e a tarifa é válida para uso no período de uma hora.
Conforme nos conta
nosso guia, o país tem problemas de alcoolismo e desemprego entre seus 5
milhões de habitantes. Desde o século XII, era parte da Suécia, daí que 50% da
população é sueca e por isso, além do finlandês (ou
suomi), o idioma sueco é amplamente falado.
Como nação
independente, a Finlândia é um país jovem. Quando de nossa visita, se preparava
para celebrar os 100 de sua independência, conquistada em 1917. O nome do bairro do Hotel Scandic Simonkenttä, onde nos hospedamos – Kampi – vem do campo
onde ficou o exército russo. Um detalhe curioso: as palavras estrangeiras
sempre terminam em “i”, como hoteli, turisti, parlamenti.
Por sorte, a palavra
para agradecer é fácil – Kiitos – e,
além de falar para os locais, eu pude experimentar como é receber um “kiitos”
quando segurei a porta de vidro do shopping para um casal com um carrinho de
bebê passar. Como faltou aprender o “de nada”, apenas sorri em resposta.
Nosso guia diz que
Suomi, com seus 188 mil lagos (11% do território) e 180 mil ilhas, é “água,
floresta e granito”. Imagino que o país tenha muita coisa interessante a nos
mostrar, e mesmo a não muito atraente Helsinque que vi, tenha também seus
encantos. Um que gostaria de conhecer é o Café Ekberg,
que funciona desde 1852. O nome evoca a atriz sueca Anita Ekberg, imortalizada
nos anos 1960 por sua breve mas antológica aparição no filme La Dolce Vita, de Federico Fellini, banhando-se, com um vestido de noite, na Fontana
di Trevi.
Vista da janela do Hotel |
No dia seguinte, seguimos para a estação de trem onde o Allegro
nos levaria para a parte mais ansiada da viagem: a grande Rússia. давай (davái
= vamos lá!).
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