“Você tem problema
de horário?” (tradução: você pode ficar até mais tarde quando eu quiser?)
“Você pretende ter
filhos?” (tradução: não interessa à empresa pagar por licença maternidade)
“Posso tomar um
cafezinho na sua casa?” (auto-explicativo)
“Eu pago do meu
bolso a diferença do salário que você pretende”. (tradução: você deixa eu te
usar)
“Você foi promovida,
criaremos um novo cargo para encaixá-la.” (tradução: você faz o trabalho que
outros homens fazem, mas não vou lhe pagar um salário igual ao deles)
Pérolas que eu ouvia
(e certamente muitas outras mulheres) desde adolescente em algumas entrevistas
de emprego ou durante o período em que trabalhei em várias empresas – muitas grandes,
brasileiras e estrangeiras, entre elas algumas hoje citadas na Lava Jato.
Todo seu desempenho
nos muitos testes de seleção ou no dia a dia perdia em importância para sua
“disponibilidade”. Parece que não mudou
muito dos anos 70/80/90 para cá. Violências sutis, outras nem tanto, assédio
moral, sexual. Preconceito, exploração, menosprezo.
Encarei todos eles
sem negociar, sem baixar a cabeça, sem perder o rebolado e sem descer do salto.
Respondi na lata! Mesmo precisando muito do emprego. Mesmo sangrando por
dentro, de raiva, medo e tristeza. A única saída era seguir estudando, trabalhando
com competência e seriedade, sem aceitar “gentilezas”. Como hoje, não existe “almoço
grátis”. O caminho foi mais difícil, sem dúvida, mas não faria absolutamente
nada diferente.
Malala Yousafzai |
Não recue,
mulherada. Sabemos o quanto para algumas é uma questão de passar fome ou não, de
alimentar os filhos ou não, de sobreviver ou não. Mas, mesmo que não haja saída,
tentem não desistir. É uma longa e dura jornada. Para muitas, especialmente as
das favelas e periferias, as que labutam nas lavouras, historicamente em
desvantagem, praticamente impossível. Mas a pequena Malala nos serve de
exemplo, com sua determinação, apesar de tanta dor, física e moral.
Mantenham acesa a
chama da justiça, ainda que por um tempo estejam de cabeça baixa. Se nenhuma se
submete, os que oprimem – na casa, no trabalho, na rua - terão de mudar. E
eduquem seus meninos, com amor e firmeza. Para que sejam homens e não machos.
Nesse dia e em todos
os outros do ano, a palavra que importa e que sempre ensinei à minha filha ter
em mente é: Respeito! Pelo outro, do outro e por si própria.
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