quarta-feira, 13 de maio de 2009

FALTANDO UM PEDAÇO


Quando meu irmão mais velho foi embora deste nosso mundo, há 10 anos, escrevi um poema. A poeta(*) que mora em mim é assim: desperta quando a tristeza bate na minha vidraça, e mexe comigo à noite, na cama, e pega na minha mão quando ando pelas calçadas. É como o copo que transborda, quando uma gota a mais mergulha dentro dele.

Não sei nem porque me lembrei disso hoje, talvez porque haja tantas perdas, diariamente, na insanidade das cidades grandes. Ia digitar um título para esta postagem e me veio à cabeça a linda música de Djavan. Palavras e melodia precisas pra falar dessa falta que ocupa tanto espaço dentro de nós.
Os versos de Djavan você acha nesse link: http://letras.terra.com.br/djavan/45524/.

Meu poema eu divido com vocês aqui:

As coisas parecem estar iguais
Mas elas não estão mais iguais.
Mas os livros continuam na mesinha de cabeceira,
Os ruídos da rua são os mesmos
E os supermercados continuam cheios.

Tudo parece igual
A rotina de sempre
As pessoas dentro dos ônibus
Os carros
Os celulares tocando sem parar

Tudo é igual
Mas já não é como antes
Falta uma peça no quebra-cabeça,
Falta um ladrilho no mosaico,
Falta uma pétala na flor,
Falta uma estrela na noite.
Falta algo imperceptível.

Parece que tudo é igual
Mas já não é.

(*)http://www.sualingua.com.br/01/01_poetisa.htm

2 comentários:

João Gabriel Morales disse...

Adorei o poema. Os verdadeiros poemas são assim, não aparecem quando simplesmente se tem vontade de escrevê-lo, mas quando o sentimento extravasa.

Muito obrigado pelo comentário lá no blog.

Essa troca de ideias é muito boa. Pode ter certeza que você ganhou mais um leitor!
Abraço.

Tecelã disse...

Valeu, João Gabriel! Eu tbm adorei seu comentário. Bom compartilhar boas conversas, ideias (com ou sem acento), dicas.
Abçs.