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A Sumaúma na identidade visual da Cúpula do BRICS 2025 no Brasil |
Um ano após a Cúpula do G20, realizada no Rio de Janeiro em novembro de 2024, o País receberá outro grande evento internacional: a Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30), que acontecerá em Belém. Entre um encontro e outro, a Cúpula do BRICS, sob a presidência do Brasil, traz para o Rio de Janeiro, nos dias 6 e 7 de julho, líderes e representantes dos países que integram o chamado Sul Global. Na pauta de discussões, entre outros temas de grande relevância, como a produção de vacinas e adoção de uma moeda exclusiva para as transações comerciais, estão as ações necessárias face as mudanças climáticas e seu financiamento.
Tatiana Rosito, secretária de Assuntos Internacionais do Ministério da Fazenda, enfatizou a importância do documento assinado em conjunto, uma vez que ele orienta uma ação comum e coletiva do BRICS na área de financiamento climático. Rosito, que atuou como Coordenadora da Trilha de Finanças durante o G20, naquela ocasião declarou ser fundamental identificar os obstáculos à ampliação dos recursos e definir estratégias para lidar com estes entraves, destacando que é preciso “facilitar a mobilização de recursos privados e o melhor compartilhamento de riscos”.
Um dos expositores, Daniel Nogueira Leitão, Coordenador de Meio Ambiente e Energia da Presidência Brasileira do BRICS (Ministério das Relações Exteriores/Itamaraty), destacou a importância de se discutir desafios e oportunidades no ano em que o Brasil sedia a Cúpula do BRICS. Nogueira Leitão citou a orientação do Presidente Lula sobre o lema que deverá guiar a referida Cúpula: “Fortalecendo a cooperação do Sul Global por uma governança inclusiva e sustentável.” A preocupação em manter um diálogo construtivo, que leve em conta a heterogeneidade dos países do bloco, fortalecendo os caminhos da diplomacia, se faz ainda mais necessária considerando o momento em que o encontro acontece, de tensão e conflitos envolvendo, inclusive, países membros.
O diplomata informou também que o Grupo de Contato de Mudança do Clima, o encontro anual onde organizações não governamentais, movimentos sociais, governos, comunidade científica, setor privado se reúnem para formular propostas para a implementação da Contribuição Nacionalmente Determinada (NDC) brasileira, trabalha em quatro frentes: BRICS Finance for climate change (Financiamento do BRICS para as mudanças climáticas), voltado para o financiamento, com o lema “De Baku a Belém”, reportando-se à COP29 realizada no Azerbaijão. Outra frente aborda o uso de patentes/propriedade intelectual e difusão tecnológica, com o propósito de diminuir custos para os países emergentes. Na terceira frente o objetivo é atingir uma convergência entre os países do bloco a fim de promover metodologias e normas de contabilidade de carbono de forma mais equilibrada e justa. Reconhecer o mercado de carbono como instrumento essencial à adoção de medidas focadas no clima é a quarta frente.
O bloco tem na sua origem o
fortalecimento e expansão de relações econômicas entre os países, de olho numa
nova ordem mundial. Composto inicialmente por Brasil, Rússia, Índia, China e
África do Sul, agrega hoje mais seis países membros: Arábia Saudita, Egito,
Emirados Árabes Unidos, Etiópia, Indonésia e Irã. Conta ainda com sete
países parceiros: Belarus, Bolívia, Cazaquistão, Cuba, Malásia, Nigéria, Tailândia,
Uganda, Uzbequistão, Vietnã. O bloco tem uma instituição financeira, o Novo Banco de Desenvolvimento, ou NDB (New Development Bank), também chamado
Banco do BRICS, fundado em 2014 com o objetivo de impulsionar o crescimento
econômico e o desenvolvimento sustentável entre os países do Sul Global e que está
sob a presidência, desde 2023, da ex-presidenta Dilma Rousseff.
A vertente ambiental ganhou relevância dentro do bloco sem que isto signifique um desvio de seu propósito inicial, ao contrário, reafirma a certeza de que as atividades humanas não podem ignorar os impactos que causam na saúde do planeta. Walter Desiderá, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada-Ipea, em sua apresentação durante o citado encontro realizado em 23/5, destacou que a proteção ao meio ambiente não está no rol dos empecilhos ao desenvolvimento. “Programas sociais não atrapalham a Agenda 2030”, afirmou Desiderá.
A 17ª Cúpula do BRICS recebe um reforço importante com a presença do Secretário-Geral das Nações Unidas, António Guterres. Conforme informado por seu porta-voz, Guterres foi convidado para participar de uma sessão sobre o fortalecimento do multilateralismo, assuntos econômicos, financeiros e inteligência artificial, no domingo. No segundo dia do encontro, o Secretário-Geral abordará em seu discurso temas ligados ao meio ambiente.
Nota: Se brick em inglês pode ser traduzido por tijolinho (como aqueles amarelos que pavimentam a estrada do filme O Mágico de Oz), vale uma brincadeira com a sigla do Bloco, que bem pode ser o subtítulo para a matéria: Como o BRICS pode pavimentar o percurso entre a COP-29 e a COP-30.
Fontes:
- Lula:
“Vamos seguir construindo um mundo justo e um planeta sustentável” — Planalto
- Ações
e planos brasileiros para a COP 30 são validados pela ONU — Agência Gov
- BRICS+: é possível uma nova Saúde Global | Outras
Palavras
- 250528_BRICS_Climate-Leadership-Agenda_Joint-Declaration.pdf
- Os
BRICS e COP 30: dilemas e oportunidades para clima e natureza
- BPC: Ambição Climática dos BRICS: Brasil - brq
- Ipea: BRICS, seus desafios e a presidência rotativa do
Brasil 2025 | Revista Tempo do Mundo
- BRICS: BRICS propõe nova geopolítica do clima com foco em
financiamento e inclusão e justiça social
- Brasil247: "BRICS é ator incontornável no enfrentamento à
mudança do clima", diz Lula | Brasil 247
- Agenda
2030 para o Desenvolvimento Sustentável | As Nações Unidas no Brasil
- Guterres
participará de Cúpula do Brics no Rio de Janeiro | ONU News
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