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Teatro/Ballet Bolshoi |
A bordo do nosso
fiel ônibus de turismo, fui clicando algumas das muitas faces desta cidade
fascinante, com seus quase mil anos de história. Considera-se o ano de 1147
como de sua fundação, atribuída ao Príncipe Yury Dolgoruky. De seu coração, na
Praça Vermelha/Kremlin, partem avenidas que em geral se cruzam com vias
circulares, os chamados “anéis”. O primeiro é o “Anel dos Boulevards” e
circunda o centro histórico. Há também o “Anel dos Jardins”, que corresponde a
uma área anteriormente utilizada para agricultura. Os indícios da Copa do Mundo
são poucos (a não ser pelas muitas obras) e a mascote Zabivaka ainda não
passeia pelas ruas.
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Estátua do Príncipe Yuri, fundador de Moscou |
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Referência aos 870 anos de Moscou, celebrados em 2017 |
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Casa no estilo antigo/tradicional russo, com janelas decoradas |
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Em 2017 Moscou celebrou 870 anos |
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Prédio de 1897 que abrigou a KGB (КГБ). Hoje é sede do
Ministério de Segurança Nacional - Praça Lubianka (Лубянка) .
Moscou tem 400
igrejas ortodoxas, mas há também mesquitas, sinagogas e igrejas católicas. Segundo
nosso guia, as religiões convivem sem conflitos. A Catedral Cristo Salvador (Храм Христa Спасителя) é do final do século XIX e
foi erguida para celebrar a vitória sobre Napoleão. Nos anos 1930, Stalin
mandou destruí-la e em seu lugar foi construída uma piscina pública. Após a
queda do regime soviético, o Patriarcado de Moscou (autoridade religiosa
ortodoxa) liderou uma campanha para que a catedral fosse reconstruída.
Inaugurada em 2000 pelo Presidente Vladimir Putin, a edificação que vemos hoje é
uma cópia fiel da original (Benjamin e Martín-Barbero
querendo aqui entrar na conversa. Nota no final da crônica)1.
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A capital russa tem
outros casos de “faz-desfaz-refaz”. O Hotel
Moscou, da época stalinista, por exemplo, foi demolido e um prédio idêntico
construído em seu lugar. A intenção era modernizá-lo, porém os cômodos eram
pequenos, daí, pôs-se tudo abaixo e hoje é um hotel de luxo de uma rede famosa.
(Aqui no Brasil convivemos não raramente com um faz-desfaz, faz-abandona,
começa a fazer e não acaba... História
vira pó, dinheiro público desaparece...).
Fomos
depois a uma loja de souvenirs - como as guias portuguesas já haviam nos
avisado - bem menos interessante do que a que visitamos em Petersburgo. E mais
cara. Em meio à invasão chinesa de praxe, consegui comprar mais algumas
lembranças e presentinhos, mas novamente a tentativa de levar para casa uma camisa
do futebol nativo fracassou. O máximo que consegui foi um boné Fifa Russia 2018. Creio que os russos
ainda não haviam descoberto a dor e a delícia de torcer por um time de futebol.
Com a atuação surpreendente da Seleção
Russa (Сборная России по футболу) no Mundial, não duvido que agora andem atrás
de camisas de Igor Akinfeev (Игорь Акинфеев), Mário Fernandes (Марио Фернандес)
e dos outros garotos comandados pelo treinador Stanislav Cherchesov (Станислав
Черчесов).
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Time escalado para o jogo contra a Espanha - Seleção Russa de Futebol (foto do Facebook) |
Ao final deste segundo e intenso dia em Moscou, tive de tomar uma decisão
não muito fácil: me arriscar ou não a voltar à Praça Vermelha (sempre ela!)
sozinha, seguindo as orientações dos guias (de turismo, rezando para que os espirituais
também estivessem atentos). Bem, é agora ou sabe Deus quando. Vamos lá, encarar
a monumental Rua Tverskaya (Тверская улица), tomar o café da tarde e comprar o
lanche da noite. Coragem, criatura!
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Estação de metrô na Tverskaya |
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Na vitrine de uma livraria |
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Izvestia (Известия) é um jornal de
alta circulação. Pode ser traduzido como "notícia". |
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Homenagem a Constantin Stanislavski e
Niemiróvitch-Dântchenco
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Aproveitei para dar uma
espiada na Praça Pushkin (Пу́шкин), que eu havia visto só do ônibus. Ela é a queridinha dos namoradas e é comum ver flores ao
pé da estátua do poeta. Em frente, fica o Café Pushkin, muito concorrido, que
não tive tempo de conhecer.
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O poeta Alexander Pushkin (Алекса́ндр Серге́евич Пу́шкин) |
A Praça Bonita/Vermelha
fica a cerca de meia hora a pé do hotel. Fui caminhando sem muita pressa,
embora já estivesse anoitecendo, tentando gravar na memória, e não só nas
fotos, aquela avenida, os prédios, monumentos... Já estando próxima da Praça
Vermelha, me vi num ponto da avenida onde não há travessia para pedestre. E o
trânsito é intenso. Desconfiei que seria pelo subsolo, pela estação do metrô.
Desci as escadas e parei... me pareceu um labirinto. De volta à calçada, uma
moça fotografando me fez imaginar que seria uma turista, quem sabe falante de inglês.
Não era, mas com alguma mímica, duas ou três palavras em russo e um pouco de
inglês, consegui explicar que queria atravessar. Por sorte ela também. Muito
solícita, me guiou e cheguei vitoriosa ao outro lado, confiante que ia
conseguir achar o caminho de volta.
Já
dentro da Praça, o pôr do sol por trás da São Basílio criava um cenário de uma
beleza... (suspiro!) Difícil descrever. Fiz mais uns cliques e voltei ao GUM
para tomar café e garantir um petisco a fim de não passar fome à noite. Achei o
Coffee
Mania (Кофемания),
que tem várias lojas em Moscou, pelo que vi depois no site deles. Ótima
escolha: os atendentes falam inglês e são super gentis. Paguei 1.213 rublos e,
como cliente da casa, ganhei um cartão para acesso ao WC, que no shopping é
pago (30 rublos).
Quando saí do GUM já estava escuro. Voltei ao Hotel orgulhosa
de minha “aventura” pelas ruas daquela cidade, sempre associada ao mistério, aos
filmes de espiões, aos revolucionários comunistas, aos desfiles militares, ao
inverno rigoroso. Despertando cada vez mais minha curiosidade por sua história,
sua gente, sua cultura, suas lendas, crenças, aspirações.
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Vista do mausoléu de Lenin a partir da entrada do GUM |
(1)
É famoso o texto de Walter Benjamin, A
obra de arte na época de sua reprodutibilidade técnica, sobre a
possibilidade de multiplicação de obras de arte graças à tecnologia. O autor não se
referia exatamente a catedrais, mas me veio à memória já que falamos aqui de
original e cópia. Martín-Barbero crê que há uma distorção na interpretação do
texto de Benjamin, afirmando que “reduzido a umas tantas afirmações sobre a
relação entre arte e tecnologia, tem sido convertido falsamente em um canto ao
progresso tecnológico no âmbito da comunicação ou tem-se transformado sua
concepção da morte da aura na da morte da arte.” (Dos meios às mediações. Ed. UFRJ, 2009, p.81). Eu penso que a cópia
democratiza o acesso à arte, mas, nem a morte da aura é a morte da arte nem as
reproduções invalidam a magia da aura, que só o original pode conter. Não fosse
assim, por que iríamos aos museus?
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