Deixando Estocolmo no fim da tarde |
Todos a bordo! O
barco que nos levará a Tallinn, o “Victoria I”, é
mais imponente do que eu imaginava. A despedida de Estocolmo, pelo Báltico, nos
oferece bonitas paisagens e simpáticos e ruidosos companheiros de penas, que
parecem estar já bem acostumados à presença de humanos indo e vindo, a bordo de
ferry boats.
Sun deck (mesmo sem sol) |
A cabine, que já
haviam me alertado ser muito pequena, foi tranquilamente suficiente para me
acomodar (as malas ficam alojadas em outro compartimento). Afinal, é apenas uma
travessia, não vamos ficar dias e dias a bordo.
Por 5,80 Euros
(moeda que a Estônia adotou) fiz um lanche (café + croissant) num dos cafés do
barco, o Bellman, servido por uma bonita e um tanto sisuda estoniana. Aos
poucos a moça foi abrindo a guarda e conversamos um pouco, em inglês, sobre
nossos países, sobre as dificuldades dos jovens em achar colocação no mercado
de trabalho. Pedi que me ensinasse a dizer obrigado e ela escreveu num
papelzinho: Aitäh. Pronuncia-se algo
como “aitár”. Eu aprenderia algumas outras (poucas, bem poucas) palavras na
língua estoniana com nossa guia local, Silvy.
O interior do “Victoria
I” é bem bonito. Claro, não se lembrar do Titanic é impossível e, cada vez que
subia ou descia pelas escadas douradas, tinha a impressão de que iria encontrar
o Di Caprio. Eu havia feito, em 2016, um cruzeiro pelo Rio Negro (um dia,
talvez, escreva umas crônicas sobre ele) e já cruzei o Rio da Prata de Buenos
Aires para Montevidéu, mas este barco é bem maior.
Meu endereço a bordo |
A TV da cabine não
oferece muitas atrações, especialmente se você não fala sueco nem estoniano,
mas pode-se acompanhar a visão que se tem da ponte de comando e também o
deslocamento do navio, numa animação, como aquele aviãozinho nas aeronaves.
Voltei ao café do
deck 7 para um lanche noturno, dei uma organizada nas fotos dos últimos dias e,
sentindo o barco balançar, arrisquei uma escapada ao sun deck, no 9º andar, que estava deserto àquela hora, ingenuamente
achando que veria o mar revolto. Chovia um pouco e ventava. Escuridão total. Dois
tripulantes apareceram, creio que receando que aquela coroa, não sueca, mas
latino-americana, quem sabe meio maluca, estivesse planejando se jogar nas
águas do Báltico. Sorri malandramente para eles e, antes que me levassem para
algum porão, voltei à cabine com aquela adorável sensação de criança que fez
uma travessura.
Cuidado com a fuligem que sai da chaminé |
Jogar lixo no mar? Nem pensar! |
Nada de bagunça depois das 23:00 horas. |
Tomei um banho no
espremidíssimo box, preparei a cama, mas custei a deitar, desejando curtir cada
segundo daquela travessia e tentando enxergar alguma coisa no breu da noite. Na
madrugada o barco faz uma parada em Mariehamn/Åland, e lá estava eu
espiando pela vigia, impressionada com a precisão e a suavidade com que o gigante
encosta no atracadouro (só conseguia ver uma grande estrutura metálica).
Vislumbrei alguns poucos vultos e me obriguei a dormir um pouco.
Enfim, pela manhã,
depois do café, nos preparamos para desembarcar em Tallinn. Uma horda de chineses
se aglomerava no deck 5, onde fica a entrada/saída. Pensei em voltar ao café
Bellman para dizer tchau à moça bonita, mas a multidão me
fez desistir.
De olho nos catioros que acompanhavam os policiais. |
Sob uma chuvinha
desembarcamos e, carregada de expectativas sobre a capital da Estônia, ia eu pensando
que seria bom poder fazer esta viagem algumas outras vezes na vida.
A bela Tallinn à nossa espera |