6º dia: Hoje
a visita é a José Saramago, na Fundação que leva seu nome. Fica na
charmosíssima Casa dos Bicos, na Rua dos Bacalhoeiros. Além de ser uma casa
dedicada ao escritor, o local é um sítio arqueológico muito interessante. Para
chegar lá, saí do Terreiro do Paço, mapa em mãos. Não é muito longe e o
percurso é bem interessante.
A Fundação
José Saramago, criada em 2007, ocupa
esse belo endereço desde 2012 e sua atuação vai além da difusão da literatura:
trabalha também na defesa dos direitos humanos e do meio ambiente. O vasto
acervo é apresentado ao público numa exposição permanente batizada de “A semente e os frutos”. As palavras do escritor
estão em toda parte, paredes, escadas...
Saramago sempre em boa companhia, como Vargas Llosa e García Márquez. |
Ouvindo atento a fala do Comandante. |
Texto datilografado de Ensaio sobre a Cegueira, com correções do autor. |
São dezenas de
livros, manuscritos, fotografias, objetos pessoais e arquivos em áudio e vídeo.
Com os fones podemos ouvir Saramago, prêmio Nobel de Literatura em 1998. Numa
das gravações, o escritor fala das celebrações pelos 50 anos da Declaração
Universal dos Direitos Humanos (proclamada
pela Assembleia Geral da ONU em 1948). Diz ele que, tal como o Carnaval,
há três dias de comemorações e depois... fica-se esperando pelos próximos 50
anos. O que acontece no intervalo não tem importância nenhuma. Certeiro e
amargo, Saramago.
Saramago em muitas línguas, inclusive russo. |
Lá fora, o Tejo. |
Vizinhas à Casa dos
Bicos, há outras bonitas construções. Descubro que a casa da direita, conhecida
como a Casa das Varandas, é anterior ao terremoto de 1755 (época D.João V).
Veja artigo aqui.
Da a Rua dos Bacalhoeiros
parti em busca de Santo Antônio, que antes de ser de Pádua era de Lisboa. No
caminho, mais cantinhos curiosos e uma paradinha para um lanche/almoço rápido
na Confeitaria Rainha Dona Amélia (como em vários outros lugares, brasileiros
trabalhando por lá).
A igreja de Santo
António, que fica próxima à Sé, ergue-se no local onde o santo nasceu. Junto
comigo, chega um grupo ruidoso de turistas. Quando saio, um padre reza a missa
em italiano. Rezei, meditei, comprei uns pãezinhos abençoados e uns souvenires.
Largo defronte à Igreja de Santo António |
Sé de Lisboa |
Pretendia continuar
a expedição pelas ruas de Lisboa, mas o calor me fez antecipar a ida ao Estádio da Luz, casa do Benfica, com
uma escala no Colombo, visita planejada para outro dia. Voltei ao Terreiro do
Paço onde peguei o metrô linha azul até a estação Colégio Militar/Luz. Achava
eu que o acesso desta estação para o estádio era próximo. Ledo engano. Mais uma
caminhada, alongada pelo calor sob o sol, me esperava. No caminho pedi
informações a dois senhorinhos que vinham passando. Discretamente
galanteadores, gostaram da brasileira aqui e gentilmente me indicaram o
caminho, apesar de serem torcedores do... Sporting.
Atravessei um túnel
onde já se percebe a força do Benfica. Mais caminhadas, escadas, fila de
bilheteria e enfim entrei no reluzente Estádio da Luz. Um grupinho já esperava
a visita guiada. Única “menina” no grupo, exceto por uma mãe com dois filhos
pequenos, fiz um ótimo tour guiado por um quase menino muito gentil. É um belo
estádio, super bem cuidado, aquele gramado onde a bola rola mais bonito,
inclusive em jogos da cultuada Champions
League.
Sala de coletiva de imprensa |
E tem as águias. As
águias! O guia nos garantiu que elas são soltas antes de cada jogo, voam sobre
o estádio e pousam no centro, enquanto a torcida canta. Tá aí uma coisa que eu
adoraria ver, embora me aflija um tanto ver as bichinhas presas pelo pé. Ainda
que o guia nos garanta que elas exercitam uns voos duas vezes por dia, com o
tratador. O que eu não gostei mesmo foi ver uma delas presa na loja para que os
torcedores tirem fotos (pagando alguns bons euros, é claro).
Conhecemos o
vestiário do time visitante, onde já se vestiram/despiram nomes como Ronaldinho,
Puyol, Drogba e muitos outros .... (as
fotos ficam rolando nos monitores). O vestiário dos donos da casa não é aberto
a visitantes nem a outras equipes, a não ser a seleção portuguesa. Foi também
usado na final da Champions League de
2014 (o estádio é candidato para a final de 2020). Um misto de cuidados com a segurança
e receio de mandingas, provavelmente. Afinal, superstição e futebol jogam no
mesmo time.
Por estas macas já passaram corpitchos de atletas que valem ouro. |
Camisa do Gabigol, recém chegado ao clube. E do goleiro Julio César. |
Conheci um rapaz
de Manaus, camisa do Flamengo, que está a estudar por lá. Acho que andava com saudades
do Brasil, pois conversou bastante comigo e se dispôs a fazer uns cliques meus junto
ao ídolo eterno dos encarnados (não é espiritismo, é como chamam os torcedores
do Benfica).
Reverenciando Eusébio, o Pelé (ou Zico) deles. |
Com as baterias já
praticamente descarregadas, necessitando de comida e wc, segui para o shopping Colombo, um templo de consumo grandioso. São
muitas opções na área de alimentação, além de infinitas lojas, é claro. Há uma
grande área de lazer para as crianças e uma saída que te leva direto para o
metrô. Comprei um lanchinho para a noite, porque a essa altura meu mercadinho
já estaria fechando, e rumei para o hotel.
Nenhum comentário:
Postar um comentário