segunda-feira, 17 de julho de 2017

ASSIM NO MAR, COMO NA TERRA: Almirante Negro é homenageado na ABI

Estátua de João Cândido - Praça XV


Certamente uma das mais belas homenagens que João Cândido, O Almirante Negro, recebeu está nos versos de Aldir Blanc para a música de João Bosco, O Mestre–Sala dos Mares, que, mesmo sofrendo censura, sobreviveu e continua verdadeira e bela até hoje.



Mas, homenagens a quem as merece nunca são demais, ao contrário, servem para celebrar e manter acesa a memória de quem não veio ao mundo a passeio, ao contrário, deixou sua marca.



Na última sexta-feira, dia 14/07, João Cândido Felisberto foi lembrado na Associação Brasileira de Imprensa (ABI), onde seu filho caçula, Adalberto do Nascimento Cândido, o Candinho, trabalha há mais de 60 anos. A data é simbólica, pois marca o Dia Internacional da Liberdade.


Uma homenagem singela, discreta, mas que encheu a sala do 7º andar da ABI com um clima de afeto, respeito, fraternidade. O jornalista e Mestre Griô Prudêncio, da ONG MovimentAção, puxou a roda de conversa, ou Roda de Troca de Saberes e Fazeres,  lembrando que, além dos registros impressos, assim também se preserva a memória de nossos antepassados: compartilhando histórias, experiências, conhecimento.
Com Candinho, à minha direita, e Mestre Griô Prudêncio.
 Candinho, que preside a Confraria Nacional João Cândido Felisberto, com sede em Porto Alegre, relembrou a história de luta do pai, líder da Revolta da Chibata, um homem que pagou um alto preço por lutar por liberdade e justiça. Expulso da Marinha, foi preso e depois foi internado como louco.
João Cândido ao centro
 Era o ano de 1910. Indignados com os maus tratos, os castigos físicos aplicados mesmo após terem sido proibidos pelo governo republicano, os marinheiros se rebelaram quando o colega Marcelino Rodrigues foi castigado com inacreditáveis 250 chibatadas.



Para quem ama o cinema e reverencia a História, logo vem à mente um clássico do cinema russo/soviético, O Encouraçado Potenkim, de Serguei Eisenstein. O filme, de 1925, é um ícone da cinematografia mundial, com cenas antológicas que retratam a revolta dos marujos contra a crueldade dos oficiais e o massacre daí decorrente, nas ruas de Odessa, em 1905.
 As chibatas se calaram, mas outros açoites, mais sutis, mas não menos cruéis, persistem em castigar muitos homens e mulheres que, nos mares, nos campos, nas cidades, nas fábricas e oficinas insalubres, nos escritórios precários ou elegantes, sofrem assédio, exploração.



Glória aos “almirantes” de todas as cores que insistem em defender uma sociedade equânime, onde todos tenham oportunidade e voz.


O Mestre-Sala dos Mares:

A letra original, sem o dedo da censura, você pode conferir aqui 

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