Estátua de João Cândido - Praça XV |
Certamente uma das mais belas homenagens que João
Cândido, O Almirante Negro, recebeu está nos versos de Aldir Blanc para a
música de João Bosco, O Mestre–Sala dos Mares,
que, mesmo sofrendo censura, sobreviveu e continua verdadeira e bela até hoje.
Mas, homenagens a quem as merece nunca são demais,
ao contrário, servem para celebrar e manter acesa a memória de quem não veio ao
mundo a passeio, ao contrário, deixou sua marca.
Na última sexta-feira, dia 14/07, João Cândido
Felisberto foi lembrado na Associação
Brasileira de Imprensa (ABI), onde seu filho caçula, Adalberto do
Nascimento Cândido, o Candinho, trabalha há mais de 60 anos. A data é simbólica,
pois marca o Dia Internacional da Liberdade.
Uma homenagem singela, discreta, mas que encheu a
sala do 7º andar da ABI com um clima de afeto, respeito, fraternidade. O jornalista
e Mestre Griô Prudêncio, da ONG MovimentAção,
puxou a roda de conversa, ou Roda de Troca de Saberes e Fazeres, lembrando que, além dos registros impressos,
assim também se preserva a memória de nossos antepassados: compartilhando
histórias, experiências, conhecimento.
Com Candinho, à minha direita, e Mestre Griô Prudêncio. |
Candinho, que preside a Confraria Nacional João
Cândido Felisberto, com sede em Porto Alegre, relembrou a história de luta do
pai, líder da Revolta da Chibata, um homem que pagou um alto preço por lutar
por liberdade e justiça. Expulso da Marinha, foi preso e depois foi internado
como louco.
João Cândido ao centro |
Era o ano de 1910. Indignados com os maus tratos, os
castigos físicos aplicados mesmo após terem sido proibidos pelo governo
republicano, os marinheiros se rebelaram quando o colega Marcelino Rodrigues
foi castigado com inacreditáveis 250 chibatadas.
Para quem ama o cinema e reverencia a História,
logo vem à mente um clássico do cinema russo/soviético, O Encouraçado Potenkim, de
Serguei Eisenstein. O filme, de 1925, é um ícone da cinematografia mundial, com
cenas antológicas que retratam a revolta dos marujos contra a crueldade dos
oficiais e o massacre daí decorrente, nas ruas de Odessa, em 1905.
As chibatas se calaram, mas outros açoites, mais
sutis, mas não menos cruéis, persistem em castigar muitos homens e mulheres que,
nos mares, nos campos, nas cidades, nas fábricas e oficinas insalubres, nos
escritórios precários ou elegantes, sofrem assédio, exploração.
Glória aos “almirantes” de todas as cores que insistem
em defender uma sociedade equânime, onde todos tenham oportunidade e voz.
O
Mestre-Sala dos Mares:
Na voz de João Bosco: https://www.youtube.com/watch?v=l_sdVAgyiLk
Na voz de Elis Regina: https://www.youtube.com/watch?v=7--djtYGqKw&list=RD7--djtYGqKw
A
letra original, sem o dedo da censura, você pode conferir aqui
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