“Receita e
PF reconhecem que não fiscalizam todas as cargas”. Este é o título de uma
matéria, da repórter Vera Araújo, publicada na última sexta-feira, dia 02/06,
no jornal O Globo. Tratava da
apreensão de contêineres recheados de fuzis no aeroporto Galeão-Tom Jobim.
Enquanto o
jornal era impresso, ia eu aos Correios para retirar uma encomenda pela qual
esperava há quase três meses. Uma T-shirt da Teezily, uma
inocente camisa estampando uma mensagem de caráter ambiental, criada para
ajudar a luta contra a construção do DAPL, oleoduto que corta a região
dos índios Sioux, Standing Rock, Illinois, EUA, e que já provocou vazamentos.
O pacote foi
postado na França e, segundo informação da empresa expedidora, Colissimo, chegou ao Brasil no dia 02/05.
Para poder
retirar a camisa tive de pagar R$ 73,29 (imposto de importação + uma estranha taxa
de despacho postal), cerca de 21 euros. Tudo
bem que produtos importados sejam tributados, mas sei de pessoas que compram regularmente
roupas na China e não pagam imposto. Será que depende do país de origem?
Bem, o ponto
principal aqui é: contêineres cheios de armas passam livremente pela alfândega,
pagam o imposto devido (ou não?), não são conferidos, escaneados,
inspecionados. Mas uma camisa de malha, comum, sem grife, é retida por semanas
e tributada em 60% do valor estimado pela fiscalização.
A Receita
diz que não tem como checar todas as cargas. A Polícia Federal diz que realiza
“um trabalho de observação e inteligência”. No caso da carga citada na matéria
de O Globo (e que as autoridades acreditam ser uma das muitas que já entraram
no país), o contêiner só foi apreendido porque a Polícia Civil entrou na
jogada.
Não
investiguei e, portanto, não vou questionar as condições de trabalho da
Receita, se tem pessoal e equipamento ou não. Mas é impossível não fazer o paralelo
entre as duas situações e se perguntar: será que as prioridades da dona RF na
alfândega não estão precisando ser revistas?
Obs: Não
recomendo comprar na Teezily. Além da
demora e falta de informações e/ou informações incorretas, o produto, que
supostamente seria fabricado na França, mas é feito em Bangladesh, não tem a
qualidade esperada. Descobri depois da compra que há inúmeras reclamações contra
a empresa.
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