Começa o terceiro dia de viagem. É dia de San Juan, nosso querido São
João. A Festa do Sol (Inti Raymi) que acontece nesta data em Cusco era
originalmente celebrada no solstício de inverno, 21 de junho. Com a chegada dos
espanhóis, foi mudada para o dia do santo católico. Não consegui reserva para
este dia, assim, peguei a estrada rumo ao Valle Sagrado de los Incas. Nada de aeroportos
desta vez, felizmente! Mais uma turma de turistas de várias nacionalidades:
coroas como eu, outros mais jovens, vários casais. Todos com aquela cara de
estudante em passeio da escola.
Nosso roteiro é extenso e muito promissor. Temos várias paradas pelo
caminho, montanha abaixo. Em alguns trechos, uma vista panorâmica do Valle
Sagrado. Lá está o rio Urubamba, poderoso. A paisagem é totalmente diferente daquela
a que estamos acostumados no Brasil, com nossa exuberância tropical, Mata
Atlântica, Serra da Mantiqueira... O deserto tem sua própria beleza e segredos.
A primeira parada é em Awana Kancha, um projeto privado que reúne 14
comunidades nativas. Uma parte adorável do passeio, para quem ama os animais,
como eu. Uma breve aula sobre os camelídeos ou camélidos – (Camelidae é o nome de família destas
elegantes senhoras llamas). E não é
que elas vêm da América do Norte? Seus parentes camelos e dromedários foram
para a África e elas, com os primos alpacas, vicunhas e guanacos, ficaram pela
América do Sul. A grande sensação é dar comidinha para estas fofas, uns
galhinhos verdes que elas disputam vorazmente. A “criançada” (inclusive eu,
claro) se diverte!
Aprendemos também um pouco sobre o trabalho de maravilhosas tecelãs
(tecem, como eu!) e como a confecção das peças requer não apenas habilidade,
mas muito trabalho, daí o valor mais alto quando comparado com o das peças
feitas com fio sintético, facilmente encontradas nas lojas e barraquinhas.
Muitas vezes, há apenas uma lañadura
(tosa) por ano e o colorido tanto é o natural do pelo do animal, como pode vir
de pigmentos, como o da cochinilla, um inseto. A tecelã
sacrifica uma dupla para nos mostrar como retiram o pigmento. Pobres coitados..
mas foi por uma boa causa e viverão ainda por muitos e muitos anos embelezando as
tramas de alguma peça.
Lá podemos conhecer também as muitas variedades de milho e batata dos Andes.
Em meio aos camelídeos, cochinillas e tecelãs, este encanto de criança.
Pedi licença à mãe (?)... avó(?) e fotografei.
Há uma loja no local, mas não cheguei a comprar nada ali, pois o tempo é curto e há muita coisa para se olhar. Os preços fazem jus às explicações recebidas. Não são baratos. Depois do pipi de praxe, mais uma inspeção ao redor, conferir a paisagem, e de novo embarcamos em nosso ônibus.
Em Pisac não podemos deixar de experimentar a empanada recém saída do forno (4 Soles). Num canto, gaiolinhas onde são criados os cuys. Podem chamar de hipocrisia, já que não sou vegetariana, mas não olhei muito para eles (pensei no corredor da morte). Comemos a empanada (deliciosa), mas dispensamos o cuy.
Não pude explorar muito o mercado (pena!) porque me demorei na Joyería Paty, loja de
pratas indicada por nossa guia. As peças são lindíssimas.
Novamente uma aulinha para diferenciar a prata pura das falsas pratas. Aí, sim,
fiz umas comprinhas... difícil escolha. A variedade é enorme. A paciência das
vendedoras também.
Seguimos para um almoço num local encantador, cercado de flores: o Tunupa (uma das divindades dos povos ancestrais), à beira do Urubamba. Um pisco sour de boas vindas, comida boa e um cenário de castelo espanhol que fez eu me sentir a própria rainha Isabel de Castela.
Seguimos para um almoço num local encantador, cercado de flores: o Tunupa (uma das divindades dos povos ancestrais), à beira do Urubamba. Um pisco sour de boas vindas, comida boa e um cenário de castelo espanhol que fez eu me sentir a própria rainha Isabel de Castela.
O Rio Urubamba corre junto ao Tunupa |
Nossa expedição pelo Valle Sagrado continua na próxima postagem. Até lá!
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