A distância que separa o Rio de Janeiro do século XIX do Rio do século
XXI é a mesma que existe entre a chuteira que os jogadores de futebol calçavam
na Copa de 1930 e as personalizadas que usam hoje, desenhadas e fabricadas com
altíssima tecnologia.
Ainda que aparentemente sejam assuntos incompatíveis, na verdade têm
muito em comum. A “força da grana que ergue e destrói coisas belas” se fez
sentir tanto sobre a arquitetura da cidade – e consequentemente sobre a vida
dos seus habitantes - quanto sobre o “rude esporte bretão” que há mais de um século
apaixona homens e mulheres de todas as latitudes.
A camisa, símbolo maior para qualquer torcedor e que marca sua
identidade em meio à multidão aparentemente homogênea para os leigos, transformou-se
em outdoor móvel. Tudo é mercado, tudo é mercadoria.
Estádio virou Arena, as competições têm nome e sobrenome – Santander
Libertadores, Copa de Futebol Fifa – técnico é professor, jogador é modelo de
peças íntimas, atleta faz publicidade de cerveja...
Estádio Moça Bonita ganhou cadeiras do Maracanã |
Em Bangu, Moça Bonita é um estádio que se proclama proletário. Mas moça bonita virou periguete, o canarinho voou e um Tatu com crise de identidade deixou de ser Bola, nome óbvio para símbolo de um campeonato de futebol, para virar Fuleco.
Mas a gente protesta, e celebra e troca experiências, afeto, atentos ao
cuidado com nosso planeta, nossa cidade, como outro. Sem esquecer que a
História é um processo, que se repete, renova, deixa traços, bons e maus.
Que não nos faltem “engenho e arte” para sermos agentes de uma História,
não engessada num padrão FIFA, mas feita de espontaneidade, consciência e
solidariedade. De desenvolvimento responsável e conquistas sociais para todos.
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