Mas essa boa intenção perde o sentido quando vira um modismo e aí todos têm de, naquele dia, fazer isso ou aquilo. Aliás, Ou isto ou aquilo é um belo poema de Cecília Meireles. Belo e útil, pois nos traz de volta ao chão quando estamos... digamos, viajando na maionese.
Maionese não sei se dá ou já deu poesia. Pode ser. Viajar, com certeza.
Então, mesmo que a poesia esteja por aí todos os dias, escancarada ou camuflada, inocente, doce, sensual, contundente, denunciando ou ninando, aí vai um poema escrito há alguns anos por esta tecelã, que anda precisando tecer versos com mais frequência.
POÉTICA
Há coisas que são poéticas por si só
Um trem na neblina
Um guarda-chuva aberto que encobre alguém
Um vaso com avencas
Ou samambaias
Um par de luvas femininas
Réstia de sol pela fresta da janela
Pezinhos de bebê ao sol
Boca carnuda
Dorso masculino
Nuca de mulher
Vento nas árvores
Cheiro de maresia
Navio ao longe
Fechando o post com o link para um dos meus preferidos do poeta português que sacudiu minha vida, quando ainda adolescente. E nunca mais me deixou.
Dá a surpresa de ser – Fernando Pessoa
http://www.citador.pt/poemas.php?op=10&refid=200809030031
Nenhum comentário:
Postar um comentário