Típica comédia para toda a família, Espelho, Espelho meu é um conto de fadas nada inocente que flerta com a filosofia. E dá até para fazer uma conexão com o filme comentado na postagem abaixo, sendo o espelho o psicanalista que analisa a rainha má.
Além dos efeitos especiais, figurinos e cenários que enchem os olhos, o filme reveste a história de Branca de Neve de modernidade, fazendo eco a questões do século XXI. Além das críticas às cargas tributárias impostas aos cidadãos para financiar guerras, sob o pretexto de combate ao terrorismo (o “monstro da floresta”), há referências a preconceitos, seja contra aqueles cuja aparência não condiz com os padrões de beleza, seja contra os que aparentam ser fúteis ou inábeis, por serem belos.
A questão da vaidade excessiva, mote da história original e fonte de todo o ódio da rainha contra sua enteada, é mais atual do que nunca. Nesta versão, o brutal e hilário tratamento de beleza ao qual a rainha se submete já vale o ingresso.
Julia Roberts consegue dar a sua rainha as nuances perfeitas, sua maldade, sua insegurança. A Branca de Neve de Lily Collins sabe dosar doçura e atitude. E o filme como um todo mantém na medida certa sua porção fábula, sua porção infantil, humor e crítica social, o mundo da fantasia e o mundo real.
E, afinal, ninguém resiste a uma história bem contada.
ESPELHO, ESPELHO MEU
Mirror, mirror
Tarsem Singh (EUA, 2012, 106 min)
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