quarta-feira, 28 de julho de 2010

HAITI, AINDA


A organização ONE desenvolve campanhas mundo afora pela defesa de pessoas que vivem em situação de extrema pobreza. É mundialmente reconhecida como uma instituição séria e que tem o apoio de famosos que se destacam não apenas por suas atividades artísticas, como Brad Pitt, mas também por seu engajamento em questões humanitárias.

Pois a ONE me escreve dando duas noticias: uma boa e outra ruim. Bem, vamos à boa: graças à pressão de um abaixo-assinado que correu virtualmente o mundo, angariou mais de 200 mil assinaturas e foi entregue aos líderes mundiais na reunião do G8, a dívida do Haiti com os bancos internacionais foi perdoada. É o mínimo que deviam fazer, sabemos nós. Como sabemos também que perdão de dívidas não é coisa habitual no mundo das mirabolantes transações financeiras internacionais.

O que o pessoal da ONE nos pede agora é que ajudemos a transformar a outra notícia, a ruim, em boa também. Da ajuda prometida por vários países – Brasil inclusive - para reconstrução do país devastado pelo terremoto, só 10% lá chegaram. Bill Clinton, enviado especial das Nações Unidas, está à frente dessa campanha. E a gente pode ajudar, assinando outra petition.

O Brasil, como nação, já fez sua parte e cumpriu o prometido – além de milhares de brasileiros que se mobilizaram e enviaram donativos. Abro aqui parêntesis para falar de um exemplo dessa solidariedade, dado por alunos do SOLAR MENINOS DE LUZ, que vivem numa favela carioca. Estive lá durante o encerramento da primeira fase da campanha de doações e você confere a matéria em:
http://www.meninosdeluz.org.br/detalhe_noticia.php?cod_novidades=77

Já para assinar o novo abaixo-assinado da ONE você clica aqui:
http://www.one.org/international/actnow/haitiaid/

Vamos dar mais essa forcinha ao Haiti?

quinta-feira, 22 de julho de 2010

DE PESSOA A DEBORD



"O poeta é um fingidor.

Finge tão completamente

Que chega a fingir que é dor

A dor que deveras sente..."

Ah, Fernando Pessoa e seus versos imortais...

Fingido ele próprio, poeta que era (e é, para sempre). Mas um fingir que merece todo perdão. E será que é fingimento mesmo o que as palavras do poeta carregam? Ou será a revelação de mundos interiores que ele mesmo desconhece?

Salto da poesia de Pessoa para Guy Debord e a Sociedade do Espetáculo ("Toda a vida das sociedades nas quais reinam as condições modernas de produção se anuncia como uma imensa acumulação de espetáculos. Tudo o que era diretamente vivido se esvai na fumaça da representação".

A sociedade onde o que importa é o "parecer". Já foi importante ser, depois o capitalismo dito selvagem, ditou a regra: o importante é ter. Agora... basta parecer, criar seu avatar, seu mundo virtual, ter milhares de seguidores no tweeter, estar sempre muito ocupado, falar muito ao celular... ser visto, ver, mas escutar pouco, ou nada.

A tecnologia a serviço não de uma vida mais humana, mais compartilhada, mais solidária, divertida, mas servindo para a grande representação de que fala Debord.

Divagações... saudades de Pessoa, talvez.


Notas:


2 - "A Sociedade do Espetáculo" você encontra em: http://www.ebooksbrasil.org/eLibris/socespetaculo.html


quarta-feira, 14 de julho de 2010

ECA – 20 ANOS


O Estatuto da Criança e do Adolescente completa 20 anos. Houve avanços nesta delicada e essencial questão da sociedade brasileira? Sim. Mas ainda há muito a conquistar, num percurso onde a personagem principal é a Educação.

Há 2 anos, comemorávamos a conclusão de nosso curso de Jornalismo de Políticas Públicas Sociais (JPPS), na UFRJ (NETTCON) e celebrávamos a maioridade do ECA. Um momento especial, de grande emoção, permeada por aquele sentimento indescritível de fraternidade e esperança. O professor Deodato Rivera, cuja história de vida está intimamente ligada ao ECA, lá estava. Hoje ele descansa em outras paragens, mas certamente atento e solidário às ações que aqui realizarmos em benefício das crianças, jovens, da sociedade enfim.

Na Câmara dos Deputados está sendo realizado o seminário “Os 20 Anos do ECA e as Políticas Públicas: Conquistas e Desafios”, com a proposta de apontar “estratégias eficazes para a efetividade da legislação brasileira no que diz respeito à proteção de meninos e meninas que ainda não vivenciam, com plenitude, seus direitos”. Outras informações: www.camara.gov.br/cdh




(nas fotos: Prof. Evandro Ouriques (NETTCON/ECO/UFRJ) e George Araújo; Deodato Rivera em entrevista à TV).

sábado, 10 de julho de 2010

BRIGAM ESPANHA E HOLANDA


Relembrando Leila Diniz, que nunca ouviu falar em Jabulani:


Brigam Espanha e Holanda

Pelos direitos do mar

O mar é das gaivotas

Que nele sabem voar

O mar é das gaivotas

E de quem sabe navegar.


Brigam Espanha e Holanda

Pelos direitos do mar

Brigam Espanha e Holanda

Porque não sabem que o mar

É de quem o sabe amar.

Leila Diniz Do livro: "Leila Diniz", Editora Brasiliense, 1983, SP



Achei nesse blog um pequeno e interessante texto sobre este tema: http://blogfernandoleite.blogspot.com/2010/07/brigam-espanha-e-holanda.html#comment-form




quinta-feira, 1 de julho de 2010

ELMO AMADOR, UM PROFISSIONAL DO AMOR ÀS ÁGUAS


A internet me traz uma notícia triste: morreu Elmo Amador. Há exatos quatro anos, junho de 2006, concluí um curso livre de Jornalismo Ambiental na ABI (Associação Brasileira de Imprensa), com a jornalista Zilda Ferreira (de vermelho na foto). Uma das lembranças – e ensinamentos – mais fortes que ficaram daqueles encontros no charmoso prédio da Rua Araújo Porto Alegre foi a visita/aula do geógrafo Elmo Amador.

Naquela época sua figura já denotava uma saúde debilitada, mas sua disposição para defender o meio ambiente, especialmente a Baía de Guanabara, superava qualquer fragilidade física. Nascido em agosto de 1943 em Itajaí-SC, o Professor Elmo fundou e militou em diversos órgãos de proteção ao meio ambiente. E em seus textos transbordava não apenas os conhecimentos científicos, mas um grande amor pela natureza.


Em sua homenagem, transcrevo aqui alguns trechos de textos que ele generosamente nos enviou por e-mail, com essas palavras de carinho: “Prezados amigos, Envio atachados 3 textos sobre a nossa querida Baía de Guanabara. Beijos e abraços. Elmo Amador”.



.BAÍA DE GUANABARA E ECOSSISTEMAS PERIFÉRICOS - HOMEM E NATUREZA:


Trava-se atualmente em torno do Programa de Despoluição da Baía de Guanabara, que envolve diversos projetos, um embate de concepções. Acompanhados por uma espetacular propaganda na mídia, vultosos recursos nacionais e internacionais estão empregados para a execução de obras de saneamento prioritárias, como estações de tratamento e redes de coleta de esgoto. A maioria destas estações, no entanto, terão tratamento apenas primário e o efluente será lançado no interior da baía através de emissários submarinos. Algumas estações de tratamento de esgoto estão sendo construídas por sobre manguezais. Por outro lado, grandes obras de drenagem e dragagem vêm sendo realizadas na baixada, através da SERLA, com notórios impactos na sedimentação da baía. Simultaneamente, novos aterros oficiais continuam roubando áreas da baía, enquanto junto a já altamente poluidora Refinaria de Caxias instala-se se o “polo do gás”. Enfim mesmo depois da Rio-92, do propalado “desenvolvimento sustentado” e da suposta consciência ecológica, o poder público continua sendo o principal agressor da baía”.

. SUGESTÕES DE ROTEIROS A SEREM PERCORRIDOS POR EMBARCAÇÃO NA BAÍA DE GUANABARA - PROJETO DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL DO PDBG:
“Navegar na Guanabara é mergulhar num passado mágico. É cruzar as mesmas águas singradas pelos Tupinambás e seus ancestrais, que em suas frágeis canoas e ubás, estabeleceram uma relação harmoniosa de sustentabilidade com a Guanabara. É percorrer os mesmos percursos feitos pelos galeões e caravelas e pelas chaluas impulsionadas pelos sofridos e fortes braços escravos. Em suas águas penetraram corsários e piratas saqueadores, travaram-se batalhas pela conquista das terras. Em suas águas frequentemente grandes manadas de baleias pariam seus filhotes no inverno. No interior e margens da baía lentamente se instalaram diversos ecossistemas periféricos que asseguravam uma elevadíssima produtividade biológica, que sustentou os povos, que acompanharam as graduais modificações ambientais sofridas pela baía desde sua formação. Navegar pela Guanabara é ter a mesma emoção de êxtase dos visitantes naturalistas que a conheceram e a decantaram em prosa e verso.

As qualidades da Guanabara foram também a sua perdição. A água abrigada, a facilidade de acesso ao interior através de suas águas e rios e as riquezas de suas matas atraíram a cobiça dos europeus que aqui se instalaram e construíram uma cidade colonial, que para se desenvolver soterrou brejos, lagunas, manguezais, restingas e matas, arrasou morros, modificou a geografia e finalmente envenenou as sua águas”.


Amador no nome – por amar e não em oposição a profissional - já vejo o Elmo, tranquilo, às margens daquela linda baía do século XVI, sorrindo amorosamente. Um beijo fraterno, Elmo.


Foto: http://www.museudapessoa.net/hmm/depoentes_hmm.html