A internet me traz uma notícia triste: morreu Elmo Amador. Há exatos quatro anos, junho de 2006, concluí um curso livre de Jornalismo Ambiental na ABI (Associação Brasileira de Imprensa), com a jornalista Zilda Ferreira (de vermelho na foto). Uma das lembranças – e ensinamentos – mais fortes que ficaram daqueles encontros no charmoso prédio da Rua Araújo Porto Alegre foi a visita/aula do geógrafo Elmo Amador.
Naquela época sua figura já denotava uma saúde debilitada, mas sua disposição para defender o meio ambiente, especialmente a Baía de Guanabara, superava qualquer fragilidade física. Nascido em agosto de 1943 em Itajaí-SC, o Professor Elmo fundou e militou em diversos órgãos de proteção ao meio ambiente. E em seus textos transbordava não apenas os conhecimentos científicos, mas um grande amor pela natureza.
Em sua homenagem, transcrevo aqui alguns trechos de textos que ele generosamente nos enviou por e-mail, com essas palavras de carinho: “Prezados amigos, Envio atachados 3 textos sobre a nossa querida Baía de Guanabara. Beijos e abraços. Elmo Amador”.
.BAÍA DE GUANABARA E ECOSSISTEMAS PERIFÉRICOS - HOMEM E NATUREZA:
“Trava-se atualmente em torno do Programa de Despoluição da Baía de Guanabara, que envolve diversos projetos, um embate de concepções. Acompanhados por uma espetacular propaganda na mídia, vultosos recursos nacionais e internacionais estão empregados para a execução de obras de saneamento prioritárias, como estações de tratamento e redes de coleta de esgoto. A maioria destas estações, no entanto, terão tratamento apenas primário e o efluente será lançado no interior da baía através de emissários submarinos. Algumas estações de tratamento de esgoto estão sendo construídas por sobre manguezais. Por outro lado, grandes obras de drenagem e dragagem vêm sendo realizadas na baixada, através da SERLA, com notórios impactos na sedimentação da baía. Simultaneamente, novos aterros oficiais continuam roubando áreas da baía, enquanto junto a já altamente poluidora Refinaria de Caxias instala-se se o “polo do gás”. Enfim mesmo depois da Rio-92, do propalado “desenvolvimento sustentado” e da suposta consciência ecológica, o poder público continua sendo o principal agressor da baía”.
. SUGESTÕES DE ROTEIROS A SEREM PERCORRIDOS POR EMBARCAÇÃO NA BAÍA DE GUANABARA - PROJETO DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL DO PDBG:
“Navegar na Guanabara é mergulhar num passado mágico. É cruzar as mesmas águas singradas pelos Tupinambás e seus ancestrais, que em suas frágeis canoas e ubás, estabeleceram uma relação harmoniosa de sustentabilidade com a Guanabara. É percorrer os mesmos percursos feitos pelos galeões e caravelas e pelas chaluas impulsionadas pelos sofridos e fortes braços escravos. Em suas águas penetraram corsários e piratas saqueadores, travaram-se batalhas pela conquista das terras. Em suas águas frequentemente grandes manadas de baleias pariam seus filhotes no inverno. No interior e margens da baía lentamente se instalaram diversos ecossistemas periféricos que asseguravam uma elevadíssima produtividade biológica, que sustentou os povos, que acompanharam as graduais modificações ambientais sofridas pela baía desde sua formação. Navegar pela Guanabara é ter a mesma emoção de êxtase dos visitantes naturalistas que a conheceram e a decantaram em prosa e verso.
As qualidades da Guanabara foram também a sua perdição. A água abrigada, a facilidade de acesso ao interior através de suas águas e rios e as riquezas de suas matas atraíram a cobiça dos europeus que aqui se instalaram e construíram uma cidade colonial, que para se desenvolver soterrou brejos, lagunas, manguezais, restingas e matas, arrasou morros, modificou a geografia e finalmente envenenou as sua águas”.
Amador no nome – por amar e não em oposição a profissional - já vejo o Elmo, tranquilo, às margens daquela linda baía do século XVI, sorrindo amorosamente. Um beijo fraterno, Elmo.
Foto: http://www.museudapessoa.net/hmm/depoentes_hmm.html
. SUGESTÕES DE ROTEIROS A SEREM PERCORRIDOS POR EMBARCAÇÃO NA BAÍA DE GUANABARA - PROJETO DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL DO PDBG:
“Navegar na Guanabara é mergulhar num passado mágico. É cruzar as mesmas águas singradas pelos Tupinambás e seus ancestrais, que em suas frágeis canoas e ubás, estabeleceram uma relação harmoniosa de sustentabilidade com a Guanabara. É percorrer os mesmos percursos feitos pelos galeões e caravelas e pelas chaluas impulsionadas pelos sofridos e fortes braços escravos. Em suas águas penetraram corsários e piratas saqueadores, travaram-se batalhas pela conquista das terras. Em suas águas frequentemente grandes manadas de baleias pariam seus filhotes no inverno. No interior e margens da baía lentamente se instalaram diversos ecossistemas periféricos que asseguravam uma elevadíssima produtividade biológica, que sustentou os povos, que acompanharam as graduais modificações ambientais sofridas pela baía desde sua formação. Navegar pela Guanabara é ter a mesma emoção de êxtase dos visitantes naturalistas que a conheceram e a decantaram em prosa e verso.
As qualidades da Guanabara foram também a sua perdição. A água abrigada, a facilidade de acesso ao interior através de suas águas e rios e as riquezas de suas matas atraíram a cobiça dos europeus que aqui se instalaram e construíram uma cidade colonial, que para se desenvolver soterrou brejos, lagunas, manguezais, restingas e matas, arrasou morros, modificou a geografia e finalmente envenenou as sua águas”.
Amador no nome – por amar e não em oposição a profissional - já vejo o Elmo, tranquilo, às margens daquela linda baía do século XVI, sorrindo amorosamente. Um beijo fraterno, Elmo.
Foto: http://www.museudapessoa.net/hmm/depoentes_hmm.html
2 comentários:
Estou aqui emocionada pelas suas palavras e por sua homenagem a meu pai, Elmo. Muito gratificante para nós ver as boas marcas deixadas, a inspiração e os ensinos que imortalizam o Elmo em quem esteve em essência com ele. Que em sua outra esfera ele ainda possa estar zelando pelas águas da Guanabara e por todo este reinado da natureza! Obrigada! Um abraço, Denise Amador
Cara Denise,
que linda surpresa, seu comentário. Ele me sensibiliza e me motiva a continuar escrevendo (o que tenho feito sem muita constância), neste modesto blog.
Por suas palavras a gente vê que o Elmo foi também um pai e tanto!
Um fraterno abraço.
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