sexta-feira, 19 de junho de 2009

Sala Escura: TINHA QUE SER VOCÊ


LONDRES SEM BIG BEN

O título traduzido não ajuda muito, pouco criativo, é mais clichê do que todos os clichês que o filme tem. Sim, o longa tem lá os seus lugares comuns, mas é deliciosamente previsível. O roteiro está bem acima da média dos filmes do gênero. Usando a manjada (mas eficiente) estratégia de narrar duas ações simultâneas, em locais diferentes, o filme de Joel Hopkins traz um Dustin Hoffman em ótima forma e Emma Thompson absolutamente encantadora. Quando os dois se encontram... a reação química é perfeita!

Harvey (D.Hoffman) mora em Nova York e é aquele sujeito que vive preso aos ponteiros do relógio, apressado, e é claro que sua vida pessoal é um desastre. E a profissional também não anda lá essas coisas. Kate (E.Thompson) leva uma vida sem grandes emoções, em Londres, abordando passageiros no aeroporto para que respondam a pesquisas sobre visitantes. Além de administrar a vida da mãe, que a controla o tempo todo, Kate tem de embarcar nas “armadilhas” que amigos bem intencionados lhe preparam, a fim de que dê um fim a sua vida de solidão.

Tal como o Náufrago (de Robert Zemeckis, vivido por Tom Hanks), os esforços de Harvey para controlar tudo a sua volta não funciona e uma série de contratempos vai lhe dar uma rasteira. E adivinha nos braços de quem ele vai cair? Bingo! Mas o filme não é tão raso como pode parecer. Os personagens são convincentes e os diálogos inteligentes, permeados de bom humor. São humanos, como qualquer mortal, com a fragilidade de suas convicções, ciúmes, despeito, preconceitos, medo da rejeição. Tudo que precisam é se dar uma chance.

Comédia, drama e romance se equilibram ao longo da trama. Um homem atrapalhado, sentindo-se deslocado na cerimônia de casamento da filha (bancada pelo padrasto), tem de enfrentar a si mesmo e para isso vai contar com o auxílio luxuoso da fria (nem tanto) amiga londrina. Aliás, sobre o jeito inglês de ser, há uma interessante referência (ou reverência) à princesa Diana.

Se em Antes do Pôr do Sol (de Richard Linklater) o espectador passeia pelo coração de uma Paris sem Torre Eiffel, Tinha que ser Você nos leva a adoráveis recantos de Londres, longe do Big Ben. Um filme fofo, mas quem não precisa disso de vez em quando? Vá ao cinema, sem vergonha de se emocionar. Ah, uma dica: não saia antes dos créditos finais.

Tinha que ser Você (Last Chance Harvey)
Direção/roteiro: Joel Hopkins
EUA, 2008 - 93 minutos – classificação: 12 anos
Site internacional: www.lastchanceharvey.com

2 comentários:

Clementino Junior disse...

Olá Teresa!
Adorei o seu blog... te convido a visitar o meu, sobre cinema da diáspora africana, o Cineclube Atlântico Negro, no http://atlanticonegro.blogspot.com

Abs,
Clementino Junior
(do Cineclube ABDeC-RJ, estivemos juntos no Cineclube Utopya, na sessão do Domingos)

Tecelã disse...

Valeu, Clementino!
Estou te visitando no seu blog.
abç.