O título do filme de Jia Zhang-ke bem se aplica ao conteúdo. Não, não é um filme inútil, ao contrário. A proposta é interessante e oportuna, nesses tempos de consumismo e em que o “made in China” está em quase tudo, inclusive naquelas lembrancinhas fofas, “típicas”, que a gente traz de viagem, crente que são feitas pelos nativos. Mas há, sim, muita inutilidade no longa, cenas que se arrastam desnecessariamente e nada acrescentam à história. Merece aplausos a iniciativa de Zhang-ke em mostrar as diferentes faces do vestir, do luxo à pobreza, falta a ele habilidade para costurar – sem trocadilho – os depoimentos, as sequências filmadas. Assim, o filme se torna irregular e perde em vigor e capacidade de sensibilizar o espectador, pelo menos o ocidental.
O diretor faz uma jornada por distintos territórios no mundo da confecção. Inicia numa fábrica em Cantão, onde se produzem roupas em grande escala. Glamour passa longe dali; há muito calor, um trabalho mecânico e repetitivo. Poderia ser uma fábrica de parafusos ou outra coisa qualquer. Em seguida, Jia Zhang-Ke acompanha a estilista Ma Ke em seus preparativos para uma mostra em Paris, na verdade, uma instalação e não um desfile. O nome de sua marca (Wu Yong) é que dá o título ao filme. Finalmente, entra em cena uma China desolada, numa região onde as minas de carvão roubaram dos ateliês os artesãos que antes costuravam. Os que resistem, vivem de pequenos consertos.
Há, sim, humanidade no filme chinês, e espaço para reflexão. Mas a intenção de criar uma atmosfera cult não funciona. Falta maturidade ao realizador. A idéia de fazer um docudrama não ajuda. Cenas montadas inseridas no documentário ficam sobrando, inúteis. Tudo bem que não seja alta costura – afinal, ninguém precisa disso pra ser feliz -, mas podia ser aquela roupinha básica que cai bem, agrada aos sentidos e valoriza a silhueta de quem veste. Vale a pena ir ao cinema, mas é preciso levar, junto com a pipoca, boa dose de paciência. Chinesa.
INÚTIL (USELESS – WUYONG)
Direção: Jia Zhang-ke
China/Hong Kong – 2007
Classificação: 10 anos
Duração: 1h20
O diretor faz uma jornada por distintos territórios no mundo da confecção. Inicia numa fábrica em Cantão, onde se produzem roupas em grande escala. Glamour passa longe dali; há muito calor, um trabalho mecânico e repetitivo. Poderia ser uma fábrica de parafusos ou outra coisa qualquer. Em seguida, Jia Zhang-Ke acompanha a estilista Ma Ke em seus preparativos para uma mostra em Paris, na verdade, uma instalação e não um desfile. O nome de sua marca (Wu Yong) é que dá o título ao filme. Finalmente, entra em cena uma China desolada, numa região onde as minas de carvão roubaram dos ateliês os artesãos que antes costuravam. Os que resistem, vivem de pequenos consertos.
Há, sim, humanidade no filme chinês, e espaço para reflexão. Mas a intenção de criar uma atmosfera cult não funciona. Falta maturidade ao realizador. A idéia de fazer um docudrama não ajuda. Cenas montadas inseridas no documentário ficam sobrando, inúteis. Tudo bem que não seja alta costura – afinal, ninguém precisa disso pra ser feliz -, mas podia ser aquela roupinha básica que cai bem, agrada aos sentidos e valoriza a silhueta de quem veste. Vale a pena ir ao cinema, mas é preciso levar, junto com a pipoca, boa dose de paciência. Chinesa.
INÚTIL (USELESS – WUYONG)
Direção: Jia Zhang-ke
China/Hong Kong – 2007
Classificação: 10 anos
Duração: 1h20
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