terça-feira, 1 de julho de 2014

DE MOÇA BONITA ÀS ARENAS DO FULECO

O professor de História do Curso de Especialização em Sociologia Urbana, na UERJ, nos pediu uma crônica sobre o Rio de Janeiro. Com a Copa batendo à nossa porta, saiu isso aqui:

A distância que separa o Rio de Janeiro do século XIX do Rio do século XXI é a mesma que existe entre a chuteira que os jogadores de futebol calçavam na Copa de 1930 e as personalizadas que usam hoje, desenhadas e fabricadas com altíssima tecnologia.


Ainda que aparentemente sejam assuntos incompatíveis, na verdade têm muito em comum. A “força da grana que ergue e destrói coisas belas” se fez sentir tanto sobre a arquitetura da cidade – e consequentemente sobre a vida dos seus habitantes - quanto sobre o “rude esporte bretão” que há mais de um século apaixona homens e mulheres de todas as latitudes.

A camisa, símbolo maior para qualquer torcedor e que marca sua identidade em meio à multidão aparentemente homogênea para os leigos, transformou-se em outdoor móvel. Tudo é mercado, tudo é mercadoria.

Estádio virou Arena, as competições têm nome e sobrenome – Santander Libertadores, Copa de Futebol Fifa – técnico é professor, jogador é modelo de peças íntimas, atleta faz publicidade de cerveja... 


Estádio Moça Bonita ganhou cadeiras do Maracanã
 












Em Bangu, Moça Bonita é um estádio que se proclama proletário. Mas moça bonita virou periguete, o canarinho voou e um Tatu com crise de identidade deixou de ser Bola, nome óbvio para símbolo de um campeonato de futebol, para virar Fuleco.

Mas a gente protesta, e celebra e troca experiências, afeto, atentos ao cuidado com nosso planeta, nossa cidade, como outro. Sem esquecer que a História é um processo, que se repete, renova, deixa traços, bons e maus.

Que não nos faltem “engenho e arte” para sermos agentes de uma História, não engessada num padrão FIFA, mas feita de espontaneidade, consciência e solidariedade. De desenvolvimento responsável e conquistas sociais para todos.


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