quarta-feira, 7 de setembro de 2011

PÓS MODERNA IDADE




Tentando dar uma sacudida no blog, depois de longas semanas sem conseguir acessá-lo, vai aqui um texto poético escrito num longínquo 1977, quando nem sabia que existiam expressões como "pós-modernidade" e afins.


Andando pelas ruas nesse século XXI, com alguns (muitos) anos a mais na bagagem, me parece que não evoluimos (ou até involuimos).







MODERNA IDADE

Nos sinais das ruas

Paramos e nos olhamos,

Desconfiados e agressivos,

Não trocamos sorrisos,

Não nos dizemos “bom dia”,

Nossa boca se fecha num NÃO.

Nos bares e nas esquinas,

Apressados nos esbarramos,

Não nos desculpamos,

Não cedemos a vez,

Não nos dizemos “bom dia”,

Nossa boca repete o NÃO.

Nos elevadores frios,

Silenciamos vazios

De palavras e plenos

De pensamentos e medo

De ver transposto o muro

Que esconde do mundo

Nossa verdade.

Não nos olhamos nos olhos,

Nossa boca se cala num NÃO.

Assim é você e sou eu

Frutos prematuros de um novo tempo

Que sufoca e devora

Sua própria criação.

Nossa boca confessa nossa omissão

Pois só sabe dizer e calar

Na forma do NÃO.


FOTO: Tirada em Valença-RJ em abril 2008 ("Hoje estou em pedaços / tijolo, pedra e chão / o rumor dos seus passos / espantou solidão")

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