quinta-feira, 22 de julho de 2010

DE PESSOA A DEBORD



"O poeta é um fingidor.

Finge tão completamente

Que chega a fingir que é dor

A dor que deveras sente..."

Ah, Fernando Pessoa e seus versos imortais...

Fingido ele próprio, poeta que era (e é, para sempre). Mas um fingir que merece todo perdão. E será que é fingimento mesmo o que as palavras do poeta carregam? Ou será a revelação de mundos interiores que ele mesmo desconhece?

Salto da poesia de Pessoa para Guy Debord e a Sociedade do Espetáculo ("Toda a vida das sociedades nas quais reinam as condições modernas de produção se anuncia como uma imensa acumulação de espetáculos. Tudo o que era diretamente vivido se esvai na fumaça da representação".

A sociedade onde o que importa é o "parecer". Já foi importante ser, depois o capitalismo dito selvagem, ditou a regra: o importante é ter. Agora... basta parecer, criar seu avatar, seu mundo virtual, ter milhares de seguidores no tweeter, estar sempre muito ocupado, falar muito ao celular... ser visto, ver, mas escutar pouco, ou nada.

A tecnologia a serviço não de uma vida mais humana, mais compartilhada, mais solidária, divertida, mas servindo para a grande representação de que fala Debord.

Divagações... saudades de Pessoa, talvez.


Notas:


2 - "A Sociedade do Espetáculo" você encontra em: http://www.ebooksbrasil.org/eLibris/socespetaculo.html


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