sábado, 16 de maio de 2009

SALA ESCURA - UM ATO DE LIBERDADE

Boas intenções o filme tem, não se pode negar. E boas atuações também. Bonita fotografia, ainda que explore pouco as possibilidades que as locações oferecem. Mas ver logo de cara os personagens falando um inglês com sotaque polaco-russo... dá, no mínimo, um desconforto ao espectador, pra não dizer que é um balde de água fria. Ouve-se russo, sim, o que, de certa forma, só reforça ainda mais a estranheza.

Baseado num acontecimento verídico, a história dos irmãos Bielski é uma das muitas faces pouco exploradas em filmes de guerra, no caso, a 2ª Mundial. A história dos irmãos judeus poloneses Tuvia (Daniel Craig), Zus (Liev Schreiber) e Asael (Jamie Bell) é promissora. Atingidos pela perseguição nazista, se refugiam numa floresta da Bielo-Russia, onde as adversidades, a urgência de tomar atitudes, de arriscar ou recuar, irá colocá-los em lados opostos. Unir-se à resistência russa e pegar em armas ou tentar preservar a vida de dezenas de judeus que a eles se juntam? Mas o filme é pouco ambicioso; Zwick não vai ao pote com a sede que demonstrou em Diamantes de Sangue.


A luta pela vida, de homens e mulheres perseguidos, que enfrentam o rigoroso inverno do leste europeu, a fome, as desconfianças, os bombardeios, é comovente mas não chega a fazer o coraçao do espectador bater mais forte. Há, por vezes, uma certa impressão de que procurou-se rechear o filme com passagens que poderiam ser dispensadas, até porque a duração do longa é mesmo longa (137 minutos). Mais do que o espírito, a alma da história, parece ter havido excessiva preocupação em não deixar de fora detalhes, situações vividas no dia-a-dia dos fugitivos, como se fosse parte do dever de casa. Taí o idioma inglês, fora do lugar.

Mas esses pontos negativos não devem afugentar o espectador do cinema. O filme tem seus méritos, o principal deles, abordar episódios da História pouco explorados e falar de preconceito, intolerância, ambição, fidelidade, fé... enfim, humanidade.


Um Ato de Liberdade (Defiance)
Direção: Edward Zwick – EUA, 2008

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