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Estação Maiakovskaia |
Com a
sensibilidade aguçada pela experiência anterior no Parque da Vitória, fomos com
nosso guia conhecer algumas estações do metrô de Moscou. Inaugurado em 1935, o метро (mietrô) tem hoje mais de 200 estações e continua se expandindo. Além de
muita beleza, também eficiência: os trens passam em intervalos de pouco mais de
um minuto. Algumas escadas rolantes são tão longas que parecem não ter fim e há
estações que funcionaram como abrigos antiaéreos durante a guerra.
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Estação Kievskaia |
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Estação Parque da Vitória (Парк Победы) |
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Divulgação de evento de cinema russo/soviético no vagão do metrô |
Imagino que os
milhares de passageiros nativos, tão apressados como em qualquer metrópole, não
gostem nada das hordas de turistas circulando, fotografando, atrapalhando sua
passagem. Nosso passeio pelo metrô foi numa terça-feira, um movimento intenso de
gente indo e vindo. Talvez num domingo seja mais tranquilo e se possa admirar
com mais calma as muitas belezas das estações. Mas, mesmo em meio a centenas de
cabeças, o que pude ver foi só arte.
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Estação Praça da Revolução |
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Esfregar o focinho do cachorro dá sorte, acredita-se. |
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Estação Bieloruskaia |
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Estação Maiakosvkaia (Маяковская) |
Entre 1947 e
1953, Stalin mandou construir sete arranha-céus, as chamadas Sete Irmãs. Um deles
- o edifício da Universidade Estatal de
Moscou, ou MGU
(Московский государственный университет), talvez o mais imponente - pode ser
observado em toda sua beleza do mirante Vorobyovy Gory (Воробьёвы горы), onde fizemos uma
parada. Algumas curiosidades sobre as Sete Irmãs podem ser conferidas aqui.
Desse
mirante vemos também o Estádio Lujniki (Лужники), ex-Estádio Central Lênin, construído em 1956 e reformado em 2013. Com capacidade para 81 mil
pessoas, o Lujniki viria a ser o palco da abertura, encerramento e vários
jogos, inclusive a final, da Copa do Mundo de 2018. Na ocasião desta viagem,
não estava aberto à visitação e tive de me conformar em vê-lo à distância.
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Namorando o Lujniki à distância |
Durante nossos deslocamentos, ouvimos mais um
pouco da história da URSS e da Rússia e fiz mais alguns registros da cidade. Durante o fechado período soviético apenas os judeus
podiam deixar a URSS e muitos foram para Israel. Por isso, mais de 30% da
população daquele país é de origem russa.
Ainda existem no
país moradias coletivas. As pessoas podem comprar, por exemplo, um quarto num
apartamento, onde cozinha e banheiro são compartilhados. Muitas famílias possuem
casas de veraneio fora da cidade, conhecidas como dátcha (дача). Casas individuais
também são comuns no sul do país, onde o clima melhor favorece a agricultura.
A economia russa
está assentada especialmente em atividades que envolvem matérias primas,
produtos químicos, montadoras (fazem as carrocerias) e, a mais forte, na indústria bélica,
como acontece em outros países. Quanto ao transporte, além do super eficiente
metrô, vemos em Mocou, tal como em Petersburgo, ônibus elétricos, os trolleybus
(троллейбус, fala-se traliêibus). A passagem custa 55 rublos.
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Moscou City e seus arranha-ceús modernos |
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Sede do Parlamento Russo, a Duma (Государственная Дума) |
Evgueni nos contou também
sobre o Mosteiro
Novodevitch (Новоде́вичий
монастыр), onde muitas jovens foram confinadas. Infelizmente estava em
restauração e não pudemos visitá-lo. Criado em 1524, entre os séculos XIV e
XVII, filhas dos tsares, quando impedidas de se casar, eram mandadas para lá. O
Mosteiro era também o destino de esposas rejeitadas, como fez Ivan, o Terrível,
que se casou sete vezes. Já está na lista para uma próxima viagem à Rússia.
Outro local que eu
adoraria visitar, mas apenas passamos por perto, é a MOSFILM.
Fundado em 1923, foi o mais importante estúdio da União Soviética, sobreviveu
ao colapso político do país nos anos 1990, e continua produzindo filmes. Mestres
do cinema, como Serguei Eisenstein e Andrei Tarkovski, trabalharam neste
estúdio. A Rússia/URSS já levou para casa três estatuetas do Oscar, com “Guerra
e a Paz” (1967), “Dersu Uzala” (1975) e “Moscou não acredita em lágrimas”
(1979). Várias outras produções russas já foram premiadas em festivais
internacionais.
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Rua Mosfilmovskaya - entrada da MOSFILM |
Após nosso passeio pelo metrô, almocei num restaurante tipo self-service,
próximo à Praça Vermelha. Não é exatamente um self-service, já que a pessoa não
se serve. Você escolhe o que quer no balcão/vitrine e as funcionárias vão
colocando no prato. O valor não é por peso, mas por porção, e cada uma tem seu preço.
Paguei 503 rublos e até que estava gostoso. Não registrei o nome do local, a
fome era devastadora e o tempo, como sempre, curto. E a fila, que achei grande,
era até pequena perto da que havia para o wc. Já no aperto, saí caçando uma
outra opção no shopping ao lado. Não foi nada fácil, mas consegui enfim. Preço
20 rublos (mais barato que no GUM).
Fome aplacada, voltei a me reunir com o grupo e o nosso guia e partimos
para o Teatro Bolshoi, ali perto. Atravessei de novo aquela passagem
subterrânea que dá acesso a uma estação de metrô. A temperatura estava amena e
dava até para abrir o casaco. Bolshoi (Большой – fala-se balshoi) em russo
significa grande. Na mesma praça está o teatro малын, de маленький (málinki = pequeno).
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Teatro
малын |
O Teatro Bolshoi foi fundado em 1776, mas apenas em 1780 passou a ter seu
próprio prédio. Destruído por incêndios, o edifício que vemos hoje já é a
terceira reconstrução, datando do século XIX (1825). Belíssimo por dentro e por fora, nossa visita
ficou prejudicada, pois estavam fazendo um teste de luz no teatro. Palco,
plateia, balcões, galerias, tudo estava escuro (veja fotos neste site). Em compensação, subimos até o topo onde fica um salão com um palco e
cadeiras para um pequeno público, local de ensaio dos artistas. Ali, em
silêncio, assistimos a um espetáculo solo. Proibido fotografar, claro. A
professora corrigia a bailarina, erros completamente imperceptíveis para nós
pobres mortais. Técnica e beleza em grau extremo.
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Exposição de figurinos usados em espetáculos do Bolshoi |
De volta ao hotel,
final do dia, últimas horas em Moscou, já que teremos de sair ainda de
madrugada para o aeroporto Domodedovo (Домодедово), a 50 km do centro da
capital russa. Já sabendo que não ia conseguir dormir, preocupada em fechar a
mala e com o horário de saída do hotel, me conformei em não ir muito longe. Dei
apenas uma breve caminhada na Tverskaia para o lado oposto ao da Praça Vermelha,
a fim de conferir o monumento a Maiakovski. O poeta fica numa praça onde há
quatro teatros. Aliás, a cidade tem 70 teatros e há vários quiosques na rua
onde se podem comprar ingressos.
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Estátua do poeta Maiakovski(Маяковский) |
Hora de comer de
novo, recorri ao Starbucks próximo ao hotel. Imaginei que ali os atendentes
falavam inglês. Doce ilusão. Mas consegui tomar um café com croissant e, com
algum esforço meu e da atendente, levar o tradicional lanche da noite: um
sanduíche e um suco. Total: 885 rublos.
Impossível deitar e
dormir sabendo que tinha de entregar a mala às 2 da madrugada e sair do hotel
às 3h. Triste por ir embora, sonolenta e com aquela usual TPA (tensão
pré-aeroporto), fui no ônibus até o Domodedovo sem pregar o olho e mal consegui
comer alguma coisa do lanche (um tanto estranho, tinha até laranja com casca)
que o hotel nos forneceu.
Enfim, despachadas
as malas (só iria pegá-las no Rio, 24 horas depois), passei sem problemas pela
imigração e pelo “scanner” que, imagino, deve ver até sua alma. Fui logo
levantando os braços, como vira as outras pessoas fazerem, e a policial até
sorriu pra mim. Ainda não tinha passado por esse tubo – que parece uma máquina
de teletransporte – em nenhum outro aeroporto. Tranquilo. E ver o nascer do sol
da despedida foi um alento ao sono e à saudade que já se antecipava.
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Vendo o dia nascer no aeroporto Domodedovo (Домодедово) |
O tédio da espera foi quebrado quando encontrei num quiosque o Zabivaka
(Забивака) e o Cheburashca (Чебурашка), fofuras de pelúcia que trouxe comigo (me custaram 50 dólares, mas
era a despedida e eu fiquei feliz por ter a companhia deles). Viajei ao lado de
duas simpáticas senhoras russas e nossas tentativas de comunicação não surtiram
muito efeito, mas rolou um clima de mútua simpatia e, já desembarcadas,
conseguimos nos desejar felicidades. Durante o voo, passamos sobre cinco países europeus,
o primeiro deles, Bielorrússia ou Belarus (Беларусь), ex-república da URSS.
As longas horas de espera no aeroporto de Lisboa (e
com duas horas a menos que Moscou) não foram nada fáceis e não pretendo repetir
a experiência. O voo para o Brasil era só à noite, mas eu havia optado por não
pernoitar na capital lusitana, evitando o deslocamento
aeroporto-hotel-aeroporto, e com as malas. Peguei o metrô e fui para o Shopping
Vasco da Gama almoçar e passar o tempo, mas o sono era feroz. A vantagem foi
que dormi quase todas as 10 horas de voo de volta.
Meu corpo desembarcou no Rio
como se tivesse feito uma viagem interplanetária. E a alma, bem essa ainda
ficou por um bom tempo flanando pelas улицы
(úlitsi = ruas) da grande Rússia.
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Passaporte carimbado: 14/09/17 entrada na Rússia ( Россия) por São Petersburgo, 20/09/17 saída pelo Domodedovo |