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Lisboa, com o Tejo, vista do Castelo de São Jorge |
Fernando Pessoa,
encarnado em Álvaro de Campos, tem um poema chamado “Lisbon
Revisited (1926)”. Embora não me lembrasse bem de seus versos, este título
instalou-se na minha cabeça desde que decidi voltar a Portugal, dez anos após a
minha primeira (e única, até então) viagem à Europa.
Pois lá estava
Lisboa, lá estava Portugal. Bem diferentes do que eu tinha na lembrança. E eu
me perguntava: mudei eu? Ou a cidade? Ou é a estação do ano? A temporada de
férias? Provavelmente um pouco de tudo. E Fernando Pessoa, à porta do Café À Brasileira. Esperando por mim.
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Em 2007, primeiro encontro. |
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Em 2017, tão quente ao sol que mal podia tocar. |
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A cidade fervia de
calor e de turistas, verdadeira Babel. Muitos europeus do norte, louríssimos e
rosados, ávidos por sol. Um calor para além do que eu esperava. Trânsito
intenso, tuk-tuks, scooters e outros
tipos de engenhocas sobre rodas. Muita gente, muita fila.
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Terreiro do Paço/Praça do Comércio |
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Rossio | |
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Chiado |
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Vai e vem de ônibus de turistas |
Minha viagem, na
verdade, tinha um propósito mais ousado, para além de Portugal: visitar a
grande Rússia. Resolvi, então, conjugar duas excursões (o que nem de longe é o
melhor modo de viajar, mas tem suas compensações, especialmente para senhoras
solitárias e que penam para carregar a mala): uma que iria de Estocolmo a
Moscou e, para começar, uma pelas belas terras lusitanas, com uma esticadinha a
Santiago de Compostela.
Ainda que com as
frustrações de praxe (“queria ter ido ali, visto aquilo, visitado tal
castelo...”), foi uma jornada bastante rica. Rever lugares guardados na
lembrança, conhecer outros, testar minha memória tentando localizar ruas,
praças, restaurantes.
Aos poucos, a
Lisboa, com seus telhados vermelhos, seu sobe-desce, e o Tejo, grandioso, foram
se tornando mais familiares. Reviver, agora sob sol forte, a Rua do Alecrim,
descer até a Rua do Arsenal, rememorando a crônica que
havia escrito dez anos antes, ao fazer este percurso, sob o frio do inverno
português.
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Rua do Alecrim |
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Rua do Alecrim, o Tejo ao fundo |
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A mesma placa, clicada em 2007 |
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Jeitinho português de atrair os clientes (vitrine na Rua do Alecrim) | | |
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“Outra vez te revejo - Lisboa e Tejo e tudo -, / Transeunte
inútil de ti e de mim,/ Estrangeiro aqui como em toda a parte,/ Casual na vida
como na alma...”. “Cidade triste e
alegre, outra vez sonho aqui... / Eu?
Mas sou eu o mesmo que aqui vivi, e aqui voltei, / E aqui tornei a voltar, e a
voltar. / E aqui de novo tornei a voltar? / Ou somos todos os Eu que estive
aqui ou estiveram...”, diz Pessoa em
seu poema.
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Praça do Comércio/Terreiro do Paço |
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Praça do Comércio/Terreiro do Paço e arco da Rua Augusta |
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Rio Tejo, junto ao Terreiro do Paço |
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Guardiãs do Tejo |
Entre uma excursão e
outra, uma semana soltinha em Lisboa, pude explorar bem a cidade, usei e abusei
do metrô, bati perna, subi e desci incontáveis ladeiras. Visitei vários lugares
que tinha programado, descobri outros. E me prometi fazer mais isso, mais
vezes, no meu Rio de Janeiro, cidade cada vez menos gentil, mas ainda bela e
cheia de histórias, da História.
A segunda etapa da
viagem, Países Bálticos e Rússia, foi como entrar numa nave espacial e ir para
outro planeta. Outro clima, outras paisagens, outras moedas, outras línguas,
outros hábitos. Uma experiência e tanto! Mas estas já são outras crônicas.