quarta-feira, 12 de novembro de 2008

CINE GAIA – MEIO AMBIENTE NO CINEMA (parte 2)


CENA 4 – A GENTE LUTA MAS COME FRUTA – sem trocadilho, é um filme para se saborear. Faz parte do projeto Vídeo nas Aldeias e traz lições de convivência entre homens de diferentes etnias, diferentes tribos e entre eles e a natureza. Issac Piyãko, um dos diretores do filme (ao lado de Valdete Piyãko) estava presente nos Correios e sua fala segura, mas mansa, objetiva e coerente nos faz perguntar: não devia este homem estar nas tais reuniões do G-8 ou do G-20? Os indígenas da tribo Ashaninka revelam grande sabedoria ao lidar com os recursos naturais. Plantam árvores frutíferas próximas à aldeia, cuidam da reprodução dos tracajás (quelônios aquáticos), da repovoação dos rios. E na luta contra madeireiros e caçadores mostram determinação, mas consciência de que o diálogo deve ser a arma prioritária no entendimento humano. Assistir ao filme, ver e ouvir Issac com suas belas vestes, nos mostra concretamente o que é desenvolvimento sustentável, como é possível usar tecnologia a favor de todos. Dá uma vontade danada de partir para o Acre, ver de perto os frutos do trabalho daquele povo, provar daquelas frutas.

CENA 5 – O documentário de Sérgio Bloch, MINI CINE TUPY, é um alento para quem vê a cada dia os cinemas fecharem (como o lendário Paissandu, no Flamengo) ou se transformarem num espaço onde pessoas ingerem ruidosamente baldes de pipoca e refrigerante, falam ao celular, enquanto assistem a um filme. José Zagati, catador de papelão da periferia de São Paulo, encantou-se pelo cinema ainda criança. Num país imenso que tem apenas 1982 salas (dados da Ancine para 2004), aquele cinema de sua infância já não existe mais. Com materiais encontrados no lixo, Zagati montou o Mini Cine Tupy na garagem de sua casa e nas noites de domingo abre as portas, posiciona o projetor e leva as crianças a uma viagem mágica. Na sua simplicidade e sabedoria, observando a ligação dos inventos do Homem com a Natureza, José Zagati conclui que “Deus deve ser cineasta”.

CENA 6 – BARTÔ – Um dos poucos filmes para os pequeninos. A animação de Luiz BoTosso e Thiago Veiga traz um simpático bode que se vê ameaçado de perder a única sombra onde pode se abrigar do calor escaldante. Um lenhador tenta cortar a árvore sob a qual ele pretende tirar uma soneca, mas ela não se entrega facilmente. Para derrotar todos os recursos a que o homem recorre – machado, explosivos, motosserra – a árvore conta com sua agilidade e a ajuda das forças da natureza e, claro, do bode Bartô. Um jeito divertido e eficiente de falar de preservação ambiental.

CENA 7 – Da Noruega veio CAMPOS DE DEMÉTER. O documentário mostra como o cultivo de alimentos mudou a face do solo europeu e como precisa ser harmoniosa a convivência entre a ação do homem e vegetação natural. Reporta-se à lenda de Deméter, deusa da agricultura, cuja filha foi raptada por Hades e levada para o interior da Terra. A mãe consegue que a filha seja libertada durante seis meses do ano, quando então a natureza floresce. Nos outros meses, há frio e escassez de alimentos, daí a necessidade do homem aprender a cultivar para não sucumbir à fome.

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