quinta-feira, 28 de fevereiro de 2019

SOBRE MENINOS, CAVERNAS E NINHOS

Garotos do time de futebol "Javalis Selvagens" presos na caverna por 18 dias.

Alguma coisa está fora de ordem quando uma caverna é mais segura do que um ninho.

Doze meninos, entre 11 e 16 anos, de um pequeno time de futebol da Tailândia, mais seu treinador, ficam presos por 18 dias numa caverna inundada, resgate quase impossível.


Vinte meninos das categorias de base de um dos maiores clubes de futebol do mundo, operando cifras milionárias, são surpreendidos, enquanto dormiam, por um incêndio no “alojamento” que deveria ser seu ninho.

Graças a todos os deuses e deusas, os meninos da caverna estão vivos (um mergulhador da Marinha tailandesa deu a vida por eles). Voltarão a jogar futebol, como profissionais ou não.

Dez meninos do ninho estão jogando noutro campo, talvez os campos do Senhor. Além de três feridos, um ainda hospitalizado (Jhonata Ventura). Outros salvaram o corpo, mas terão de carregar um trauma sabe-se lá por quanto tempo, talvez uma vida toda. Sonhos e promessas de futuro carbonizados.

Alojamento do Ninho do Urubu após o incêndio. Sem alarmes, sem sistema de segurança, uma única porta, com barras nas janelas.
E o calvário das famílias se arrasta em negociações onde valores são discutidos, como se já não tivessem sido subvertidos, deformados, deturpados. Vida valendo pouco ou nada perante o capital.

Vendo as primeiras imagens do incêndio na TV, ainda cedo, não se poderia imaginar que aquelas folhas de metal retorcido fossem o teto de um local destinado a abrigar pessoas, meninos. Um depósito, supunha o repórter que sobrevoava o local. E talvez seja este mesmo o significado para dirigentes, empresários, insensíveis, gananciosos, ou simplesmente negligentes. Um depósito de meninos-mercadoria.





 

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