sábado, 12 de maio de 2018

CRÔNICAS RUSSAS (1) – Da Estação Finlândia para São Petersburgo: um dia de trens e barcos

Catedral de Santo Isaac, no ônibus turístico e ao fundo

No dia 14/09 deixamos Helsinque pela manhã para embarcar no trem Allegro, rumo a São Petersburgo. Uma viagem de 3h30min, a cerca de 210 km/h. A esta velocidade e com a chuva que caía, não deu para registrar muita coisa da paisagem, basicamente florestas finlandesas. Duas horas depois da partida, cruzamos a fronteira Finlândia/Rússia em Vainikkala.





Vainikkala é o ponto onde a polícia de imigração russa sobe a bordo. E aí, meu amigo, a ordem é não sair do seu lugar. Como eu estava num dos últimos vagões, eles levaram um bom tempo até chegar a meu assento e minha intenção de comer algo no vagão restaurante – a fome era grande - foi para o espaço. 





Uma jovem policial e um russo grandalhão apareceram enfim. A moça, sempre muito séria, falou algumas vezes pelo rádio e só consegui entender que dizia que não havia apenas brasileiros, mas portugueses também. Imaginei que se referia às duas guias que nos acompanhavam. Ao contrário de brasileiros, que não precisam de visto, creio que por conta de acordo dos BRICS, portugueses precisam. Preenchemos um formulário, como também acontece em outros países, com instruções em russo e inglês.

Sempre sisuda, fez várias perguntas à nossa guia (em inglês) que eu pude acompanhar, pois estávamos bem próximas. Queria saber sobre os motivos de nossa viagem e se havíamos feito compras de itens caros. Vários dos muitos chineses que estavam no trem tiveram de abrir suas inúmeras malas. E eu nem sabia onde estava a minha! Rolou uma certa apreensão, mas, afinal, com a PF daqui também rola.

Cumprimentei a policial com meu escasso russo e me preparei para ter que responder algo em inglês, mas a moça não quis papo comigo. Carimbou meu passaporte, não sei se por acaso ou com intenção, na última folha. Alívio! Faminta, mas oficialmente em território russo!

Ainda no trem, troquei 80 euros por 4.750 rublos, uma taxa bem desfavorável, mas certamente no hotel seria pior e não queria chegar sem a moeda local.
 
Chegada à estação de São Petersburgo - muita gente!
Chegamos à bela São Petersburgo por volta de 15h, com o relógio adiantado em mais uma hora devido ao fuso horário. Fomos direto para o charmoso Hotel Angleterre, que fica em frente à Igreja de Santo Isaac. Em frente não significa exatamente perto, já que tudo por lá é grandioso: ruas, praças, avenidas... A TV do quarto me dava boas vindas e já avisava que a previsão era de mais chuva.
Hotel Angleterre com restaurante СЧАСТЬЕ (Felicidade) na esquina

Catedral de Santo Issac
Bailarinas pelos corredores do Hotel Angleterre

Boas vindas na TV do quarto e a previsão do tempo

Castigada pela fome, e de olho no relógio, pois tínhamos um passeio de barco pelo Rio Neva (Река Нева = Riká Nievá) antes do anoitecer, pedi uma pizza no restaurante do Hotel. Quando chegou à mesa, entendi porque era um tanto cara (550 rublos, mais de 30 reais). Não era uma porção individual, como eu imaginava, mas uma pizza enorme! Engoli duas fatias e fui em busca do tour pelo rio.


O tempo em São Petersburgo não é dos mais animadores. A cidade faz jus à fama de bela, mas com um péssimo clima. Pelo que contam, chove e venta muito, quase sempre. E foi sob uma chuvinha que partimos para o passeio no Neva, já quase anoitecendo. No trajeto, deu para ter uma ideia das muitas belezas da capital cultural da Rússia.

Cidade de muitas pontes







O barco não era lá grande coisa, mas a chuva deu uma trégua e pudemos subir para o convés e, deslizando pelas águas, admirar catedrais, museus, pontes, sob um ângulo diferente. E ver de perto o cruzador Aurora, marco da Revolução Bolchevique, que hoje abriga um museu. 
















Na paisagem tem também umas modernidades feiosas.

O histórico cruzador Aurora que marcou o início da revolução bolchevique em 1917




O imponente e belíssimo Museu Hermitage (Эрмитаж)


Ainda caindo a ficha de que eu estava na Rússia, na tão sonhada São Petersburgo, a ex-Petrogrado fundada por Pedro, o Grande, em 1703;  a ex-Leningrado, sitiada pelos nazistas por mais de 800 dias entre 1941 e 1944, deitei curtindo cada minuto e saboreando por antecipação a programação do dia seguinte: tour pela cidade, visita à Fortaleza de Pedro e Paulo e sua Catedral, lojinhas de souvenires, e espetáculo de danças russas à noite. Спокойной ночи (spakôinei nôchii – boa noite).

2 comentários:

Mavi Lima disse...

Adorei a crônica!!!! Deu a maior vontade de conhecer a Cidade.Preciso me programar...

Tecelã disse...

Vá sim, Mavi. Se possível com mais tempo. Espero poder voltar num futuro próximo.