quarta-feira, 31 de janeiro de 2018

CRÔNICAS DO MAR BÁLTICO (2): Travessia Estocolmo-Tallinn

Deixando Estocolmo no fim da tarde


 Todos a bordo! O barco que nos levará a Tallinn, o “Victoria I”, é mais imponente do que eu imaginava. A despedida de Estocolmo, pelo Báltico, nos oferece bonitas paisagens e simpáticos e ruidosos companheiros de penas, que parecem estar já bem acostumados à presença de humanos indo e vindo, a bordo de ferry boats.







 


Sun deck (mesmo sem sol)



A cabine, que já haviam me alertado ser muito pequena, foi tranquilamente suficiente para me acomodar (as malas ficam alojadas em outro compartimento). Afinal, é apenas uma travessia, não vamos ficar dias e dias a bordo. 





Por 5,80 Euros (moeda que a Estônia adotou) fiz um lanche (café + croissant) num dos cafés do barco, o Bellman, servido por uma bonita e um tanto sisuda estoniana. Aos poucos a moça foi abrindo a guarda e conversamos um pouco, em inglês, sobre nossos países, sobre as dificuldades dos jovens em achar colocação no mercado de trabalho. Pedi que me ensinasse a dizer obrigado e ela escreveu num papelzinho: Aitäh. Pronuncia-se algo como “aitár”. Eu aprenderia algumas outras (poucas, bem poucas) palavras na língua estoniana com nossa guia local, Silvy.


O interior do “Victoria I” é bem bonito. Claro, não se lembrar do Titanic é impossível e, cada vez que subia ou descia pelas escadas douradas, tinha a impressão de que iria encontrar o Di Caprio. Eu havia feito, em 2016, um cruzeiro pelo Rio Negro (um dia, talvez, escreva umas crônicas sobre ele) e já cruzei o Rio da Prata de Buenos Aires para Montevidéu, mas este barco é bem maior. 

 
Meu endereço a bordo

 A TV da cabine não oferece muitas atrações, especialmente se você não fala sueco nem estoniano, mas pode-se acompanhar a visão que se tem da ponte de comando e também o deslocamento do navio, numa animação, como aquele aviãozinho nas aeronaves. 



Voltei ao café do deck 7 para um lanche noturno, dei uma organizada nas fotos dos últimos dias e, sentindo o barco balançar, arrisquei uma escapada ao sun deck, no 9º andar, que estava deserto àquela hora, ingenuamente achando que veria o mar revolto. Chovia um pouco e ventava. Escuridão total. Dois tripulantes apareceram, creio que receando que aquela coroa, não sueca, mas latino-americana, quem sabe meio maluca, estivesse planejando se jogar nas águas do Báltico. Sorri malandramente para eles e, antes que me levassem para algum porão, voltei à cabine com aquela adorável sensação de criança que fez uma travessura.

Cuidado com a fuligem que sai da chaminé
Jogar lixo no mar? Nem pensar!

Nada de bagunça depois das 23:00 horas.


Tomei um banho no espremidíssimo box, preparei a cama, mas custei a deitar, desejando curtir cada segundo daquela travessia e tentando enxergar alguma coisa no breu da noite. Na madrugada o barco faz uma parada em Mariehamn/Åland, e lá estava eu espiando pela vigia, impressionada com a precisão e a suavidade com que o gigante encosta no atracadouro (só conseguia ver uma grande estrutura metálica). Vislumbrei alguns poucos vultos e me obriguei a dormir um pouco. 




Enfim, pela manhã, depois do café, nos preparamos para desembarcar em Tallinn. Uma horda de chineses se aglomerava no deck 5, onde fica a entrada/saída. Pensei em voltar ao café Bellman para dizer tchau à moça bonita, mas a multidão me fez desistir. 



De olho nos catioros que acompanhavam os policiais.
 Sob uma chuvinha desembarcamos e, carregada de expectativas sobre a capital da Estônia, ia eu pensando que seria bom poder fazer esta viagem algumas outras vezes na vida. 

A bela Tallinn à nossa espera
 


3 comentários:

eli disse...

To amando essas crônicas.

Alice Fazolo disse...

Delícia de crônica

Tecelã disse...

Muito bom reviver a viagem. Feliz que vcs estejam gostando. ;)