quinta-feira, 25 de janeiro de 2018

CRÔNICAS DO MAR BÁLTICO (1): Estocolmo



Desembarcamos em Estocolmo sob uma chuvinha constante, desanimadora para turistas curiosos. Ainda no aeroporto Arlanda, fui à cata de umas Coroas Suecas. Não, não se trata de senhoras muito brancas e louras, falo da moeda local, já que o país não adotou o Euro. Troquei 20 Euros por 162 Coroas, para aquele cafezinho da tarde que nunca dispenso.



Sob a chuva, dia acabando, já com pouca luz, de dentro do ônibus que nos levou ao hotel Scandic Grand Central, ia tentando, sem muito sucesso, descobrir os contornos da cidade onde nasceu Greta Garbo e onde viveu Ingmar Bergman.



O hotel é grande, mas o quarto bem pequeno, ainda que funcional. Tem uma pequena área externa, que não chega a ser uma varanda, mas dá para deixar a porta aberta, ou pelo menos entreaberta, conforme o frio e a chuva. E tem esta vista, que cliquei em diferentes horários. 




 



Há uma arara em vez de armários, nada de mini embalagens de shampoo, creminhos e afins como nos outros hotéis. Tudo é acondicionado no sistema de refill. E com rótulos bem humorados. A preocupação com o meio ambiente é levada muito a sério aqui, já se percebe pela lixeira que há no quarto.



Bem, com o tempo chuvoso e já anoitecendo, não arrisquei ir longe para matar a fome. Resolvi comer no restaurante do hotel, que é aberto ao público. E que povo animado! Era sábado, então o local estava cheio. Sentei-me sozinha (o povo da excursão parecia não ser muito de socializar) e meio desconfiada, pedi uma Ceasar Salad, prato que costuma ser igual em todo lugar. Bem, não foi uma boa experiência. Os suecos usam algum tempero que foi difícil engolir. Enfim... o jeito foi comer um pouco e torcer para o dia seguinte ser mais animador.



E foi. Visitamos o prédio da Prefeitura e o Parlamento, construções belas e com detalhes bem interessantes, ainda mais por sabermos que a cerimônia de entrega do Prêmio Nobel acontece ali. 




Salão interno da Prefeitura

Salão Dourado da Prefeitura



Detalhe do teto do Parlamento, como a estrutura de um barco
 




Visitamos a parte antiga da cidade, chamada Gamla Stan, e o mirante Fjallgatan para uma bela vista panorâmica da capital sueca. Algumas fotos foram tiradas de dentro do ônibus durante o percurso. 









Casas da parte antiga da cidade


Não poderia deixar a Suécia sem ver algum Viking.

Vista do mirante Fjallgatan



Mas o melhor estava por vir. Mesmo em excursões, eu sempre faço uma lista de lugares para visitar no tempo livre. Em Estocolmo, a indicação de outros viajantes era o Museu Vasa. Por sorte este museu era uma das opções de passeio extra oferecidas pela excursão.  É fantástico, diferente de tudo que já vi. Mais apaixonante ainda para uma adoradora de barcos como eu.
 


Os mastros do Vasa visíveis mesmo fora do Museu


Os caras tiraram o barco que estava há 300 anos no fundo do mar Báltico, restauraram e criaram o museu em torno dele. Ponto pros vikings! Tirei algumas fotos, mas a grandeza do Vasa não cabe em fotografias amadoras. O ambiente tem pouca luz e o barco é enorme em comparação ao espaço que o rodeia.








Há peças recuperadas do naufrágio, que aconteceu em 1628. Recriaram os ambientes internos da embarcação e até a fisionomia de algumas pessoas que estavam a bordo a partir de restos de esqueletos.




Há também uma maquete reproduzindo o momento do acidente que levou o Vasa para o fundo do mar, poucos minutos depois de zarpar. Erro de projeto, como nos informam, pois foram acrescidos itens que afetaram a estabilidade da embarcação. 




Almoçamos por lá e, por 170 Coroas, comi enfim uma comidinha gostosa, e com uma vista bonita. 

Restaurante do Museu Vasa

Durante o tour pela cidade aprendemos mais um pouco sobre esse país que povoa o imaginário de muitos latinos. O sistema de cobrança de alguns serviços é curioso. Para se ter TV em casa paga-se 80 euros/trimestre. As TVs são públicas. O transporte público tem um preço único e é pago também por mês: 85 euros para usar qualquer modalidade.



Achas que eles não têm problemas? Há um grande déficit habitacional. Para se candidatar à compra de um imóvel – que são em geral bem pequenos - é preciso ter 15% do seu valor. As questões ambientais são prioridade, como o uso da água, do espaço público, o descarte de resíduos. E a ciclovias – não ouse parar no meio de uma delas - mostram como veem o uso das magrelas por lá. São poderosas.

Ciclovia em frente à Prefeitura
  
A cidade foi fundada em 1752 e o nome Estocolmo (Stockholm) vem de stock = tronco e holm = pequena ilha ou passagem estreita de água. Ou seja, algo como Ilha dos troncos. O país agrega centenas de ilhas e 54% de seu território é coberto por florestas. O aprendizado da língua não foi muito longe: para cumprimentar alguém com um “olá”, diga Hei. Quer ser gentil e agradecer? Diga Tak.



Vestida para o verão sueco. E porque sou calorenta.


 
Descobrindo um pouco da cidade numa expedição urbana a pé.








O Imposto de Renda é de 30% para quem ganha até 45 mil euros/ano. Acima disso, o imposto é de 50%. Ou seja, o leão sueco é bem guloso. Mas dá retorno à população, que é de 10 milhões de habitantes, sendo 20% de estrangeiros. A integração entre os locais e os imigrantes/refugiados (cerca de 150 mil chegaram à Suécia em 2015) nem sempre é boa, o que pude conferir numa das incursões a pé, sozinha, perto do hotel. 



Fizemos também um passeio de barco pelo Mar Báltico. Por sorte, o dia estava bem agradável e até saiu um solzinho, mas o barco era fechado. Fotos, só pelas janelas envidraçadas. 







O Vasa visto do Mar Báltico




  

A manhã seguinte, dia 11/09, reservava uma parte do roteiro da excursão que estava me deixando um tanto ansiosa: a viagem de barco de Estocolmo para Tallinn, na Estônia. Como o barco sai à tarde, ainda tive tempo de andar um pouco pelos arredores do Hotel.
O repouso dos vikings





 Juntei meu “Hei” e meu “Tak” com o inglês (sempre ele a nos salvar) e fiz um lanche no Wayne’s Coffee, por 125 Coroas, bem apetitoso e servido com simpatia pela atendente. Partimos então rumo ao cais para embarque no belo Victoria I, rumo à Estônia, numa viagem de 15 horas, com pernoite a bordo. Este trecho da viagem foi um dos principais motivos para eu optar por esta excursão. Vada a bordo, Fazolo!

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