segunda-feira, 11 de dezembro de 2017

SETE DIAS EM LISBOA (4): Literatura e Futebol




6º dia: Hoje a visita é a José Saramago, na Fundação que leva seu nome. Fica na charmosíssima Casa dos Bicos, na Rua dos Bacalhoeiros. Além de ser uma casa dedicada ao escritor, o local é um sítio arqueológico muito interessante. Para chegar lá, saí do Terreiro do Paço, mapa em mãos. Não é muito longe e o percurso é bem interessante.






A Fundação José Saramago, criada em 2007, ocupa esse belo endereço desde 2012 e sua atuação vai além da difusão da literatura: trabalha também na defesa dos direitos humanos e do meio ambiente. O vasto acervo é apresentado ao público numa exposição permanente batizada de “A semente e os frutos”. As palavras do escritor estão em toda parte, paredes, escadas...

 
 

Saramago sempre em boa companhia, como Vargas Llosa e García Márquez.

Ouvindo atento a fala do Comandante.


Texto datilografado de Ensaio sobre a Cegueira, com correções do autor. 





  


São dezenas de livros, manuscritos, fotografias, objetos pessoais e arquivos em áudio e vídeo. Com os fones podemos ouvir Saramago, prêmio Nobel de Literatura em 1998. Numa das gravações, o escritor fala das celebrações pelos 50 anos da Declaração Universal dos Direitos Humanos (proclamada pela Assembleia Geral da ONU em 1948). Diz ele que, tal como o Carnaval, há três dias de comemorações e depois... fica-se esperando pelos próximos 50 anos. O que acontece no intervalo não tem importância nenhuma. Certeiro e amargo, Saramago.




Saramago em muitas línguas, inclusive russo.

Lá fora, o Tejo.
 Vizinhas à Casa dos Bicos, há outras bonitas construções. Descubro que a casa da direita, conhecida como a Casa das Varandas, é anterior ao terremoto de 1755 (época D.João V). Veja artigo aqui.




Da a Rua dos Bacalhoeiros parti em busca de Santo Antônio, que antes de ser de Pádua era de Lisboa. No caminho, mais cantinhos curiosos e uma paradinha para um lanche/almoço rápido na Confeitaria Rainha Dona Amélia (como em vários outros lugares, brasileiros trabalhando por lá).


 


A igreja de Santo António, que fica próxima à Sé, ergue-se no local onde o santo nasceu. Junto comigo, chega um grupo ruidoso de turistas. Quando saio, um padre reza a missa em italiano. Rezei, meditei, comprei uns pãezinhos abençoados e uns souvenires. 








Largo defronte à Igreja de Santo António

Sé de Lisboa




Pretendia continuar a expedição pelas ruas de Lisboa, mas o calor me fez antecipar a ida ao Estádio da Luz, casa do Benfica, com uma escala no Colombo, visita planejada para outro dia. Voltei ao Terreiro do Paço onde peguei o metrô linha azul até a estação Colégio Militar/Luz. Achava eu que o acesso desta estação para o estádio era próximo. Ledo engano. Mais uma caminhada, alongada pelo calor sob o sol, me esperava. No caminho pedi informações a dois senhorinhos que vinham passando. Discretamente galanteadores, gostaram da brasileira aqui e gentilmente me indicaram o caminho, apesar de serem torcedores do... Sporting.

Atravessei um túnel onde já se percebe a força do Benfica. Mais caminhadas, escadas, fila de bilheteria e enfim entrei no reluzente Estádio da Luz. Um grupinho já esperava a visita guiada. Única “menina” no grupo, exceto por uma mãe com dois filhos pequenos, fiz um ótimo tour guiado por um quase menino muito gentil. É um belo estádio, super bem cuidado, aquele gramado onde a bola rola mais bonito, inclusive em jogos da cultuada Champions League.
 






Sala de coletiva de imprensa






E tem as águias. As águias! O guia nos garantiu que elas são soltas antes de cada jogo, voam sobre o estádio e pousam no centro, enquanto a torcida canta. Tá aí uma coisa que eu adoraria ver, embora me aflija um tanto ver as bichinhas presas pelo pé. Ainda que o guia nos garanta que elas exercitam uns voos duas vezes por dia, com o tratador. O que eu não gostei mesmo foi ver uma delas presa na loja para que os torcedores tirem fotos (pagando alguns bons euros, é claro). 




Conhecemos o vestiário do time visitante, onde já se vestiram/despiram nomes como Ronaldinho, Puyol, Drogba e muitos outros  .... (as fotos ficam rolando nos monitores). O vestiário dos donos da casa não é aberto a visitantes nem a outras equipes, a não ser a seleção portuguesa. Foi também usado na final da Champions League de 2014 (o estádio é candidato para a final de 2020). Um misto de cuidados com a segurança e receio de mandingas, provavelmente. Afinal, superstição e futebol jogam no mesmo time.
Por estas macas já passaram corpitchos de atletas que valem ouro.



Camisa do Gabigol, recém chegado ao clube. E do goleiro Julio César.
 Conheci um rapaz de Manaus, camisa do Flamengo, que está a estudar por lá. Acho que andava com saudades do Brasil, pois conversou bastante comigo e se dispôs a fazer uns cliques meus junto ao ídolo eterno dos encarnados (não é espiritismo, é como chamam os torcedores do Benfica). 

 
Reverenciando Eusébio, o Pelé (ou Zico) deles.


Com as baterias já praticamente descarregadas, necessitando de comida e wc, segui para o shopping Colombo, um templo de consumo grandioso. São muitas opções na área de alimentação, além de infinitas lojas, é claro. Há uma grande área de lazer para as crianças e uma saída que te leva direto para o metrô. Comprei um lanchinho para a noite, porque a essa altura meu mercadinho já estaria fechando, e rumei para o hotel.


 






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