segunda-feira, 20 de novembro de 2017

SETE DIAS EM LISBOA (2): Fernando Pessoa e o Oceano



 


















3º dia: A Casa Fernando Pessoa abre às segundas, então não esperei mais para visitar meu amado poeta. Consultando o mapa de Lisboa, tomei o metrô rumo à Estação Rato (sim, em Lisboa há uma estação com este nome) e, perguntando um pouco aqui e ali, cheguei lá sem problemas, depois de uma caminhada de uns 20 minutos. O sol muito quente e as subidas dificultaram um pouco, mas Pessoa merece todos os sacrifícios.

Coincidência: a hora no mostrador é a data de meu aniversário
Ladeiras, ladeiras...
 A casa fica num recanto super agradável, no Campo de Ourique. E sem o turbilhão de turistas. O que prejudica o sossego e a vista é a profusão de automóveis, cada vez mais donos das cidades. Enquanto escrevo, penso no arquiteto/urbanista dinamarquês Jan Gehl e na sua proposta de Cidades para Pessoas. E - surpresas da escrita! - cá está Pessoa. 
Rua Coelho da Rocha, Casa de Pessoa à direita


Em frente à Casa de Pessoa, o Desassossego

Bela fachada em frente à Casa



 
Fernando António Nogueira Pessoa morou nesse endereço nos últimos 15 anos de vida e para quem se espanta, se sensibiliza e se identifica com o poeta há quase 50 anos é uma imensa emoção estar no seu ambiente, ainda que seja um espaço reconstruído. 

Mas são muitas as peças originais, inclusive o acervo da biblioteca de Pessoa. 



Não fiz muitas fotos, creio que por uma certa reverência àquele espaço, sagrado para os amantes do poeta. As salas não são muito espaçosas e alguns objetos estão em vitrines, o que também dificulta a vida de fotógrafos amadores como eu. Curiosamente, para um personagem importante e reconhecido como Pessoa, o site da Casa é bem modesto e, se “navegar é preciso”, nele a navegação não é das melhores. Talvez um upgrade esteja nos planos da EGEAC, empresa pública que administra o espaço desde 2015. 



Detalhe da escada. A Casa tem 4 pisos e sub-solo


Mas não pude deixar de fotografar o quarto de dormir, onde descobri que a cômoda, original, sobre a qual o poeta muitas vezes escreveu, é da madeira do vinhático (Plathymenia foliolosa). Na tão distante daqui Rio das Flores, uma árvore dessas é meu encanto e minha companheira.



Cômoda (ou cómoda) original de Pessoa sobre a qual escrevia

Vinhático em Rio das Flores-RJ, Brasil























Um jovem visitante estrangeiro e também solitário fez a gentileza de me fotografar junto ao poeta. A foto ficou ruim, mas vale o registro do encontro e a doce ilusão de caminhar de mãos dadas com ele. 




Descobri que a Casa abriga um restaurante, o Flagrante Delitro (que nome ótimo!), mas não o conheci. Mais um item para colocar na agenda de uma futura viagem a Lisboa. Ao sair, me chama a atenção, gravado no mármore do piso, o mapa astral do poeta, geminiano como eu (apenas dois dias separam nossos aniversários). Ele era também um estudioso, e praticante, de Astrologia. 
Pessoa nasceu em 13/06/1888, em Lisboa


No caminho de volta para o Rato, dei uma conferida rápida no Jardim da Estrela, que encontrei por acaso. Próximo a ele fica a basílica de mesmo nome, do século XVIII e onde está o túmulo de D.Maria I (aquela chamada de “A Louca”, mãe de D.João VI, e que morreu no Brasil). Não cheguei a visitá-la, pois tinha outra etapa da expedição a cumprir ainda naquela tarde: conhecer o famoso Oceanário.



Jardim da Estrela
 O acesso de metrô ao Oceanário é pela Estação Oriente, a do Parque das Nações. A sinalização não é das melhores (para variar) e tive de empreender uma longa caminhada (quase correndo, pois o horário da última entrada estava próximo) para chegar à casa dos peixes, pinguins, crustáceos, cetáceos e afins. 

Custei, mas cheguei à entrada do Oceanário


Rampa de acesso
 

O aquário faz jus à fama. É imenso, um dos maiores do mundo. Tive pouco mais de uma hora para ver a exposição temporária “Florestas Submersas” (uma experiência sensorial, com música e espaços para meditar e relaxar) e percorrer as inúmeras alamedas/salas.

Exposição temporária "Florestas Submersas"
 


Dando as boas vindas estão os pinguins, convivendo com outras aves.
 






Susto!
















Reprodução de ecossistemas onde vivem as espécies

O encanto das meninas
Vasco é a mascote do Oceanário, que tem uma programação lúdica e educativa para as crianças.

Não, não é São Januário

Vasco mergulhando numa boa


 








Gostaria de ter me demorado mais, porém os seguranças já nos tocavam para a saída. Mas ainda deu tempo de apreciar essas fofuras peludas e brincalhonas.



Dia acabando e, pelas frestas da rampa de acesso do Oceanário, meio sem jeito, deu para clicar a bela vista do teleférico contra o pôr do sol. 



E esta lua se mostrava, maravilhosa, no rosa do fim de tarde, acima da estação do Teleférico.


Fiz um lanche no Centro Vasco da Gama e embarquei de novo no metrô. Voltei ao hotel, dando aquela paradinha no mercadinho para reabastecer o frigobar do quarto.


Amanhã, procurar um adaptador de tomada (esqueci o meu em algum dos vários hotéis por onde passei) e cumprir mais uma etapa do roteiro lisboeta.


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