terça-feira, 16 de agosto de 2016

CRÔNICAS PERUANAS (5) - Cusco, o retorno, e Saqsaywaman



A chegada a Cusco, na noite do sábado 25/06, não foi emocionante como no primeiro dia em que pus os pés naquela cidade. Detonada pelo mal estar geral, depois do calorão em Machu Picchu, da viagem, do frio que chega com força e de repente, só queria banho e cama, já que comer estava fora de cogitação. Uma maçãzinha, sim, ajudaria bastante, mas, nem me fantasiando de Branca de Neve encontraria uma àquela hora. Me contentei com um chazinho e mergulhei debaixo das cobertas, rezando para estar melhor no dia seguinte, dia de... Saqsaywaman.

Não sei se por ter colocado a expectativa muito lá em cima ou se por estar com a condição física prejudicada, achei esta etapa do roteiro interessante, mas não tanto. Na verdade, me pareceu mais do mesmo, com muito sobe e desce. O que, obviamente, não diminui a importância daqueles sítios arqueológicos: Saqsaywaman (ou Sacsayuamán), Tambomachay, Pukapukara e Qenqo.











Talvez me cativassem mais se tivesse passado por lá antes de Olamtaytambo e Machu Picchu. Me decepcionou um pouco, também, ver que o local estava (não sei se é permanente) arrumado para um espetáculo, o que destoava do visual do lugar. Lembrando que a Festa do Sol, Inti Raymi, havia sido dois dias antes.


Tambomachay


Ao fundo, o Cristo Blanco
Qenqo




Na volta, a van nos deixou longe do hotel. Seguindo com a sempre animada Irma, não tive muita disposição para um passeio mais demorado,mas consegui fazer alguns cliques. Troquei uns dólares e reais por Soles e rumei pro hotel com a esperança de almoçar. Ainda não foi desta vez que o almoço caiu bem. Me salvaram da completa inanição as mariolas que sempre carrego comigo quando viajo.






Umas mordiscadinhas nas bananadas, mais bala e chá de coca, um bom cochilo, saí disposta a encontrar maçã e algum biscoitinho salgado. Sem a multidão do primeiro dia nas ruas, consegui flanar um pouco por Cusco, fuçar umas galerias e barraquinhas de artesanato e chegar ao Mercado São Pedro, onde encontraria as salvadoras maçãs.







Minha salvação e também espanto. O Mercado parece uma CADEG, só que bem sujo e bagunçado. Junto à entrada, ambulantes e... uma montanha de lixo onde cachorros – são um capítulo à parte – disputam comida. Muitas pessoas circulam por ali, comem em barraquinhas, há muita desordem e sujeira pelas ruas. Enfim... uma situação que não é estranha para quem mora no Rio de Janeiro, e certamente em muitas outras cidades no Brasil. Sempre têm um lado “esquecido” pelos governantes que vai se conformando num contínuo estado de degradação.



Os músicos peruanos na rua não chegam a ser uma novidade para uma carioca. Encontramos vários pelas praças do Rio, com suas flautas e roupas típicas. Mas ouvir a música andina nesta cidade mítica toca mais fundo a alma. Contive algumas lágrimas enquanto fotografava.


Sair do perímetro tipicamente turístico é legal, mas a verdade é que aquele pedaço da cidade merece mais cuidados. Soube que dali a uns dias iriam realizar um encontro de prefeitos para discutirem os problemas das cidades. O novo presidente, Pedro Pablo Kuczynski, ou PPK, eleito dias antes de minha chegada, tomaria posse dia 27 de julho. Quero acreditar que trará novos caminhos para aquele povo colorido, sorridente, mas que precisa de mais atenção.



Bem, de posse das maçãs, comprei num mercadinho os biscoitos (um deles era incomível) e água, claro, muito mais barata do que a do frigobar do hotel. Consegui, graças aos deuses, comprar também um genérico de Plasil, já que o meu tinha acabado.



Cusco me pareceu grandeza e pobreza. Construções imponentes, trânsito meio caótico (não confie nos sinais de pedestres, motoristas avançam com a maior naturalidade), hotéis de luxo, sítios arqueológicos impressionantes. Uma cidade onde circula, certamente, muito dinheiro, dólares, euros.


Foto da mexicana Irma

 Ah, os cachorros, os perros... são muitos, muitos, especialmente onde há montes de lixo. São de todo tipo, alguns de raça. Vontade de tosar, dar banho, abraçar todos eles. Como sabem os gaúchos, cachorro também é chamado de cusco. Daí, deveríamos nos referir à cidade, disse uma das guias, como Qosqo (Cozco), seu nome em qéchua.


Última noite na cidade chamada Umbigo do Mundo. Um tanto de saudade, já. Se nos primeiros dias a sensação era a de que já estava no Peru há muito tempo, agora o tempo parece pouco para tantas descobertas a se fazer.

Maçã, mariola, biscoito, chá, remédio, Reiki e fé, que ainda faltam muita estrada e um imenso lago para ver/sentir.

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