A melhor tradução
do jeito “keep calm” de ser eu fiquei conhecendo no taxi, indo pro aeroporto de
João Pessoa. Observei que a operadora do rádio, que transmite aos motoristas as
instruções sobre as corridas solicitadas, não se limitava a dar os dados dos
passageiros, local, essas coisas. Ela conversava, docemente com eles, ainda que
com frases curtas.
De início achei
que o taxista estava ouvindo algum programa de rádio, mas logo me dei conta que
não era isso. Perguntei-lhe, então, se aquilo que eu estava ouvindo era o que
eu estava imaginando. Ele, muito entusiasmado, me contou sobre a funcionária,
querida por todos os motoristas, que os anima durante a dura jornada de
trabalho pelas ruas e estradas (o aeroporto, por exemplo, fica em outro
município), levando e trazendo gente de todo lugar.
Os taxistas,
me contou ele, ficam ansiosos para que chegue o turno da tal funcionária. Havia
um carinho verdadeiro nas palavras daquele homem. A tal moça (esqueci seu
nome...), continuava ele, não apenas os ajuda a vencer o dia, com sua conversa
informal, mas os tranqüiliza, dá força àqueles que enfrentam problemas. Ela
sabe, por exemplo, quem está com a mãe doente, quem está mais cansado e os
anima e reconforta.
Esta incrível
e improvável funcionária de uma cooperativa de taxis da Paraíba, transmite um
estímulo que só o afeto pode passar. Estabelece uma vinculação, mais do que
mera conexão (lembrando aqui o professor Muniz Sodré). Uma prova simples e
inegável de que as máquinas são o que as pessoas fazem delas e/ou com elas e
que a sociabilidade, os vínculos, podem se estabelecer nos espaços e dos jeitos
mais inusitados.
Quando voltar
a João Pessoa, vou tentar reparar meu erro e resgatar o nome esquecido e, quem
sabe, até conhecer pessoalmente esta doce, generosa e decidida “paraíba
masculina mulher-macho sim senhor”.
PS: Pantim é puro paraibês e pode significar “frescura”, chilique”, algo por aí.
Segundo apurei com fontes confiáveis (a vendedora, paraibana da gema), as crianças
crescem ouvindo das mães: “deixe de pantim!”. E não é que até achei o verbete num
dicionário informal?
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