sexta-feira, 17 de agosto de 2012

Sala Escura: UM DIVÃ PARA DOIS


SEM VERGONHA DE SER FELIZ

Este título pode se aplicar tanto ao filme propriamente, já que trata de um casal em busca de um up-grade na vida a dois, como ao espectador. Porque, mesmo sendo uma comédia norteamericana típica, daquelas que saem aos montes, como pãezinhos do forno da padaria, o filme de David Frankel tem o mérito de não duvidar da inteligência do público.

Kay ((Meryl Streep) e Arnold (Tommy Lee Jones) remam seu barquinho em águas mansas... e de puro tédio. Seguem uma rotina aparentemente imutável, pré-determinada desde os primórdios da civilização ocidental. E essa mesmice pode ser explicada – e aceita pacificamente - como consequencia natural de uma união de 31 anos. Casamento é assim mesmo...

Mas mulher é um bichinho teimoso e Kay resolve dar uma sacudida naquela vida sem emoções, previsível, assexuada. Não sem ouvir muitas reclamações, arrasta Arnold para uma semana de terapia numa pequena cidade a quilômetros de distância.

Ao ler a sinopse e o nome de Steve Carrel no elenco, no papel do psicanalista, bateu um friozinho na barriga, receando uma atuação exagerada, que apelasse para o humor fácil. Mas Carrel está no tom certo, entre seriedade e comicidade, como a própria situação do casal que vai em busca de ajuda e transita entre dialogar e lavar a roupa suja durante a consulta, expondo sua intimidade, seus medos e seus desejos inconfessáveis.

Fritar ovos com bacon para o maridão todo dia, como naquela velha música do Chico “Todo dia ela faz tudo sempre igual...”, pode não ser uma desgraça total se houver outros temperos na rotina. Até dá para aturar os chatissimos programas de TV sobre golfe, se rola um chamego depois.

Lições que se pode levar dessa comédia leve, mas não boba, é que sempre é bom duvidar das fórmulas prontas. E desejar, procurar, manter acesa a esperança (hope). E é possível adaptar as receitas, sejam de um especialista ou de um livro de auto-ajuda, à sua própria realidade, permitindo assim que novas janelas e caminhos se abram, sem deixar, contudo, de ser quem se é.

Meryl Streep e Tommy Lee Jones estão perfeitos, como sempre. Com todo respeito à ótima atriz que é Lilia Cabral, o divã deles é mais criativo do que o nosso.

UM DIVÃ PARA DOIS (Hope springs)
David Frankel, EUA, 2012, 100min

quarta-feira, 8 de agosto de 2012

Sala Escura: AQUI É MEU LUGAR


Como falar de Aqui é meu lugar sem cometer injustiças? É um belo filme? Sim. É um filme aborrecido? Também. O que não decepciona por um momento sequer é a música, da melhor qualidade, todo louvor aos Talking Heads.

Sean Penn é um roqueiro já meio vetusto, descabelado, maquiado, um tanto trôpego e aparentemente sem noção, que carrega o sugestivo nome de Cheyenne. Ao contrário do que podem sugerir as muitas camadas de rímel e batom, ele é casado e quem dá vida à sua doce esposa é Frances McDormand (queridinha dos irmãos Coen).

Após anos radicado na Irlanda, Cheyenne tem de voltar aos EUA por conta da morte iminente de seu pai. Segue-se aí uma viagem geográfica e interior que revelará uma coletânea de tipos característicos da América, bem como insuspeitas facetas da personalidade do ex-roqueiro.

Muito ao gosto do cinema norteamericano, a situação deflagrada pela morte de um membro da família trará à tona questões delicadas do relacionamento familiar. Neste filme de Paolo Sorrentino, Cheyenne descobre que seu pai passara boa parte da vida buscando vingança contra um nazista com quem convivera num campo de concentração durante a 2ª Guerra.

O que vemos – com algumas redundâncias do roteiro que esticam o filme sem preencher os minutos em excesso com situações sedutoras e/ou provocativas – é um homem que vai deixando cair a casca de menino, saindo de um personagem que criou para proteger a si mesmo de um mundo que pode ser decepcionante e assustador.


AQUI É MEU LUGAR
(This must be the place)
Paolo Sorrentino, (França/Itália/Irlanda, 2011, 118min)

Imagem Filmes:

AGENDA - ALGUMAS DICAS PARA AGOSTO



O time de futebol não vive seus melhores dias, mas o bairro do FLAMENGO está a todo vapor na área cultural.

 A Estação das Letras, por exemplo, oferece, além de cursos variados (que a Tecelã recomenda), alguns encontros muito interessantes, com entrada franca. No próximo sábado (11) acontece uma homenagem à escritora Clarice Lispector e no  dia 25 o encontro é com Elias Fajardo: 

 11/08 – 17h - SARAU DE CLARICE - 14 atores profissionais encenarão monólogos retirados das crônicas de A Descoberta do Mundo e fragmentos do romance Perto do Coração Selvagem, com direção de Delson Antunes


 25/08 – 14h30 – LIVROS NA MESA - Encontro informal em que a troca de livros e de ideias é a tônica. 
Às 15h começa o ENCONTRO DE LEITURASer tão menino, de Elias Fajardo, com leitura de trechos romance e comentários do autor.

Estação das Letras - Rua Marquês de Abrantes, 177 – Lojas 107/108 – Flamengo
 Você pode conferir toda a programação no link:

 
  
E no Parque do Flamengo continua a exposição ANIMA MUNDI, 20 anos, no Monumento a Estácio de Sá.  

Até o dia 19/08
Av. Infante Dom Henrique, s/no. 
Diariamente de 11h às 20h
Entrada Franca.