quinta-feira, 5 de abril de 2012

Sala Escura: UM MÉTODO PERIGOSO


David Cronenberg vai ao mundo da psicanálise (ou psicoanálise, como prefere Freud) para tratar da relação entre Carl Jung e Sigmund Freud e mantém, como uma corda retesada, cada um em uma ponta. Esta corda é Sabina (Keira Knightley), a paciente histérica que nos é apresentada logo nas primeiras cenas, contundentes. Jung irá tratá-la seguindo o novo método criado por Freud, a cura pela conversa (talking cure).

Cronenberg vai capturando o espectador menos pelas sutilezas do que pelo impacto. Possivelmente especialistas, gente do ramo, irão taxar o filme de superficial. Contudo, está claro que o autor não pretende realizar um tratado sobre a psique humana.

Confrontando o consagrado psicanalista (interpretado por Viggo Mortensen, excelente) e seu jovem seguidor (vivido por Michael Fasbender), Cronenberg vai expondo as contradições humanas, os desejos inconfessáveis. Tal como os claros/escuros da fotografia, vão sendo desfiados na tela claros e escuros da alma.

Outros confrontos aparecem: judeus x arianos, ciência x tabus sociais e misticismo. Conflitos de ideias que vão gerar novas descobertas.

Freud e Jung se mostram mais humanos, com suas incertezas e conflitos, suas afinidades e discordâncias. Ainda que a narrativa apresente uma certa rigidez formal, o diretor e as corretas atuações garantem um clima que envolve o espectador, possivelmente colocando-o em alguns momentos diante de seus próprios fantasmas interiores.

UM MÉTODO PERIGOSO

A dangerous method

David Cronenberg (Canadá/Reino Unido/Alemanha 2011)

Classificação: 14 anos – 93 min

Site: http://www.imagemfilmes.com.br/imagemfilmes/principal/filme.aspx?filme=103365

2 comentários:

Luiz Antônio Gaulia. disse...

Confesso que fui esperando mais do filme de Cronenberg. Talvez pela comparação com o Jornada da Alma de Roberto Faenza que traz uma versão arrebatadora da paixão entre Jung e Sabine Spielrein.A fotografia é lindíssima em Cronenberg, e a dificuldade do "diálogo" entre Freud e Jung é patente, apesar de ambos trabalharem a "cura pela fala". Fassbender, ator alemão está ótimo como um Jung frio, burguês que libertou-se do mestre Freud descobrindo outros caminhos entre os mitos coletivos e a mente humana.Vigo Mortenseen também faz um Freud "endurecido" pela sua trajetória de vida e de muito racional - ao ponto de sequer admitir outras leituras para sua teoria. A Spielrein de Knightley, entretanto, decepciona, não vi uma atuação de acordo com a obra de Spielrein. Concordo, os três são perfeitamente humanos: geniais, mas humanos com falhas, defeitos e vícios. Como eu...

Anônimo disse...

Valeu pela oportuna contribuição, Gaulia. Não vi Jornada da Alma...
grande abraço.