sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

ESCOLA DE BAMBU


Escola de Bambu é um belíssimo documentário que mostra de maneira sensível e competente um dos lados mais perversos da guerra: destruir o futuro das crianças, suas esperanças e sonhos. Mas, revela também a força daqueles que não desistem da vida.

Um filme que vale a pena ver, ter, compartilhar e uma campanha na qual vale a pena se engajar.

ESCOLA DE BAMBU (The bamboo school)

Direção: Vinicius Zanotti (Brasil, 2011, 15’)

Uma escola na periferia de Monróvia, na Libéria, com paredes de bambu e teto de zinco acolhe crianças e jovens vítimas da guerra civil. Na escola, 140 alunos são alfabetizados, têm aulas de ciências, matemática, inglês, geografia e história.


http://www.bambooschooldoc.com/home-port#!__home-port

domingo, 4 de dezembro de 2011

Sala Escura: OS ESPECIALISTAS

“Vocês gostam de ação. Não querem saber por que estão fazendo o que fazem”. Os Especialistas é de certa forma assim, como essa fala de um dos personagens. Privilegia a ação, pneus de carro rugindo, explosões, quebradeira geral, pancadaria. Mas, ainda bem, não se limita a isso. Uma boa história, bem contada e com atuações convincentes do marrento Jason Statham, acompanhado por Clive Owen (exibindo um bigode que cai bem no personagem) e o veterano Robert de Niro.

Que há algo (ou muito) de podre por trás de decisões políticas e das guerras já se sabe e o cinema tem vários exemplos destacando que aquilo pelo que vale a pena morrer hoje pode não significar nada amanhã (Inquietos, de Gus Van Sant, ainda em cartaz, toca sutilmente nessa questão também). Pessoas são descartáveis, ideais... bem esses não se medem pelo valor humano e social, mas pelas cifras e dimensão do poder (salve, Foucault!).

Baseado no livro The Feather Men (Os homens-pena, e não se trata de boxe), o filme acompanha a epopéia de Danny, um agente de elite britânico, que quer pendurar as chuteiras, ou melhor, os punhos e armas, mas tem de salvar seu mentor, Hunter (De Niro). Hunter está prisioneiro de um xeque, em Oman, e este põe como condição para libertá-lo que os três homens que mataram seus filhos durante um conflito com tropas do Ocidente, sejam mortos.

Danny aceita o pacto com o xeque e envereda por uma teia ligando Austrália, Inglaterra, França e Oriente Médio, que vai lhe trazer algumas surpresas e reviravoltas. Os homens-pena não sujam as mãos, apenas movimentam os cordéis que põem em ação agentes legais ou não, cuja missão é obedecer sem questionar. Nesse percurso, Danny vai esbarrar (ou trombar) com Spike (Owen)

O “velhinho” De Niro mostra que está em boa forma, seja quando cai no braço, seja quando se trata de pontaria. Mas uma coisa me intrigou bastante: quando a pancadaria rola solta no hospital ou na estação do metrô, onde estão os seguranças?

Fãs de MMA (eufemismo que inventaram para o vale tudo) vão curtir, aliás alguém no filme avisa que se trata de um jogo onde não há regras. Mas quem gosta de uma boa trama que desvela o jogo sujo do poder e disputas por, por exemplo, petróleo, também vai sair do cinema satisfeito, ainda que meio respingado de sangue.

Os Especialistas (Killer Elite - Austrália/ EUA, 2011, 106 min)

Direção: Gary McKendry

Roteiro: Matt Sherring (baseado no livro de Ranulph Fiennes)

Mais: http://www.imagemfilmes.com.br/imagemfilmes/principal/filme.aspx?filme=103360

IMDb: http://www.imdb.com/title/tt1448755/

sábado, 3 de dezembro de 2011

Sala Escura: DAWSON ILHA 10

O OUTRO 11 DE SETEMBRO

Dawson Ilha 10 traz uma visão do golpe militar que assolou o Chile em 1973 de um ângulo diferente do que estamos acostumados. Baseado no relato de um dos presos – Sergio Bitar, o Isla 10 -, o filme acompanha um grupo de homens do alto escalão do governo Allende que são confinados numa ilha no extremo sul do país.

A estratégia dos golpistas é detonar moralmente aqueles homens, mais do que fisicamente. A começar pela supressão de suas identidades, seu passado, seus nomes. Em sua chegada à ilha, a câmera oscilante, as vozes pouco audíveis, palavras soltas, parecem acompanhar o sentimento de desorientação experimentado pelos prisioneiros. O cenário é semelhante ao dos campos de concentração nazistas. E os barracões vão se multiplicando com a chegada de mais presos, cujo número total chegou a mais de 400.

Interessante perceber, olhando de um ano 2011 dominado pela tecnologia, como um simples lápis pode ser importante numa situação de total carência material e moral. Importante e perigoso para os inimigos. A necessidade não só de registrar os fatos, mas mesmo sua passagem pelos lugares acompanha o homem desde seus primórdios e isso fica patente no momento em que um deles grava sinais em algumas pedras.

O filme alterna cenas da ficção com imagens de arquivo, trazendo repetidas vrzes imagens do ataque ao palácio do governo pelas forças de Pinochet. Tem momentos altos especialmente nas cenas de interrogatório e de conflito entre os militares, quando ideias entram em confronto. Mas nem sempre é competente ao traçar o perfil dos prisioneiros, suas contradições, momentos de autocrítica, deixando algumas brechas no roteiro.

Um registro importante sobre o que pode a brutalidade humana que vale a pena ser visto.

DAWSON ILHA 10 (Dawson Isla 10)

Direção: Miguel Littin (Chile/Brasil, 2009) – 118 min.

Classificação indicativa: 14 anos (violência)