segunda-feira, 26 de abril de 2010

JORNALISMO AUTORAL DE OLIVEIRA E ROZENBAUM


Domingos Oliveira é antes de tudo um sujeito criativo. Daí, nada mais natural que promover um tipo inusitado de evento, com música ao vivo, chá dançante, vídeos com entrevistas, tudo no encantador espaço do Teatro Tom Jobim, no Jardim Botânico. Detalhe: o teatro fica dentro do Jardim Botânico mesmo. Um charme!

Com todo o direito que sua carreira de autor/ator, marcada por fino humor e sensibilidade, lhe confere, Domingos assume o papel de cantor, reivindicando aos não-cantores o direito de cantar. Segundo ele, o ser humano tem mais amor dentro de si do que consegue exprimir com palavras faladas, daí ser necessário cantar. E o repertório é adorável, juntando Sinatra com samba, tudo com o auxílio luxuoso de músicos competentes.

Num clima de total descontração, sob as bênçãos das árvores e do Redentor, a noite rola gostosa, com sabor de chás e caldinhos gentilmente oferecidos para degustação, ou outras bebidas e petiscos servidos por performáticas atrizes/garçonetes. Depois da música, vídeos com ótimas entrevistas feitas pela dupla, para seu programa na TV. São 4 séries: Todas as mulheres do mundo (Domingos entrevistando), Todos os homens do mundo (a entrevistadora é Priscilla), Swing (ambos entrevistam casais) e Coisas pelas quais vale a pena viver.

Ainda dá tempo de curtir este programa diferente no sábado (show a partir das 20h) e/ou no domingo (chá dançante a partir de 19h).


O JORNALISMO AUTORAL DE DOMINGO OLIVEIRA E PRISCILLA ROZENBAUM
Espaço Tom Jobim – Jardim Botânico do Rio de Janeiro
Rua Jardim Botânico, 1008
Tel: (21) 2274.7012
ENTRADA FRANCA

quinta-feira, 22 de abril de 2010

Sala Escura: SÁBADO

Dia desses me deparei com uma agradável surpresa na TV. A TV Brasil exibiu SÁBADO, de Ugo Giorgetti, que já nos deu os excelentes BOLEIROS 1 (1998) e 2 (2006), e por sorte eu zapeei na hora certa. Um adorável filme, uma mistura bem sucedida de ingredientes como o faz-de-conta da publicidade (onde nem tudo é o que parece), humor negro, personagens típicos de um decadente (mas de ilustre passado) prédio de São Paulo.

Giorgetti trata com extrema habilidade questões sociais, como a decadência das grandes cidades, a política de levar vantagem por aqueles que vivem numa sub-existência medíocre. Situações hilárias, mas nunca caricatas, levam a história de uma equipe que vai gravar um comercial de perfume num prédio do centro da capital paulista, o Edifício das Américas. Um elevador quebrado transforma o sábado num caos, onde o convívio forçado de pessoas de mundos diferentes gera as situações mais improváveis.

Improvável também é o elenco que junta atores como Otávio Augusto e Maria Padilha e Giulia Gam a Tom Zé e Jô Soares. Vinicius de Moraes já dizia que tudo pode acontecer “porque hoje é sábado” (no poema O Dia da Criação) e o filme de Giorgetti mostra isso da maneira mais competente e engraçada, ainda que por vezes trágica. Vale muitíssimo a pena correr na locadora.

SÁBADO
Direção: Ugo Giorgetti
Brasil, 1995

Sala Escura: HISTÓRIAS DE AMOR DURAM APENAS 90 MINUTOS

HISTÓRIAS DE AMOR... começa com todo o gás, tem diálogos ótimos e Caio Blat e Maria Ribeiro convencem em seus papéis. O primeiro longa de Paulo Halm (roteirista parceiro da diretora Sandra Werneck em excelentes trabalhos como Pequeno Dicionário Amoroso, Amores Possíveis e o recente Sonhos Roubados) coloca numa vitrine uma juventude contemporânea, com seu descompromisso, seu jeito meio vai-levando de encarar a vida. E suas inseguranças e inabilidade para concretizar seus projetos. Zeca (Caio Blat) não consegue levar adiante seu livro – apesar do apoio da mulher e do pai – e ainda se envolve com uma amiga dela (Luz Cipriota, que soa meio caricatural no seu papel de garota descolada e mais parece parte da paisagem da Lapa).

Mas o filme não segura a onda, não mantém a qualidade, o pique, do meio pra frente. Quando o espectador já está cativado, ele se perde, ficando repetitivo e previsível. Ponto positivo: é cinema brasileiro sem aquela cara de novela da Globo. O melhor do filme está nos diálogos do protagonista com seu amargurado mas antenado pai (Daniel Dantas, excelente) e a gente fica achando que aquela história poderia ter durado menos do que os 90 minutos de projeção do filme.

HISTÓRIAS DE AMOR DURAM APENAS 90 MINUTOS
Direção: Paulo Halm
Brasil, 2010
Duração: 93min – 16 anos

Sala escura: UM HOMEM SÉRIO e ABRAÇOS PARTIDOS

Os irmãos Coen já nos deram filmes memoráveis, como FARGO ( 1996) e O HOMEM QUE NÃO ESTAVA LÁ (2001), mas sua última criação, UM HOMEM SÉRIO ( 2009) passa batido. As armadilhas do destino que pegam pelo pé – e pelo bolso – um pacato professor de Física podem até surtir algum efeito isoladamente, mas no fechar da conta o resultado é, se não frustrante, mas no mínimo insatisfatório.


Tudo, bem. Ninguém é genial o tempo todo. Ou, nem é o caso. Há também que se tentarem outras possibilidades. Vide o último Almodóvar – ABRAÇOS PARTIDOS (2009) – que persiste por um tempo na memória mais pelas atuações e costumeira exuberância visual dos filmes do diretor espanhol. E só. É um filme correto, para ser degustado durante suas mais de 2 horas (podia ser mais curto), mas não gruda na sua mente como FALE COM ELA (2002). A trama envolvendo um cineasta que perdeu a visão tem suas surpresas, mas se torna em certos momentos cansativa.


Vale a pena pegar na locadora ou assistir a estes filmes numa eventual mostra que os inclua? Sim, claro. Não como prioridade, mas a dupla Coen e Almodóvar sempre nos dão prazer em ir ao cinema, ainda que o deleite propiciado por suas cenas não se estenda para fora da sala de exibição ou perdure por muito tempo após os créditos finais. Mas isso não é nenhum pecado mortal.

UM HOMEM SÉRIO (A serious man)
Direção: Joel e Ethan Coen
EUA/Reino Unido/França, 2009
Duração: 1h45 – 12 anos

ABRAÇOS PARTIDOS (Los abrazos rotos)
Direção: Pedro Almodóvar
Espanha, 2009
Duração: 2h09 – 14 anos