segunda-feira, 29 de junho de 2009

ANTES QUE JUNHO ACABE, SIN PERDER LA TERNURA


No dia 18 rolou mais uma edição da Mostra Cubana, também conhecida como Chama o Raúl. O Castro, é claro! Poesia, boas conversas, exibição de fotos muito maneiras, mojitos, e música caribenha da melhor qualidade. Um momento caliente na noite fria de Santa Teresa.

Homenagem especial a Ernesto Guevara de La Serna, o eterno Che, que completaria 81 outonos no dia 14 de junho. Publico aqui um poema que fiz para ele, tocada pelas imagens de seu funeral, na cidade de Santa Clara, em Cuba, em outubro de 1997.

CHE

Dorme menino, dorme
Sob o céu de Santa Clara
Dorme sob o céu claro
Dorme, menino.

Dorme e sonha
E no sonho voa
Para outros lugares
Distantes
México, Guantánamo,
Havana, Buenos Aires...

Voa, mas volta logo
Que já não sabemos ficar
Muito tempo longe
Do teu sorriso.

Dorme menino, dorme
Que nós velamos teu sono
E guardamos teu sonho
Cativo dentro de nós
Luminoso, belo e generoso
Como o céu de Santa Clara.

segunda-feira, 22 de junho de 2009

CONTAGEM DO TEMPO


Celebrando a vida, em mais um aniversário, contabilizando mais de 50 velinhas, bom recordar a sabedoria de Mário Quintana:

“A vida é o dever que nós trouxemos para fazer em casa.
Quando se vê, já são seis horas!
Quando se vê, já é sexta-feira...
Quando se vê, já terminou o ano...
Quando se vê, perdemos o amor da nossa vida.
Quando se vê, já passaram-se 50 anos!
Agora é tarde demais para ser reprovado.
Se me fosse dado, um dia, outra oportunidade, eu nem olhava o relógio.
Seguiria sempre em frente e iria jogando, pelo caminho, a casca dourada e inútil das horas.
Desta forma, eu digo:
Não deixe de fazer algo que gosta, devido à falta de tempo,
pois a única falta que terá,
será desse tempo que infelizmente não voltará mais.”

Sem deixar esquecido outro poeta, de além-mar, Fernando Antonio Nogueira Pessoa, nascido, como eu, num dia de junho.

ANIVERSÁRIO
No tempo em que festejavam o dia dos meus anos,
Eu era feliz e ninguém estava morto.
Na casa antiga, até eu fazer anos era uma tradição de há séculos,
E a alegria de todos, e a minha, estava certa com uma religião qualquer.

No tempo em que festejavam o dia dos meus anos,
Eu tinha a grande saúde de não perceber coisa nenhuma,
De ser inteligente para entre a família,
E de não ter as esperanças que os outros tinham por mim.
Quando vim a ter esperanças, já não sabia ter esperanças.
Quando vim a olhar para a vida, perdera o sentido da vida.

Sim, o que fui de suposto a mim mesmo,
O que fui de coração e parentesco.
O que fui de serões de meia-província,
O que fui de amarem-me e eu ser menino,
O que fui --- ai, meu Deus!, o que só hoje sei que fui...
A que distância!...
(Nem o acho...)
O tempo em que festejavam o dia dos meus anos!

O que eu sou hoje é como a umidade no corredor do fim da casa,
Pondo grelado nas paredes...
O que eu sou hoje (e a casa dos que me amaram treme através das minhas lágrimas),
O que eu sou hoje é terem vendido a casa,
É terem morrido todos,
É estar eu sobrevivente a mim mesmo como um fósforo frio...

No tempo em que festejavam o dia dos meus anos...
Que meu amor, como uma pessoa, esse tempo!
Desejo físico da alma de se encontrar ali outra vez,
Por uma viagem metafísica e carnal,
Com uma dualidade de eu para mim...
Comer o passado como pão de fome, sem tempo de manteiga nos dentes!

Vejo tudo outra vez com uma nitidez que me cega para o que há aqui...
A mesa posta com mais lugares, com melhores desenhos na loiça,
com mais copos,
O aparador com muitas coisas — doces, frutas o resto na sombra debaixo do alçado...
As tias velhas, os primos diferentes, e tudo era por minha causa, No tempo em que festejavam o dia dos meus anos...

Pára, meu coração!
Não penses! Deixa o pensar na cabeça!
Ó meu Deus, meu Deus, meu Deus!
Hoje já não faço anos.
Duro.
Somam-se-me dias.
Serei velho quando o for.
Mais nada.
Raiva de não ter trazido o passado roubado na algibeira!

O tempo em que festejavam o dia dos meus anos!...


Álvaro de Campos(Fernando Pessoa), 15-10-1929

sexta-feira, 19 de junho de 2009

Sala Escura: TINHA QUE SER VOCÊ


LONDRES SEM BIG BEN

O título traduzido não ajuda muito, pouco criativo, é mais clichê do que todos os clichês que o filme tem. Sim, o longa tem lá os seus lugares comuns, mas é deliciosamente previsível. O roteiro está bem acima da média dos filmes do gênero. Usando a manjada (mas eficiente) estratégia de narrar duas ações simultâneas, em locais diferentes, o filme de Joel Hopkins traz um Dustin Hoffman em ótima forma e Emma Thompson absolutamente encantadora. Quando os dois se encontram... a reação química é perfeita!

Harvey (D.Hoffman) mora em Nova York e é aquele sujeito que vive preso aos ponteiros do relógio, apressado, e é claro que sua vida pessoal é um desastre. E a profissional também não anda lá essas coisas. Kate (E.Thompson) leva uma vida sem grandes emoções, em Londres, abordando passageiros no aeroporto para que respondam a pesquisas sobre visitantes. Além de administrar a vida da mãe, que a controla o tempo todo, Kate tem de embarcar nas “armadilhas” que amigos bem intencionados lhe preparam, a fim de que dê um fim a sua vida de solidão.

Tal como o Náufrago (de Robert Zemeckis, vivido por Tom Hanks), os esforços de Harvey para controlar tudo a sua volta não funciona e uma série de contratempos vai lhe dar uma rasteira. E adivinha nos braços de quem ele vai cair? Bingo! Mas o filme não é tão raso como pode parecer. Os personagens são convincentes e os diálogos inteligentes, permeados de bom humor. São humanos, como qualquer mortal, com a fragilidade de suas convicções, ciúmes, despeito, preconceitos, medo da rejeição. Tudo que precisam é se dar uma chance.

Comédia, drama e romance se equilibram ao longo da trama. Um homem atrapalhado, sentindo-se deslocado na cerimônia de casamento da filha (bancada pelo padrasto), tem de enfrentar a si mesmo e para isso vai contar com o auxílio luxuoso da fria (nem tanto) amiga londrina. Aliás, sobre o jeito inglês de ser, há uma interessante referência (ou reverência) à princesa Diana.

Se em Antes do Pôr do Sol (de Richard Linklater) o espectador passeia pelo coração de uma Paris sem Torre Eiffel, Tinha que ser Você nos leva a adoráveis recantos de Londres, longe do Big Ben. Um filme fofo, mas quem não precisa disso de vez em quando? Vá ao cinema, sem vergonha de se emocionar. Ah, uma dica: não saia antes dos créditos finais.

Tinha que ser Você (Last Chance Harvey)
Direção/roteiro: Joel Hopkins
EUA, 2008 - 93 minutos – classificação: 12 anos
Site internacional: www.lastchanceharvey.com

sábado, 13 de junho de 2009

CONFRONTO: TEATRO NECESSÁRIO



CONFRONTO é feito da mesma matéria – literalmente – de Tropa de Elite. Mas não é cinema, é teatro. Sai a correria frenética, batidão de funk, cenários e locações espertos, ricos em detalhes. Ficam, além dos tiros, o impacto, a denúncia, o alerta.

Domingos Oliveira percebeu que o tema "violência urbana", presente em livros e filmes, ainda não tinha ocupado os palcos. Daí, escreveu, a seis mãos – com Luiz Eduardo Soares e Marcia Zanelatto – CONFRONTO, uma livre adaptação do livro Elite da Tropa, de Soares, A.Batista e R.Pimentel.

Domingos Oliveira é mestre em elegância. Lembra-me Truffaut, que conseguia falar de coisas trágicas sem esvaziar sua gravidade, mas com um toque de humor ou de leveza. No texto não há sobras ou faltas: é enxuto, sem ser frio; é criativo, sem perder o foco, como uma flecha ornada de plumas, que dispara ao alvo certo. E o alvo é confrontar o espectador com a realidade que o cerca e, frequentemente, cega.

A narrativa em off, na voz de Domingos, tem a medida certa. Com descrições sutis e precisas, mais do que explicar, ela permite ao espectador entrar no clima da ação que vai surgir, como o cenário num filme antecipa o que vai acontecer. Domingos é homem de teatro e de cinema. E com igual competência.

O elenco, seguro e inspirado, mantém o espectador mergulhado na trama. O texto final, onde transborda emoção, fecha o espetáculo como uma suave carícia, um alerta, um aviso, um chamado, uma cobrança às políticas públicas, um lampejo de esperança, lembrando que ser cidadão não é apenas viver em sociedade, mas transformar a sociedade. Só tem um defeito: acaba amanhã (14/06). No Teatro Sesc Copacabana. Não percam!


CONFRONTO, por seus autores:

“Trata-se de uma fábula inspirada em certos acontecimentos comuns na nossa cidade maravilhosa! O realismo talvez não exista na arte. Atualmente, até os documentaristas concorda que nada é mais ficcional do que um documentário. Nem mais delirante do que a realidade”. (Domingos Oliveira)

“A realidade da segurança pública [...] é mais fantástica do que qualquer fantasia ficcional. Por isso, com a liberdade exigida pela arquitetura dramatúrgica, abrimos a boca de cena para o veneno real. Mas sem perder o fio de esperança com que se fabricam outros mundos possíveis”. (Luiz Eduardo Soares)

“Trabalhar com Luiz Eduardo e Domingos, homens que conseguem manter lucidez e esperança caminhando juntas, tarefa quase impossível, me confirmou que definitivamente a segurança tem saída. [...]. ... minha alma estava turva de desesperança. Não está mais. Agora sei que a solução é muito mais possível do que se divulga nos jornais, o nome dela é amor, amor à humanidade”. (Marcia Zanelatto)

sexta-feira, 5 de junho de 2009

MEIO AMBIENTE, COMPROMISSO POR INTEIRO


("Às vezes eu acho que o indício mais óbvio de que existem formas de vida inteligente fora da Terra é que nenhuma delas tentou entrar em contato conosco.")


Neste Dia Mundial do Meio Ambiente, uma charge pra fazer a gente sorrir com o canto da boca, um sorriso meio triste, que nos faça refletir. E agir.

.1866 - Há mais de um século, Ernst Haeckel (1834-1919) criou a disciplina que estuda a relação dos seres vivos com o meio ambiente. Em 1866 ele propôs o termo ECOLOGIA para designar esse ramo da biologia.

.1972 – Criação da data “Dia Mundial do Meio Ambiente” durante conferência da ONU (Organização das Nações Unidas), reunindo 113 países e 250 organizações não-governamentais.

.1992 – Acontece no Rio de Janeiro a segunda Conferência Mundial para o Meio Ambiente e Desenvolvimento, que ficou conhecida como ECO-92. Gerou vários documentos estabelecendo estratégias, políticas para a preservação ambiental, compromisso de todos os países. A ECO-92 já está chegando à maioridade, e há tanto ainda por fazer.

Assinar abaixo-assinados, repassar mensagens, pressionar políticos para que não se submetam ao lobby de latifundiários e gigantes do agronegócio, denunciar crimes contra o meio ambiente, tudo isso vale. Mas é igualmente importante lembrar-se dos três “erres”: reaproveitar, reutilizar e reciclar. E levar uma sacola ecológica ao supermercado, dispensando os sacos plásticos, não esquecer da vida debaixo do chuveiro, etc...etc...

Leia mais em: http://www.ibge.gov.br/ibgeteen/datas/ecologia/eco92.html

Visite: http://www.recicloteca.org.br/Default.asp

Meio ambiente no Tecelã:http://tecelan.blogspot.com/2008/05/meio-ambiente.html