quinta-feira, 30 de outubro de 2008

A ESPINHA E O PROFESSOR - UM ENCONTRO NA SERRA DO MAR






Às vezes a gente topa com uma pedra. E se machuca. Mas, algumas vezes esta pedra é preciosa e, em vez de nos machucar, nos enriquece. Deodato Rivera é assim. Uma teia de acontecimentos nos levou a este homem especial: o curso de JPPS do professor Evandro na UFRJ, a celebração do ECA 18 anos, George, Dudu... acabamos subindo a serra, no último sábado, rumo a Itaipava, onde Deodato, com a cumplicidade de sua regina Regina, constrói em sua oficina as engrenagens de uma máquina chamada REVOLIÇÃO.

Há tanto vigor sob os cabelos de nuvem desse homem! Nuvens que chovem sabedoria, generosidade. Chuva amorativa que lava o ranço da estagnação, que nutre o solo de nossas mentes, que faz crescer sementes de dádiva. E há tanta delicadeza e, sobretudo, humildade! Deodato semeia, revolve a terra, aduba e, discretamente, se recolhe, vendo crescer o que plantou ou ajudou a desabrochar.

Assim, acolhidos pelas montanhas, que Deodato faz questão de chamar pelo nome - Serra do Mar -, observados pelas árvores de diferentes verdes e formas, rodeados por gatos e quatis (estes não vimos, mas Deodato os conhece), embalados pelo cantar dos pássaros, envolvidos por flores e brisa – o prana -, fomos seduzidos pela magia profunda da natureza.

Cercados por uma atmosfera de serenidade, adornada por diferentes versões da Bandeira Nacional, partimos em busca do Encontro. Encontro de células – como as que nos geraram-, de gestos, de vozes, de olhares, de mãos, de energias. Encontro é o que Deodato celebra e ele nos convida a compartilhar deste banquete, onde a amorosidade é servida em bandejas tecidas de palavras.

Corações e mentes desarmados, mergulhamos nas histórias uns dos outros: da menina gordinha que aprendeu a se gostar; do jovem profissional de Educação Física que, graças às palavras de um antigo professor, aprendeu a ver nos seus alunos algo além de músculos; do tragicômico namoro que aconteceu graças a uma espinha de bacalhau; refletimos sobre os ressentimentos guardados que paralisam a circulação sanguínea e geram doenças; nos emocionamos com a emoção de um homem simples que, guiando o ônibus, nos conduziu até aquele lugar de encantamento...

Assim transcorreram horas cujo tamanho não poderia ser medido por minutos, pois transcendem a noção de tempo dos relógios. Deodato nos falou de fósforos molhados, incapazes de acender as velas que estão dormindo, à espera de alguém que desperte sua luz. Sejamos todos nós – Felipes, Evandros, Tatianas, Déboras, Therezas, Júlios... - fósforos bons, prontos para acender velas que iluminem a escuridão de nossos próprios caminhos e os de nossos companheiros de jornada.

2 comentários:

eli disse...

muito lindo seu texto! vc está ficando cada vez melhor!!!!!

Coordenador do NETCCON.ECO.UFRJ disse...

Vamos nos ajudar nesta tarefa comum! Carinhosa-mente, Evandro